Talvez alguns pais não o façam
conscientemente, talvez outros não sejam suficientemente honestos e corajosos
para o admitir, mas a verdade é que muitos atuam com os seus filhos como se estes
fossem um troféu para exibir, para se validarem socialmente, para cumprirem os
sonhos que não puderam realizar ou simplesmente para atirarem à cara dos rivais o
sucesso da filha ou do filho.
Querem lá saber daquilo que o filho
quer, do que o filho sente, do que lhe custa dar corpo àquela quase obsessão
dos progenitores.
Não lhes basta que o filho
seja bom, ele tem de ser o melhor e, sobretudo, tem que ser melhor do que. Tem
que desejar seguir o curso X ou Y, almejar o emprego mais bem pago, mais chique,
mais conceituado.
Da felicidade dos filhos sabem
eles, mas não querem saber nada sobre os limites psicológicos, afetivos,
físicos daqueles que dizem tanto amar.
Não é raro encontrarmos pais
com expectativas desmesuradas e irrealistas sobre as capacidades dos filhos. E
como são cruéis e frios, quando estes as frustram.
«A minha mãe ia à escola para
saber quais tinham sido as notas das minhas colegas. Como me sentia envergonhada!»
Este desabafo, feito por uma aluna brilhante, mas profundamente infeliz e sem
coragem para afrontar a mãe, representa bem o modus operandi de alguns pais. Por que motivo o fazem? Por muito
duro que possa parecer, acho que é mesmo por egoísmo. Pensam em si, na glória de ter um filho(a) bem sucedido
e não na satisfação pessoal dele ou dela.
E isto não acontece apenas na
escola; é também recorrente (e chocante) no desporto, nas atividades
extracurriculares.
E como os filhos “topam” logo
este espírito de doentia competição e
como lamentam que desse modo algumas amizades de décadas sejam postas em causa
e outras não se desenvolvam.
Acho que falta a muitos destes
pais descer à terra e peguntar-se, humildemente, “O que faz o meu filho(a)
feliz? Como o posso ajudar a atingir essa meta?”
Amar um filho é querer vê-lo
feliz, não é querer vê-lo fazer-nos felizes.
GAVB
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