Há propostas, entendimentos, pensamentos que só podem
nascer de mentes diabólicas e maldosas. Erdogan, o terrível presidente turco,
propôs a Trump um troca direta de dissidentes políticos, que, por acaso, são
clérigos.
Nos EUA está refugiado Fethullah Gulen, a quem o presidente
turco acusa de estar na origem do golpe de estado falhado, em Outubro de 2016,
enquanto na Turquia se refugiou o pastor evangélico Andrew Brunson e
que a justiça norte-americana quer ver repatriado.
Nas últimas horas, Erdogan sugeriu uma possível troca
direta entre estes dois clérigos, dizendo que os EUA estão a pressionar Ancara
para extraditar Brunson e não são capazes de um gesto de igual medida.
O que Erdogan não diz é que a morte espera Gulen na
Turquia. Quanto a Trump põe-se de tal modo a jeito com os seus patéticos tiques
de autoritarismo mimado que até uma figura do calibre de Erdogan se acha tão
democrata como ele.
Erdogan humilha todos os dias o seu povo, retirando-lhes a
liberdade de expressão política; ao sugerir esta troca, pretextando-a como
admissível, está a colocar Trump no mesmo patamar e, indiretamente, o povo
americano, pois a maioria apoia o presidente.
As atitudes de Trump levam a desplantes deste género e
outros se seguirão. É muito pouco provável que o presidente dos EUA aceite o
repto, mas só facto de ele ter existido já é suficientemente mau. No fundo,
Erdogan acha-se um democrata ao estilo Trump. Os mais
básicos princípios da democracia, o Estado de Direito e os próprios direitos
humanos só existem quando lhe são convenientes.
A devastação do estatuto internacional dos EUA, levada a
cabo pela administração TRump, é tão profunda que demorará anos a restabelecer.
Como se sentirão os diplomatas americanos quando têm de
conversar com gente cordata, com princípios e valores? Afinal de contas, era
essa a sua gente…
GAVB
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