Foi preciso o presidente Marcelo Rebelo de Sousa falar, para
quem tinha o dinheiro dos donativos de Pedrógão sair da toca e prestar algumas contas.
Enquanto as vítimas reclamaram e os Presidentes de Câmara se indignaram ninguém achou necessário esclarecer, mas Marcelo é o presidente e antes que o caso se tornasse
mais mediático, Governo, Misericórdias, Cáritas… começaram a prestar
esclarecimentos.
Das contas do governo, prestei atenção à enorme diferença
entre intenções de doações e doações efetivas. Onde vai o descaramento de
grande empresas e países, ao anunciar solidariedade que não efetivam, quase que
diria apenas como um golpe publicitário. Mereciam bem que alguém os massacrasse... publicitariamente
falando.
O que o governo não explicou é por que razão continua a
reter o dinheiro, se ele foi reunido para atender a casos de emergência social.
Também não explicou com que moral cobrou impostos de muitas das doações,
nomeadamente nas chamadas de valor acrescentado, quando são conhecidas tantas e
tantas isenções incompreensíveis. Só a título de exemplo, os bilhetes para os
concertos na Festa do Avante não pagam IVA e os lucros lá gerados também não. O
Partido precisa, mas a pessoas de Pedrógão já pagaram impostos das esmolas
doadas e ainda não as receberam. Lindo, educativo e profundamente moral.
Por outro lado, as Misericórdias também anunciaram o que
angariaram para Pedrógão: 1, 6 milhões de euros, já com impostos pagos, que a
Igreja gosta de estar em dia com o Fisco, como toda a gente sabe. O que é
escandaloso é que apenas fez chegar aos destinatários das doações menos de 1%
do que ficou à sua guarda. Porquê? Mistério. Não explicou. Afinal sempre
libertou 12 mil euros, mas os restantes um milhão e seiscentos mil euros
continuam no banco a render.
A Cáritas também prestou contas. Um milhão e oitocentos mil
euros angariados, dos quais cativou um milhão e trezentos mil euros para um
projeto da Cáritas de Coimbra, relacionada com a destruição provocada pelos
fogos. Para Pedrógão saíram apenas, até ao momento, 100 mil euros.
Não sei se foi isto que os portugueses, que enviaram o seu
dinheiro para contas solidárias, imaginavam que aconteceria, mas estou certo que
ninguém pensava que três meses depois da enorme tragédia de Pedrógão Grande
ainda ninguém soubesse ao certo quem foram os culpados e que 90% do dinheiro
doado, por solidariedade com as populações atingidas, continua nos bancos.
GAVB
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