O português mais conhecido no mundo continua a bater
recordes. Ontem, Cristiano Ronaldo ultrapassou o melhor jogador de todos os
tempos – Pelé – em número de golos pela seleção do seu país, ao apontar o seu
78.º golo por Portugal, apesar de estar há cerca de três semanas sem competir oficialmente
pelo seu clube, fruto do justo castigo de que foi alvo, após a expulsão em Camp
Nou, Barcelona.
Pensava que após a vitória de Portugal no Euro 2016, Ronaldo
se sentiria saciado, pois o seu Olimpo tinha sido finalmente alcançado, com a
vitória numa grande competição internacional, por seleções. Enganei-me. Ronaldo
nunca descansa sobre os louros. Ele não trabalha para chegar rapidamente à
reforma nem para atingir um estádio em que já não precisa de fazer mais nada,
pois o seu futuro económico, social ou lendário estaria garantido. Nisso o
madeirense tem muito pouco de português, porque ele quer sempre superar-se. Mais
um golo, mais uma vitória, mais um campeonato, uma taça, uma competição
europeia.
A sua fome de triunfos vê-se no desejo que tem de jogar
sempre, mesmo naqueles jogos pouco prestigiantes. Recordo um jogo particular
que fez em África, pela seleção, há uns anos, em que a maioria dos colegas
manifestava pouco empenho. Nos dias que correm soma golos, prémios,
campeonatos, Champions Leagues, com uma regularidade absurda e até já merece o
reconhecimento elogioso do seu grande rival, Messi.
No momento em que a maioria dos colegas, com a sua idade, entram na curva descendente da carreira, o capitão da seleção portuguesa faz a saborosa colheita de anos de constante superação dos seus limites.
Hoje não temos mais
um Ronaldo ansioso por mais reconhecimento, por mais títulos ou prémios, mas o
desejo de os alcançar permanece intacto e intenso, porque ele leva muito a
sério aquilo que faz, porque procura aperfeiçoar-se, porque sabe explorar o seu
talento até ao limite.
Os recordes de Ronaldo estão muito para além do talento ou
da máquina promocional que o cerca. O mundo já assistiu às maravilhas de Ronaldinho,
Ronaldo (o brasileiro), Zico, Maradona, Joan Cruijff, Zidane, Beckenbauer, Puskas ou Di Stefano, mas nenhum deles o conseguiu de
uma maneira tão solitária e durante tanto tempo como o português.
Ronaldo foi para Inglaterra há catorze anos. É muito
provável que se mantenha no top, pelo menos, mais um ano. Quinze anos é muito
tempo para não reconhecermos nele um exemplo de vida, de esforço, de dedicação,
de talento e sucesso.
Será fácil a cada um de nós encontrar os próprios recordes para
bater. Os de Ronaldo estão sempre a mudar, porque ele estabelece objetivos
muito otimistas, mas pensa sempre em atingi-los. Não perde muito tempo a
invejar os dos outros nem a lamentar-se da chuva ou da pouca sorte.
GAVB
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