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quarta-feira, 29 de julho de 2015

A MORTE DE VINCENT VAN GOGH


«O nosso querido amigo Vincent morreu há quatro dias. (…) No domingo à tarde, partiu para o campo, perto de Auvers, encostou o cavalete a uma meda de feno, foi para trás do castelo e disparou um revólver sobre si próprio. Com a violência do impacto (a bala entrou por debaixo do coração), ele caiu, mas levantou-se; caiu mais três vezes, mas regressou à estalagem onde se hospedara (Ravoux, Place de la Mairie), sem falar a ninguém do seu ferimento. 

Morreu, finalmente, na segunda-feira à tarde, a fumar o seu cachimbo que se recusou a largar, explicando que o seu suicídio fora absolutamente deliberado e que a sua lucidez era total. (…). 
A urna estava coberta com um simples pano branco e rodeada de montes de flores, os girassóis de que ele tanto gostava, dálias amarelas, flores amarelas por todo o lado. Era, como se lembram, a sua cor preferida, o símbolo da luz que ele sonhava ser tanto no coração das pessoas como nas obras de arte.»
Carta dirigida pelo artista Émile Bernard ao colecionador de arte Albert Aurier, em 4 de agosto de 1890.


O artista pós-impressionista Vincent Van Gogh suicidou-se com um tiro no estômago, num campo perto de Auvers-sur-Oise, nos arredores de Paris, a 28 de julho de 1890. Foi o local onde pintou um dos seus últimos quadros, Campo de Trigo com Corvos. O irmão, o marchand Théo (que o encorajara a seguir arte) fora o esteio emocional imprescindível do pintor atormentado e foi em seu auxílio, registando as últimas palavras de Vincent “A tristeza ficará para sempre.” Vincent morreu a 29 de julho, com 37 anos.
Numa carta dirigida uns dias antes à irmã de ambos, Elizabeth, Théo escreveu:
«As pessoas deviam perceber que ele é um grande artista, algo que muitas vezes coincide com ser um grande homem. Com o tempo, isso virá a ser reconhecido e muitos lamentarão a sua morte prematura.»
Théo morreu apenas seis meses depois, demasiado cedo para testemunhar a adulação global de que Vincent e a sua obra seriam alvo.

Vale a pena refletirmos sobre o desespero em que vivem muitas pessoas que nos rodeiam. Muitas delas cometem atos como o de Vincent Van Gogh e só então reparamos na pessoa que vagueou à nossa frente durante meses e percebemos que podíamos ter feito algo para anular aquela angústia.      

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