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sábado, 11 de julho de 2015

LAWRENCE DA ARÁBIA



Ontem, o mundo do cinema foi surpreendido com a morte do ator egípcio Omar Sharif. Um dos maiores galãs do cinema, dos anos 60 e 70 do século passado, conseguiu esse estatuto muito graça à sua atuação em Lawrence da Arábia, enquanto ator secundário, e depois como protagonista no imortal Doutor Jivago. Hoje, resolvi abordar o filme que catapultou Omar Sharif para a fama.
Até ao último momento, David Lean hesitou entre realizar Lawrence da Arábia ou uma biografia sobre Gandhi que lhe fora proposta. Se a escolha tivesse sido outra, um insondável vazio existiria agora na filmografia universal. Teria, na realidade, sido uma perda irreparável, ainda que ninguém tivesse reparado nela.

As aventuras de T. E. Lawrence, herói enigmático e lendário que tentou unir os árabes na luta contra os turcos, constituem uma das mais importantes páginas do cinema épico.
A escolha de Peter O’Toole foi um risco. Era um obscuro irlandês que tinha representado Hamlet em Londres e, além de não haver referências quanto ao seu comportamento em cinema, era alto e exuberante, enquanto o verdadeiro Lawrence era baixo e tímido. Contudo, a firmeza com que Lean manteve a escolha acabou por ser a verdadeira chave do enorme sucesso do filme que arrebatou o Óscar de Melhor Filme em 1962. Talvez estranhamente, pois se algo embacia o brilho deste filme extraordinário é a postura desapaixonada de O’Toole.

Era assim que devia ser. Lean manteve-se fiel ao relato dos factos, não se debruçando sobre a personalidade Lawrence, mas o ator captou, magnificamente, a aura de mistério que teria de envolver a personagem, se bem que a academia não tenha sido capaz de dar bom seguimento à sua nomeação para melhor ator.
Também Omar Sherif, nomeado para melhor ator secundário do ano, falhou a conquista do Óscar.
O espectador é totalmente absorvido. A intensidade das imagens é tal que as pessoas na plateia quase apanham uma insolação nas cenas do deserto. Talvez por isso não cause admiração que um homem cheio de humor, quando lhe perguntaram que lugares queria para a estreia do filme, tenha dito: “Quero dois para o lado com sombra, por favor!”

Muitas das imagens foram captadas sob o sol da Jordânia, mas o trabalho em alguns dos verdadeiros locais tornou-se impossível. Aqaba estava demasiado moderna para que ali se pudesse filmar, pelo que a cidade foi construída na costa da Andaluzia. Também em Espanha foram erigidas réplicas de Damasco, Cairo e Jerusalém, enquanto a brutal batalha com os turcos foi rodada em Marrocos.
Além da consagração do filme e do realizador, a noite dos Óscares foi risonha para outros intervenientes de Lawrence da Arábia, como os responsáveis da direção artística, fotografia, montagem, banda sonora original e som.
Omar Sharif não triunfou, mas foi a altura da sua carreira que esteve mais perto de o fazer. O seu desempenho neste filme seria reconhecido com dois globos de ouro. A melhor maneira de lhe prestarmos uma última homenagem é voltar a ver o icónico Lawrence da Arábia.
 Gabriel Vilas Boas

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