No livro do Génesis narra-se que os homens
decidiram construir «uma cidade e uma torre cujo topo tocasse o céu». Yahveh vê
neste ato uma manifestação do orgulho humano que deseja igualar-se a Deus e
decide castigar o Homem com a chamada «Confusão das línguas». Assim os homens
não conseguiram entender-se ao falar, motivo pelo qual a torre nunca foi
terminada.
Alguns críticos
interpretam o tema da torre da Babel como um símbolo da loucura humana enquanto
outros viram nele um ato de fé otimista no progresso humano.
Interessado pelo mito,
Pieter Brueghel, o Velho, representou uma imensa torre onde evidenciou a sua
enorme sabedoria sobre construções arquitetónicas. Assim, com todo o pormenor,
representou etapas da referida construção, permitindo-nos descobrir os
procedimentos técnicos levados a cabo neste imenso monumento.
Viu-se nesta grandiosa
arquitetura uma reminiscência do Coliseu Romano, ruína que estimulou, sem
dúvida, a fantasia de Brueghel.
À esquerda da
composição, podemos observar uma cidade azul em miniatura que apresenta
edifícios de tetos góticos que se aprumam. À direita aparece representado um
porto com numerosos navios. No entanto, nada disto prejudica a visão integral
da grandiosa torre, a qual se ergue como protagonista indiscutível da pintura.
Num primeiro plano e à
esquerda da pintura aparece representado o séquito de Nemrod, o arquiteto da
torre. Este explica ao monarca todos os pormenores da colossal obra.
Entretanto, os canteiros continuam, indiferentes, o seu trabalho.
Se olharmos o quadro a
partir de cima, podemos observar o interior da torre, bem como as atividades
humanas aí desenvolvidas.
Para vermos esta
obra-prima de Brueghel, o Velho, temos de nos deslocar à capital da Áustria, Viena,
e entrar no magnífico museu Kunsthistorisches. Além de vários quadros de
Brueghel, há telas de Rubens, esculturas de Canova, frescos de Michael
Munkaczy. A maioria das obras da coleção do museu provém, da casa imperial dos
Habsburgo e o grosso das obras do acervo do museu situa-se entre o século XVII
e 1800.
Gabriel Vilas Boas
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