Hoje retorno a um
pintor que muito admiro: Pieter Brueghel, o Velho, para apresentar uma tela
cheia de movimento, cor e significado: O Massacre dos Inocentes.
Uma aldeia nórdica, em
substituição de Belém, é o lugar escolhido para Brueghel representar a cena
narrada no Evangelho de São Mateus, que faz referência à matança de crianças,
menores de dois anos, às mãos do rei Herodes. A intenção deste cruel rei era
evitar a chegada do Messias e por isso desencadeou um horrível acontecimento,
provocando a morte de milhares de inocentes.
O tema religioso é
representado, recorrendo-se a uma cena povoada por camponeses, muito habitual
nas composições do artista. A influência de Hieronymus Bosch pode ser observada
na disposição inquietante da multidão de personagens e na capacidade imaginativa
do artista.
Os gestos e as
expressões dramáticas dos soldados e dos camponeses conferem um forte dinamismo
à cena. Do mesmo modo, as pegadas dos cavalos e das figuras, afundadas na neve,
insinuam uma infinidade de direções, acentuando a atividade e o caos do
momento. O colorido forte destaca-se sobre a brancura da neve, criando belos
contrastes de cor.
Na parte central da
tela há a destacar o pormenor de um menino arrebatado aos braços da mãe
enquanto esta se inclina e suplica clemência. A filha agarra-se com temor às
roupas da mãe ante o impulsivo gesto do soldado que a tenta apanhar.
Outro pormenor central
no óleo de Pieter Brueghel dá conta como a calma e o silêncio da aldeia são
interrompidos pela ameaçadora presença dos soldados que irrompem com as suas
lanças. Junto a eles tem lugar uma impiedosa matança de crianças, sobre a neve
indicando assim que o ato brutal teve lugar no inverno, depois do nascimento de
Jesus.
Finalmente, a faceta de
gravador do artista pode ser apreciada no seu traço. Uma linha fina define as
figuras e os outros elementos da composição, tratadas por sua vez com um
pormenor cuidado.
Existem duas versões
desta obra: uma encontra-se em Inglaterra, no Hampton Court, a outra está em
Viena, no Museu Kunsthistorisches, a fazer companhia a outras grandes obras
deste magnífico pintor.
Gabriel Vilas Boas
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