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quarta-feira, 8 de julho de 2015

O MASSACRE DOS INOCENTES, de Pieter Brueghel, o Velho


Hoje retorno a um pintor que muito admiro: Pieter Brueghel, o Velho, para apresentar uma tela cheia de movimento, cor e significado: O Massacre dos Inocentes.
Uma aldeia nórdica, em substituição de Belém, é o lugar escolhido para Brueghel representar a cena narrada no Evangelho de São Mateus, que faz referência à matança de crianças, menores de dois anos, às mãos do rei Herodes. A intenção deste cruel rei era evitar a chegada do Messias e por isso desencadeou um horrível acontecimento, provocando a morte de milhares de inocentes.
O tema religioso é representado, recorrendo-se a uma cena povoada por camponeses, muito habitual nas composições do artista. A influência de Hieronymus Bosch pode ser observada na disposição inquietante da multidão de personagens e na capacidade imaginativa do artista.
Os gestos e as expressões dramáticas dos soldados e dos camponeses conferem um forte dinamismo à cena. Do mesmo modo, as pegadas dos cavalos e das figuras, afundadas na neve, insinuam uma infinidade de direções, acentuando a atividade e o caos do momento. O colorido forte destaca-se sobre a brancura da neve, criando belos contrastes de cor.
Na parte central da tela há a destacar o pormenor de um menino arrebatado aos braços da mãe enquanto esta se inclina e suplica clemência. A filha agarra-se com temor às roupas da mãe ante o impulsivo gesto do soldado que a tenta apanhar.

Outro pormenor central no óleo de Pieter Brueghel dá conta como a calma e o silêncio da aldeia são interrompidos pela ameaçadora presença dos soldados que irrompem com as suas lanças. Junto a eles tem lugar uma impiedosa matança de crianças, sobre a neve indicando assim que o ato brutal teve lugar no inverno, depois do nascimento de Jesus.

Finalmente, a faceta de gravador do artista pode ser apreciada no seu traço. Uma linha fina define as figuras e os outros elementos da composição, tratadas por sua vez com um pormenor cuidado.

Existem duas versões desta obra: uma encontra-se em Inglaterra, no Hampton Court, a outra está em Viena, no Museu Kunsthistorisches, a fazer companhia a outras grandes obras deste magnífico pintor.  
Gabriel Vilas Boas

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