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sexta-feira, 17 de julho de 2015

SER PAI


Ser pai é uma aventura extraordinária que torna o homem um ser humano mais realizado e feliz. Infelizmente, muitos homens não olham para a paternidade desta maneira, o que os priva de descobertas maravilhosas sobre si e sobre a sua relação com os outros e com o mundo.

Antes de ser uma descoberta, ser pai tem de ser um desejo. Ser pai não é cumprir o desejo da nossa companheira, como se lhe estivéssemos a satisfazer uma vontade ou um capricho, mas um forte compromisso com um ser que vai nascer e precisa de nós para o guiar no mundo. E este é um compromisso que não podemos falhar. Para isso temos de nos preparar convenientemente.
Temos cerca de um ano para isso, por isso convém não desaproveitar o tempo. Ganhar consciência que as nossas prioridades e hábitos mudam. Não é coisa que devamos lamentar, porque resultou de escolha nossa.
O facto de a mãe assumir um papel fundamental nos primeiros meses não nos deve intimidar nem nos autoriza a ausentar para parte incerta. Devemos construir desde o primeiro momento a nossa particular relação com o nosso/a filho/a, aprimorando-a através do tempo. Ter consciência da nossa ignorância é o primeiro passo para alcançar a sabedoria. Na verdade, podemos ter 30 ou 40 anos de idade, mas a nossa idade de pais só começa a contar quando o primeiro filho nasce. Observar, aprender, ir fazendo…

Obviamente as exigências aumentam a um ritmo tão veloz como o do crescimento da criança, mas também o prazer de viver com um ser que se afirma no mundo com a nossa ajuda. Há tanto amor, tanto agradecimento que brota dum olhar ou do riso de uma criança que é fácil sentirmo-nos pequenos deuses. O mais fantástico é que esses momentos ameaçam intensificarem-se e prolongarem-se até ao fim dos nossos dias como uma espécie de rendimento afetivo perpétuo. Apesar do investimento que temos de fazer ser permanente, ele é sempre inferior ao retorno.

Do compromisso à entrega, da entrega à dedicação. A dedicação é própria do amor, por isso não pesa na vontade, embora nos possa esgotar fisicamente. Mas isso é o que acontece a todos os projetos grandiosos que decidimos abraçar na vida. E ser pai é um projeto estruturante na vida de qualquer homem.
Quando assumimos de corpo e alma a paternidade ganhamos uma relevância social inesperada. Somos facilmente alvo da admiração, do elogio de homens e mulheres, pouco habituados a ver os homens a assumir a paternidade como um elemento fundamental das suas vidas. A admiração e o elogio trazem o respeito e o poder. Um pai que se assume na sua plenitude raramente é afastado do convívio dos filhos, ainda que os pais sigam caminhos diferentes.
O poder que uma relação forte com um filho dá a um pai nunca deve ser usado com maldade. Um filho não é arma de arremesso nem objeto de disputa. Um filho é uma honra que devemos glorificar.
Hoje faço treze anos de pai. E ser pai tem sido a aventura fabulosa que a vida me proporcionou.

Gabriel Vilas Boas

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