Ser
pai é uma aventura extraordinária que torna o homem um ser humano mais
realizado e feliz. Infelizmente, muitos homens não olham para a paternidade
desta maneira, o que os priva de descobertas maravilhosas sobre si e sobre a
sua relação com os outros e com o mundo.
Antes
de ser uma descoberta, ser pai tem de ser um desejo. Ser pai não é cumprir o
desejo da nossa companheira, como se lhe estivéssemos a satisfazer uma vontade
ou um capricho, mas um forte compromisso com um ser que vai nascer e precisa de
nós para o guiar no mundo. E este é um compromisso que não podemos falhar. Para
isso temos de nos preparar convenientemente.
Temos
cerca de um ano para isso, por isso convém não desaproveitar o tempo. Ganhar
consciência que as nossas prioridades e hábitos mudam. Não é coisa que devamos
lamentar, porque resultou de escolha nossa.
O
facto de a mãe assumir um papel fundamental nos primeiros meses não nos deve
intimidar nem nos autoriza a ausentar para parte incerta. Devemos construir
desde o primeiro momento a nossa particular relação com o nosso/a filho/a,
aprimorando-a através do tempo. Ter consciência da nossa ignorância é o
primeiro passo para alcançar a sabedoria. Na verdade, podemos ter 30 ou 40 anos
de idade, mas a nossa idade de pais só começa a contar quando o primeiro filho
nasce. Observar, aprender, ir fazendo…
Obviamente
as exigências aumentam a um ritmo tão veloz como o do crescimento da criança,
mas também o prazer de viver com um ser que se afirma no mundo com a nossa
ajuda. Há tanto amor, tanto agradecimento que brota dum olhar ou do riso de uma
criança que é fácil sentirmo-nos pequenos deuses. O mais fantástico é que esses
momentos ameaçam intensificarem-se e prolongarem-se até ao fim dos nossos dias
como uma espécie de rendimento afetivo perpétuo. Apesar do investimento que
temos de fazer ser permanente, ele é sempre inferior ao retorno.
Do
compromisso à entrega, da entrega à dedicação. A dedicação é própria do amor,
por isso não pesa na vontade, embora nos possa esgotar fisicamente. Mas isso é
o que acontece a todos os projetos grandiosos que decidimos abraçar na vida. E
ser pai é um projeto estruturante na vida de qualquer homem.
Quando
assumimos de corpo e alma a paternidade ganhamos uma relevância social
inesperada. Somos facilmente alvo da admiração, do elogio de homens e mulheres,
pouco habituados a ver os homens a assumir a paternidade como um elemento
fundamental das suas vidas. A admiração e o elogio trazem o respeito e o poder.
Um pai que se assume na sua plenitude raramente é afastado do convívio dos
filhos, ainda que os pais sigam caminhos diferentes.
O
poder que uma relação forte com um filho dá a um pai nunca deve ser usado com
maldade. Um filho não é arma de arremesso nem objeto de disputa. Um filho é uma
honra que devemos glorificar.
Hoje
faço treze anos de pai. E ser pai tem sido a aventura fabulosa que a vida me
proporcionou.
Gabriel
Vilas Boas
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