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sexta-feira, 2 de maio de 2014

FERNANDO TÁVORA


Fernando Távora (1923-2005) foi um dos maiores arquitetos portugueses. Ao longo de várias décadas assinou algumas obras emblemáticas da nossa arquitetura.
                Desde cedo, Távora entendeu a arquitetura como uma expressão cultural enraizada no devir dos povos, um trabalho que traduz a inteligência dos sítios e da atividade humana que os transforma.
Podemos dividir a obra deste famoso aquiteto portuense em dois períodos: num primeiro, que compreende os anos 50 e 60 do século XX, em que evidencia a afirmação dos valores modernos; e num segundo período (anos 80 e 90), em que os valores tradicionais emergem como estruturantes nas suas propostas arquitetónicas.

                A sua intervenção no Convento de Santa Marinha da Costa, em Guimarães, é um projeto crucial no percurso de Fernando Távora. Realizada ao longo de quase uma década (1975-1984), consolida uma metodologia de projeto e permite uma passagem do primeiro para o segundo período da sua obra.
                A Pousada de Santa Marinha da Costa era um edifício cuja génese remota ao século IX e que se foi transformando ao longo do tempo até se fixar como convento no século XVIII. Após um conjunto de adaptações e transformações, sucedeu-se uma fase de degradação, que só terminou quando Fernando Távora projetou a transformação do edifício numa pousada.
                Fernando Távora começou por definir as essências históricas do edifício, projetando-as novamente, acrescentando aquilo que achou necessário. Essa reconstituição essencialista do edifício obrigou a demolir aquilo que era espúrio e a repor aquilo que considerava erradamente arruinado pela história. Para Távora, a sua intervenção no edifício da Pousada de Santa Marinha da Costa não pára nem começa a história daquele edifício, antes constitui apenas mais uma etapa da sua história dum processo e futuro abertos.

                Fernando Távora desenhou para a Pousada vimaranense um corpo novo de quartos, em forma de” L”, que não afeta nem dialoga com a estrutura preexistente.
                Do exterior, podemos observar um plano cuja caixilharia já não remete para qualquer ideia de transparência ou de mobilidade ou de manifesto estrutural, mas para uma racionalidade grave e telúrica duma proposta arquitetónica que se soma à história do edifício.

Gabriel Vilas Boas

2 comentários:

  1. Que ele de onde estiver , esteja feliz por ter cumprido sua missão ! Beijos de nós dois !

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  2. "Eu sou a Arquitetura Portuguesa". Definia - se assim Fernando Távora!!! Arquiteto e Professor, desde muito novo revelou uma apetência pelo Desenho e gosto pela Arquitetura. Foi um dos melhores Arquitetos Portugueses do séc. XX! Parabéns!

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