Fernando
Távora (1923-2005) foi um dos maiores arquitetos portugueses. Ao longo de
várias décadas assinou algumas obras emblemáticas da nossa arquitetura.
Desde cedo, Távora entendeu a arquitetura como uma
expressão cultural enraizada no devir dos povos, um trabalho que traduz a
inteligência dos sítios e da atividade humana que os transforma.
Podemos
dividir a obra deste famoso aquiteto portuense em dois períodos: num primeiro,
que compreende os anos 50 e 60 do século XX, em que evidencia a afirmação dos
valores modernos; e num segundo período (anos 80 e 90), em que os valores
tradicionais emergem como estruturantes nas suas propostas arquitetónicas.
A sua intervenção no Convento de Santa Marinha da
Costa, em Guimarães, é um projeto crucial no percurso de Fernando Távora.
Realizada ao longo de quase uma década (1975-1984), consolida uma metodologia
de projeto e permite uma passagem do primeiro para o segundo período da sua
obra.
A Pousada de Santa Marinha da Costa era um edifício
cuja génese remota ao século IX e que se foi transformando ao longo do tempo
até se fixar como convento no século XVIII. Após um conjunto de adaptações e
transformações, sucedeu-se uma fase de degradação, que só terminou quando
Fernando Távora projetou a transformação do edifício numa pousada.
Fernando Távora começou por definir as essências
históricas do edifício, projetando-as novamente, acrescentando aquilo que achou
necessário. Essa reconstituição essencialista do edifício obrigou a demolir
aquilo que era espúrio e a repor aquilo que considerava erradamente arruinado
pela história. Para Távora, a sua intervenção no edifício da Pousada de Santa
Marinha da Costa não pára nem começa a história daquele edifício, antes
constitui apenas mais uma etapa da sua história dum processo e futuro abertos.
Fernando Távora desenhou para a Pousada vimaranense
um corpo novo de quartos, em forma de” L”, que não afeta nem dialoga com a
estrutura preexistente.
Do exterior, podemos observar um plano cuja
caixilharia já não remete para qualquer ideia de transparência ou de mobilidade
ou de manifesto estrutural, mas para uma racionalidade grave e telúrica duma
proposta arquitetónica que se soma à história do edifício.
Gabriel Vilas Boas
Que ele de onde estiver , esteja feliz por ter cumprido sua missão ! Beijos de nós dois !
ResponderEliminar"Eu sou a Arquitetura Portuguesa". Definia - se assim Fernando Távora!!! Arquiteto e Professor, desde muito novo revelou uma apetência pelo Desenho e gosto pela Arquitetura. Foi um dos melhores Arquitetos Portugueses do séc. XX! Parabéns!
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