(Continuação)
O Românico é o estilo
arquitectónico dominante na região de Amarante, daí o nosso concelho ser quase
um destino obrigatório para quem queira documentar-se sobre o românico em
Portugal. Aqui podemos observar alguns dos mais significativos exemplares que
esse estilo arquitectónico nos legou!
O Românico individualiza-se e distingue-se
dos demais estilos, essencialmente na arquitectura que se materializa numa
construção típica que é a Igreja.
Arquitetura
A construção da igreja vai andar toda, à volta de um
problema a que é imperioso dar solução: Resistência! Dadas as características
da cobertura do espaço com abóbadas, todo o projecto tem que ser pensado para
suportar o imenso peso da cobertura, o que origina construções maciças,
habitualmente reforçadas com contrafortes e com poucas aberturas.
O exemplar mais rico da arquitectura
românica em Amarante e um dos mais destacados da região do Entre-Douro e Minho,
é a Igreja de Travanca
“ Anterior à
fundação da nacionalidade portuguesa e até à consolidação definitiva das
primeiras monarquias cristãs da Espanha reconquistada – Astúrias, Leão e
Navarras o Mosteiro de Travanca devia ter cerca de meio século de activa e útil
existência quando o Conde D. Henrique, recebendo de seu sogro o encargo de
defender e dilatar a terra portucalense começou a preparar, com o precioso
auxílio de D. Tareja os alicerces da pátria…” (Boletim da D.G.E.M. Nacionais
– Travanca – 1939)
Esta
Igreja apresenta inconfundíveis características da arquitectura românica:
1.- A Planta - Apresenta a forma de cruz latina
2.– Apresenta três
(3) naves (ver figura anterior), sendo a nave central mais alta do que as
naves laterais, que se traduz numa fachada de “ corpos interrompidos” com as vertentes
do telhado interceptadas por empenas que põem em evidência a altura superior da
nave central relativamente às colaterais
3.-Usa igualmente o motivo da rosácea, que ilumina a nave central, apesar de a mesma se revestir
de grande humildade, como se pode ver na figura anterior.
4.-O Pórtico assenta em colunas, para acentuar figurativamente o
portal de acesso, já que as bases e capitéis são esculpidos.
5.-Pilares,
colunas - Para
sustentar a abóbada usaram-se pilares e colunas.
Os pilares recebem o peso da abóbada central,
contrapondo-lhe o peso das abóbadas laterais, bem como dos arcos que correm ao
longo da nave central, originando-lhe uma secção cruciforme e um aspecto de
robustez. As paredes exteriores são grossas e reforçadas com contrafortes exteriores como se pode
verificar na figura anterior.
Pilares de Travanca |
6.-Situadas à cabeceira das naves aparecem as Absides cobertas com uma abóbada de
quarto de esfera. Em Travanca só as naves laterais apresentam este pormenor já
que a abside da nave central foi demolida em data não apurada e substituída por
um prolongamento da nave central, contudo na capela-mor ainda se podem observar
os arcos cegos, únicos vestígios da primitiva abside.
Abside
norte da Igreja de Travanca
O Mosteiro de Travanca tem um claustro encostado à
parede sul da igreja e que apresenta as características românicas.
8.-Galilé- Era um
espaço primitivamente usado como cemitério, ou lugar onde se enterravam pessoas
nobres nos conventos beneditinos.
A galilé era um recinto coberto situado defronte
da porta principal da igreja, geralmente sustentado por arcos levantados nas
suas faces (caso de Gatão) ou assente em colunas com vigamentos (Telões)
Este espaço destinava-se também a proteger os fiéis
que não cabiam no interior e há até exemplos de terem sido usados para colocar
estatuária diversa.
Das igrejas românicas de Amarante, só três apresentam
ainda a Galilé- são elas a de Gatão a de
Mancelos e a de Telões.
De realçar parece-me o caso da de Telões, que também
serviu à primitiva função de cemitério de gente nobre, pois ali foi sepultado
Dom Mem Gundar, nobre que, com o Conde D. Henrique viera para a terra
portucalense, sepultura essa ainda visível no centro da galilé e assinalada com
o nome do defunto gravado no granito da respectiva tampa.
A galilé de Gatão abre-se para o exterior por três
arcos de volta inteira, rematados por fechos ornamentados com carrancas.
Planta de pormenor da Galilé de Gatão |
As igrejas de Freixo de Baixo e Travanca apresentam
ainda vestígios de elementos de suporte das respectivas galilés.
Na igreja de Travanca e a fazer fé no que escreveu
Frei Leão de S. Tomáz, cronista da Ordem Beneditina, in “Benedictina Lusitana”
a galilé já desaparecida (em 1630/1650) ostentaria três naves assemelhando-se
quase a um segundo templo e, refere ainda o mesmo Frei Leão “ haver alcançado
no ano de 1594”
alguns vestígios dessa antiga construção.
António Aires
(continua)
EXCELENTE TEXTO, SOBRE O ROMÂNICO EM AMARANTE!!! GOSTEI MUITO. PARABÉNS!
ResponderEliminarFico à espera da próxima lição!
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