No final do ano de 1997, o mundo do cinema era surpreendido pela comédia/drama tocante do italiano Roberto Benigni – LA VITA È BELLA. Quase duas décadas depois, o filme é citado por muitas pessoas como um dos filmes que mais as marcaram durante a vida.
Roberto Benigni realiza e protagoniza um filme comovente sobre a vida do judeu Guido e do seu filho Giosué, que durante a Segunda Guerra Mundial, em Itália, são levados para um campo de concentração nazi. Afastado da mulher, ele tem que usar a sua imaginação para fazer o menino acreditar que ambos estão a participar apenas numa grande brincadeira, com o intuito de protegê-lo do terror e da violência que os cercam.
Guido, que sonhava ter uma livraria, e o amigo e poeta Ferruccio mudam-se do campo para Arezzo, uma pequena cidade na Toscânia (Itália). Divertidos e inocentes, os dois procuram fortuna e romance, ignorando a onda de anti-semitismo que percorre a Europa. Guido apaixona-se por Dora (Nicoletta Braschi – esposa de Benigni) e, depois de uma série de equívocos bem-humorados, os dois acabam por casar. Anos mais tarde, Guido já tem a sua livraria e vive feliz ao lado da sua Dora e do seu filho Giosué. Exatamente no dia do aniversário do pequeno Giosué, a família é detida pelas tropas alemãs e enviada para um campo de concentração.
A partir daí é a luta de Guido para ter forças para executar trabalhos forçados (se fosse considerado inútil, o mais certo era ser executado); encontrar formas de contactar com a mulher, detida noutra parte do campo; manter o filho vivo e, mais importante de tudo, convencê-lo que tudo aquilo que se estava a passar não era mais do que um elaborado concurso cujo primeiro prémio era... um tanque de guerra.
O desempenho de R. Benigni foi assombroso e valeu-lhe o óscar de melhor ator em 1999. Benigni é dotado dum sentido de humor inato que cativa crianças e adultos ao mesmo tempo. Explora o ridículo com ternura e torna mais leves questões tão duras como a estupidez da guerra ou os campos de concentração nazis.
O filme, que Benigni teimou manter em italiano (antes dele só um filme italiano tinha alcançado prémios internacionais), arrecadou vários prémios enquanto melhor filme estrangeiro: venceu o César em França, o Goya em Espanha e recebeu o Grande Prémio do Júri de Cannes. Foi merecido o louvor de diversas comunidades de críticos de cinema. No entanto, o maior reconhecimento veio da parte do público que encheu salas de cinema por toda a Europa para ver a comédia dramática deste italiano que filmou um hino à vida e ao amor incondicional.
O título do filme, que Benigni foi buscar a uma citação de Trotsky quando aguardava a morte no exílio (“apesar de tudo, a vida é bela”), é uma lição de vida para todos nós que um dia descremos de viver. A vida é bela porque comporta esperança, alegria, amor. E, como Benigni demonstra ao longo da película, isso é possível até no meio das circunstâncias mais difíceis e mais cruéis, como foi o caso do holocausto e da Segunda Guerra Mundial.
O final de LA VITA È BELLA deixa-nos com as lágrimas nos olhos, pois o espectador é invadido simultaneamente por fortíssimos sentimentos de tristeza e felicidade que o emocionam com ternura.
E quando revemos alguns anos depois este filme é impossível não ficar rendido à maravilhosa banda sonora, que Hollywood premiou, e pensar por que andamos constantemente ansiosos e preocupados, quando a VIDA É TÃO BELA e cada dia traz uma nova oportunidade?
Gabriel Vilas Boas
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