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segunda-feira, 26 de maio de 2014

AO SOM DE... FERNANDO LOPES-GRAÇA

Fernando Lopes-Graça nasceu em Tomar em 1906. Frequentou o Conservatório de Música de Coimbra e o de Lisboa, tendo sido aluno de Tomás Borba, Luís de Freitas Branco e José Vianna da Motta. Terminou com a nota máxima o Curso Superior de Composição.
O entusiasmo pela música começou na infância, quando o seu pai comprou um hotel onde havia um piano, que desde logo encantou Fernando Lopes-Graça. É nesse piano que o pequeno Fernando vai tocando e mostrando as suas habilidades, até que um hóspede se apercebe das qualidades da criança e propõe ao pai um professor de piano para o seu filho. O pai concordou com as aulas de piano e assim o futuro de Fernando Lopes-Graça se traçou para sempre, pois os dotes do jovem para a música eram por demais evidentes.
Por ser contra o regime político vigente, foi perseguido durante o Estado Novo, o que o obrigou a passar grandes dificuldades, pois não conseguia colocação como professor. As suas músicas foram proibidas e os direitos de autor não lhe eram reconhecidos. Foi preso pela PIDE várias vezes, passando pelas prisões do Aljube e de Caxias. Quando foi libertado, partiu para Paris onde se exilou e onde se dedicou aos estudos de composição. Ao regressar a Portugal, inscreveu-se no Partido Comunista Português e fundou o Coro da Academia dos Amadores de Música. Este coro interpretava as Canções Heróicas e as Canções Regionais Portuguesas de Lopes-Graça, mas mais uma vez por questões políticas, o coro ficou inativo durante alguns anos, pois o maestro foi impedido de o dirigir. No entanto, as canções continuaram a ser cantadas em encontros clandestinos e nos países onde se encontravam os portugueses.
Conheceu Michel Giacometti, o etnógrafo francês que fez uma recolha de música tradicional portuguesa de norte a sul do país. Os dois analisam e classificam todo o material recolhido. Algumas das músicas foram harmonizadas e interpretadas pelo coro dos Amadores de Música de Lisboa.
No dia 25 de maio de 1974, um mês após a revolução, Lopes-Graça e o seu coro sobem ao palco do Coliseu para uma noite memorável onde se encontram muitos daqueles que acabavam de regressar do exílio e da clandestinidade.
Morreu em Cascais, com 87 anos, depois de ter sido agraciado com a Ordem de Santiago da Espada e a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, pelo precioso contributo que deu à música nacional.
Jornada é, das músicas para coro, uma das mais conhecidas. Faz parte das Canções Heróicas e foi composta por volta de 1945. O poema é de José Gomes Ferreira. 
Margarida Assis

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