Esta semana irei falar sobre
arquitectura no feminino. Não sei se já se deram conta, mas existem poucas ou
quase nenhumas arquitectas famosas. Talvez a razão para este fenómeno, seja ainda
o facto de, tradicionalmente, esta área ligada à construção ser de
“cariz” masculino, apesar do número de arquitectos/as ter a mesma expressão. A contrariar esta evidência destaca-se
Zaha Hadid com as suas obras espectaculares, onde consegue moldar as formas obtendo
uma plasticidade e “moldabilidade” sem entrar em conflito com os materiais.
Zaha Hadid nasceu no Iraque em 1950, formando-se
em Matemáticas na Universidade Americana de Beirute, no Líbano, tendo-se formado
posteriormente em arquitectura na Architectural Association, em Londres. Começou
a sua carreira profissional nos princípios dos anos setenta,
a trabalhar no gabinete de arquitectura Office Metropolitan Architecture (OMA),
com os seus professores, Rem Koolhaas y Elia Zenghelis.
Em1979 inaugurou o seu próprio
gabinete de arquitectura, onde começou a definir o seu estilo, com construções
de volumes aguçados e arrojados, que giram à volta de eixos excêntricos mas
formando conjuntos unificados.
Zaha Hadid é uma arquitecta
controversa, cujos projectos parecem muitas vezes desafiar as leis terrestres,
por serem tão audaciosos e radicais. Desenhou e projectou durante vários anos
sem conseguir que fosse construído um único edifício. Só em 1992, conseguiu que
fosse edificado o seu projecto do Vitra Fire Station, Weilam Rhein, Alemanha (1993).
Foi preciso esperar mais 10 anos para ver construído o seu projecto para a Terminal Hoenheim-Northe Estacionamento, Estrasburgo, França (2002), pelo qual recebeu o prémio de Arquitectura Contemporânea da União Europeia, Mies Van Der Rohe (2003)
Segundo Zaha Hadid, nada substitui o desenho,
embora agora a concepção seja assistida por computador. Graças a ele consegue
realizar verdadeiramente o que tinha imaginado ao desenhar sobre papel, porque
não se trata do poder da mão, mas sim do das ideias.
Os edifícios de Zaha Hadid dão a
impressão de aterrarem no solo, ao contrário dos clássicos que parecem
erguer-se deste. Identifica-se com a corrente desconstrutivista da arquitectura,
com uma obra que destaca o desenho não linear, a manipulação das superfícies e
a distorção de elementos arquitectónicos.
A arquitecta Zaha Hadid foi a primeira
mulher a receber o prémio Pritzker, o nobel da arquitetura, em 2004, e em 2005
foi nomeada membro honorário da Royal Academy of Arts de Londres.
Os seus projetos estão presentemente
construídos em 44 países, tais como:
Phaeno Centro de Ciências, em Wolfsburgo, Alemanha - o
edifício surge na envolvente como um elemento de conexão entre as duas zonas da
cidade, estabelecendo uma relação directa com a mesma e o movimento que a
atravessa.
Centro Cultural Heydar Aliyevfue, em Baku, Azerbaijão - o centro cultural acolhe um centro de conferências, museu, salas de exposições e oficinas.
Museu Riverside dos Transportes em Glasgow, Inglaterra - a frente marítima simboliza a relação entre Glasgow e a construção naval. As suas
fachadas de vidro transparente permitem que a luz ilumine o espaço principal da
exposição.
Pavilhão Ponte Expo'08 em Zaragoza, Espanha - é a entrada principal da Exposição internacional de Zaragoza, do verão de 2008, dedicada à água. Trata-se de um impressionante e inovador edifício horizontal, com 270 m de comprimento, cuja estrutura pretende imitar a forma de um gladíolo estendido sobre o rio Ebro.
Galaxy Sohoem Pequim, China - o projecto do centro
comercial cobre uma superfície de mais de 330 mil metros quadrados, as formas
curvas dos quatro volumes independentes, com uma altura máxima de 67 metros e unidos
por passarelas, transmitem a ideia de movimento e fluidez. Inspirada na
arquitectura tradicional da china, a distribuição do conjunto organiza-se em
torno de grandes pátios interiores na procurada continuidade dos espaços abertos.
O Museu Nacional de Arte do Século XXI (MAXXI) em Roma, Itália
- tem como conceito um “campus urbano”, é uma mistura do edifício tradicional e
os espaços interiores que se ampliam para poder incluir a cidade inteira.
Teresa Beyer
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