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terça-feira, 20 de maio de 2014

SHAKESPEARE


Shakespeare é considerado, muito justamente, o maior dramaturgo mundial. Este inglês nascido em Strafford-upon-Avon notabilizou-se na dramaturgia e no teatro. Na arte dramática escreveu 38 peças, onde se incluem as comédias e tragédias mais afamadas de sempre. Os seus textos dramáticos são encenados frequentemente, um pouco por todo o mundo, o que mostra a universalidade e intemporalidade dos temas das suas obras e, sobretudo, a qualidade artística das suas peças de teatro. 

A vida de Shakespeare está cheia de acontecimentos curiosos (nasceu e morreu no mesmo dia – 21 de abril) e polémicos.
O que não oferece qualquer dúvida é a qualidade de textos como “Romeu e Julieta”, “Hamlet”, “Rei Lear”, “Macbeth” ou “Sonho de uma noite de verão”.

Ainda vivo, Shakespeare já era um escritor admirado e respeitado, mas foram os românticos (século XIX) que o tornaram num ídolo das letras, aclamando a sua genialidade. No século XX, a sua obra foi redescoberta por diversos encenadores que a reinterpretam constantemente. Por isso, vemos frequentemente peças suas a serem encenadas em diversos pontos do globo ou a serem transformadas em filme ou a servirem de inspiração a dramaturgos contemporâneos. 

Grande parte da obra shakespeariana situa-se entre 1590 e 1613. Durante este período encontramos três fases. De 1590 a 1594, escreve sobretudo comédias de influência italiana, onde sobressai o gosto por acontecimentos e personagens históricos. 

“Romeu e Julieta”, em 1595, marca o início da segunda fase que se prolonga até 1599, ano em que escreve “A Tragédia de Júlio César”. Apesar de este período começar e terminar com uma tragédia, estes cinco anos são marcados pela escrita de… comédias. Realço “O Mercador de Veneza”, de que gosto particularmente. 

A terceira fase (1600 – 1608) produz três das suas mais imponentes obras: Hamlet, Rei Lear e Macbeth. Três tragédias soberbas que passados séculos continuam a ser encenadas e a suscitar a admiração e o aplauso do público.

O período seguinte é marcado pela escrita de romances e tragicomédias que não alcançaram a fama das obras anteriores. São desta fase obras como “Cimbelino”, “A Tempestade” e “Péricles, príncipe de Tiro”. São obras menos sombrias que as tragédias do período anterior, mas comédias mais graves e sérias que aquelas que escreveu na sua primeira fase literária. Há quem veja aqui uma mudança de estilo de Shakespeare, refletindo um período mais sereno na sua vida pessoal. 

Se há algo que distingue as obras de Shakespeare é o refinado tratamento que ele faz das suas personagens. As personagens shakespearianas são complexas. Elas alternam entre o cómico, o dramático e o trágico. Dessa forma, Shakespeare expande e enriquece a identidade das suas personagens. 
Tomemos por exemplo o período dourado da criação literária do dramaturgo inglês (1600-1608), altura em que escreveu Hamlet, Rei Lear ou Otelo.

Se o autor da famosa frase “To be or not to be” era um herói pensativo, reflexivo e ponderado, em Otelo e Rei Lear encontramos heróis imprudentes e precipitados. Por exemplo, na tragédia Rei Lear, este comete o erro de abdicar dos seus poderes, provocando acontecimentos que conduziram ao assassínio da sua filha e à tortura e cegueira do Conde Glósester. Em Macbeth, a incontrolável ambição de Macbeth e sua esposa, Lady Macbeth, levam ao assassínio do rei e à usurpação do trono. Contudo, a culpa, que ambos sentem, faz com que os dois se destruam. Talvez por isso seja Hamlet a personagem shakespeariana mais admirada. Hamlet é inteligente, observador, sábio. 

Em conclusão, podemos concluir que as peças teatrais do dramaturgo britânico são densas, misteriosas e peculiares e nelas ressalta um fundo psicológico admirável. Uma das qualidades do trabalho de Shakespeare foi justamente a sua capacidade de individualizar todos seus personagens, fazendo com que cada um se tornasse facilmente identificado. Vários filósofos e psicanalistas de renome como Goethe, Freud ou Schopenhauer estudaram atentamente as grandes peças de Shakespeare e todos detectaram a riqueza psicológica e existencial das suas personagens. Não deve ter sido por acaso! 


Gabriel Vilas Boas

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