O
entendimento e domínio da luz têm sido uma preocupação constante ao longo da
história da arquitetura, sendo abundantes os exemplos inspiradores. O
conhecimento da combinação adequada entre as fontes de luz, direta e indireta
e o seu tratamento expressivo trazem infinitas possibilidades em arquitetura.
A luz pode
modificar o modo como percecionamos o elemento arquitetural, e pode
igualmente criar novas perspetivas, gerar cadências, dar mais ênfase ou mesmo produzir
ilusões arquitetónicas. Assim podemos dizer que a luz é uma das “qualidades”
do espaço arquitetónico. É possível transformarmos a forma como percebemos um
determinado espaço utilizando a luz para alterar as qualidades do mesmo.
Em “Forma,
espaço e ordem” o arquiteto F. Ching, qualifica a luz quanto à sua qualidade,
apelidando de Luz sólida aquela que permite compreender o limite entre o que
está na sombra e aquilo que não está, e de Luz difusa aquela que torna mais
difícil de apreender e distinguir na totalidade o que está na sombra e o que
está em luz.
Também se
pode qualificar a luz em termos de densidade e intensidade e direcção. Quanto à
direcção, temos a Luz Horizontal, a Luz Diagonal, a Luz Vertical
A luz
horizontal, que penetra por um plano vertical, foi a única utilizada desde os
tempos mais remotos.
A luz
diagonal, que entra por uma parte mais elevada, foi utilizada já nas construções
góticas, nos edifícios altos com janelas igualmente altas para que a luz
diagonal pudesse entrar.
A luz
vertical é a entrada de luz vertical por um plano horizontal, sendo utilizada
em pleno com os avanços técnicos dos séculos XIX e XX.
Deixo-vos
abaixo alguns dos muitos exemplos de obras e arquitetos que trabalham a luz!
Óscar Niemeyer
utilizava a luz natural como ferramenta para a ordenação dos espaços e formas,
e como meio de expressão e significado. Nos seus projetos, deu expressão à luz
que, além de revelar o contraste entre a forma e a sombra,também enfatizava a leveza
do conjunto.
Ex: Os volumes sob o sol, o forte contraste entre áreas iluminadas e áreas sombreadas, o recorte da figura sobre o fundo.
Ex: Os volumes sob o sol, o forte contraste entre áreas iluminadas e áreas sombreadas, o recorte da figura sobre o fundo.
Para o arquiteto espanhol Alberto Baeza, as componentes principais da arquitetura são a Gravidade, que constrói o espaço, e a Luz, que constrói o tempo. Pretende que as suas obras transmitam a cadência do tempo que marca a natureza, articulando os espaços com a luz do percurso solar.
O arquitecto japonês Tadao Ando dá um especial protagonismo ao uso da luz solar nos seus projetos. Concebe espaços, onde as aberturas e os encerramentos são pensados meticulosamente, de tal forma que possibilitam, ou não, a passagem da luz natural em determinados momentos, criando assim um especial destaque ao espaço projetado
Siza Vieira é apelidado de “escultor da
luz”, trabalhando a luz e os jogos entre luz e sombra como poucos.
A arquitetura, para Álvaro
Siza, está intrinsecamente ligada à luz, assim como o aproveitamento da
iluminação natural consegue fazer realçar a composição de volumes,
diferenciando os espaços e fazendo desfrutar das formas, cores e texturas dos edifícios e
suas envolventes.
Teresa Beyer
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