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quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

CALOUSTE GULBENKIEN : MUITAS HISTÓRIAS POR DESCOBRIR E MITOS POR DESFAZER


Afinal, Calouste Gulbenkien não deixou a sua fortuna em Portugal porque amava Lisboa e Portugal, mas tão somente porque «calhou». Apesar de toda a propaganda que o Estado Novo criou à volta da lotaria cultural que lhe saiu, a verdade é que o multimilionário arménio ponderou criar a sua fundação noutros países como EUA ou Inglaterra, mas  escolhe recaiu em Lisboa, um pouco por «apatia», segundo demonstram documentos recentemente revelados no livro Jonathan Conlin, O Homem Mais Rico do Mundo - As Muitas Vidas de Calouste Gulbenkien, recentemente publicado, com o objetivo de assinalar os 150 do nascimento do maior benemérito da educação e cultura portuguesa.

Hoje é um dado mais ou menos consensual que a Fundação Calouste Gulbenkien desempenhou nos últimos sessenta anos um papel importantíssimo no desenvolvimento da cultura portuguesa, tornando acessíveis obras, estudos,  investigações nas mais diversas áreas do saber quer ao público em geral quer a estudantes e investigadores.

A obra de Conlin, agora publicada, é uma biografia importante sobre Gulbenkien e faz revelações curiosas sobre o arménio que viveu treze anos em Lisboa, mas nunca comprou cá casa, preferindo sempre o luxo do hotel. Este livro é pródigo em desfazer alguns mitos. Além do pretenso amor a Lisboa, o novo-iorquino que se licenciou em Oxford revela que Gulbekien afinal não subiu na vida a pulso, mas antes herdou uma fortuna considerável - 93 milhões de euros - que soube ampliar de modo extraordinário, sobretudo devido aos negócios do petróleo e aproveitando a sua excecional aptidão negocial. Foi essa qualidade fora do comum que o levou a adquirir peças de arte valiosíssimas, um pouco por todo o mundo, e que podemos admirar na sua Fundação sediada em Lisboa.

Sobre o homem e a sua rocambolesca história, o melhor é adquirir o livro do investigador britânico já à venda.

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

ENTRAR EM VENEZA VAI CUSTAR MAIS CARO


Não se trata da chamada taxa turística, que muitas cidades mundiais já aplicam, a cada turista, por cada noite que permanece na cidade, mas de um valor, entre 2,5 e 10 euros, que será cobrado a quem simplesmente aceda à lotada cidade de Veneza.

A medida entrará em vigor ainda durante o ano de 2019, e terá como finalidade o controlo da entrada de turistas. 

A verdade é que os venezianos não sabem como fechar a torneira à torrente de turistas, que todos os dias poluem a romântica cidade italiana, fazendo perigar a sobrevivência da cidade dos canais. 

Obviamente que mais dinheiro é sempre bem-vindo, mas a razão principal é o excesso de pessoas. 
Veneza quer selecionar sem ser xenófoba e não sabe como. Este é um problema com que outras cidades-postal da Europa também têm de lidar, como é o caso de Florença ou Dubrovnik. 

Algumas das belezas mais raras da Europa entraram num processo semelhante ao das espécies animais protegidas. 
É preciso que os mais abastados abdiquem de ir todos os anos a Veneza ou Florença, como se fossem à pastelaria ao lado, para que as gerações futuras possam sentir o aroma único de cidades tão charmosas e icónicas.

Também o turismo precisa de uma espécie de consciência sustentável e ética.

GAVB  

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

POST-IT PARA PROFESSOR

PROFESSOR...

ensina com amor, 
pois não sabes por quais tormentos 
passam teus alunos.

Talvez, para alguns, o único lugar seguro
seja a tua sala.
E a única moral seja o teu Exemplo.

Pensa nisto, com carinho!

domingo, 27 de janeiro de 2019

PORTINARI EM PORTUGAL


«Portinari é organicamente um pintor e a pintura é apenas a sua linguagem. Os seus pincéis e coração saltam por cima do caixilho da tela e estão em constante ligação com tudo o que é povo, sofrimento, vida humana. Se pinta é porque não pode arranjar-se de outro modo, é porque é a sua maneira de lutar por um mundo melhor.»

Não há melhores palavras para descrever este manífico pintor brasileiro do que as do seu amigo Mário Dionísio. Candido Portinari (1903-1962) é um dos artistas estrangeiros do século XX mais estudados e colecionados em Portugal. Eu descobri-o, numa tarde soalheira de inverno, no Museu do Neo-realismo, em Vila Franca de Xira. 

A fama de Portinari, enquanto um dos príncipes do neo-realismo, vem dos excelentes murais que executou e sobretudo da obra Café. Foi exatamente esta pintura que dsencadeou a receção de Portinari, em Portugal, reproduzida com destaque na revista Sol Nascente, e pouco tempo depois observada no pavilhão do Brasil, inserido na Exposição do Mundo Português, em 1940.

Chorinho, 1942
Já nessa altura Portinari era uma referência cultural para a juventude intelectual portuguesa, de tal modo que José Augusto França, interrogado sobre o que faziam os oposionistas de esquerda na exposição do Mundo Português, organizada pelo Estado Novo de Salazar, respondeu
   «Viemos ver o cavalo de Tróia»     numa alusão a Candido Portinari.

Quando em 1946, Candido Portinari foi convidado para expôr em Paris, fez questão de parar em Lisboa, para conhecer Mário Dionísio. Os dois admiravam-se, mas apenas nessa altura tiveram a oportunidade de se conhecer. A partir de então a presença do pintor brasileiro tornou-se uma constante em Portugal, através da publicação de diversos artigos sobre a sua obra, considerada paradigmática da arte realista e social, pois Portinari dotava de expressão política, social e artística o «povo trabalhador», assumindo um genuíno interesse humano pelas suas vidas difíceis.  

Carnaval (Cavalo Marinho), 1942
A exposição patente no Museu do Neo-Realismo, em Vila Franca de Xira, não têm um número significativo de quadros do pintor, mas lá podemos encontrar o mais emblemático de todos - Café - gentilmente cedido pelo Museu de Belas-Artes do Rio de Janeiro. 
Também me impressionaram outras duas enormes telas: Chorinho, 1942, cedida pelo pelo Museu de Arte Contemporânea (museu do Chiado) e Carnaval, 1942, que pertence ao acervo do Museu Nacional Soares dos Reis, onde é possível detetar claramente a influência que Picasso exerceu no pintor brasileiro. Noutro quadro, Espantalho,nota-se  nitidamente a preponderância do estilo de Salvador Dalí.

Portinari é um dos melhores representantes do ideário neo-realista.Descobri-lo faz bem aos olhos e sobretudo à alma.

P.S. Quem quiser aprofundar o seu conhecimento sobre este pintor deve conhecer aceder ao Projeto Portinari



JORNADAS MUNDIAIS DA JUVENTUDE 2022 SERÃO EM PORTUGAL

É uma grande notícia para Portugal. 
Poder receber mais de um milhão de jovens de todo o mundo, muitos deles acompanhados das suas famílias, vê-los em interação com o papa Francisco, perceber o seu compromisso com causas tão nobres e fundamentais como a paz, a tolerância, o respeito pelo ambiente é um privilégio, não apenas para Lisboa, mas para todo o país.

Mais do que um país que está na moda, Portugal tornou-se um país que muitos querem conhecer e a quem é reconhecida capacidade organizativa para grandes eventos. Atrevo-me a pensar que os estrangeiros nos têm em melhor conta do que nós próprios. Ainda bem.


Mais do que voltar a ter o papa Francisco em Portugal, é ter um segmento fundamental da juventude mundial em território nacional, para refletir sobre algo que ultrapassa a própria Igreja Católica, porque a paz, a tolerância, o respeito pelo próximo e pelo ambiente dizem respeito a todos, interessam a todos. 
Se o caminho até 2022 for feito de modo exemplar, os próximos três anos serão a grande oportunidade da Igreja portuguesa tentar reconquistar a juventude e afirmar a relevância da sua mensagem na sociedade portuguesa.
E como a nossa sociedade precisa de um choque vitamíco de juventude com valores, ideias, ação e coragem!


Gabriel Vilas Boas


terça-feira, 22 de janeiro de 2019

MESMO QUEM NÃO DEVE TEM DE TEMER


Percebo os que querem acreditar na bondade do hacker do Benfica e na entronização dos hackers como novos heróis antissistema. Eu também quero, mas tenho dificuldades nisso.

Há um argumento que já não colhe: quem não deve não teme.
Desde que a internet se consolidou, este provérbio entrou em estado de agonia, pois tornou-se tão rápido [e fácil] difamar uma pessoa que mesmo que esta prove a sua inocência, já não conseguirá reparar os danos cometidos.

O provérbio morreu mesmo. Com os hackers, "dever" e "temer" já nem relação têm. 
Quem entra num sistema para tirar algumas coisa também pode entrar nele para pôr. Contas na Suiça, emails comprometedores, fotografias - tudo pode ser plantado. 

E uma vez plantado, mesmo que o visado prove a maquinação - mais uma vez - já não reparará os danos. 
O que não parece ser o caso do Benfica: no essencial, nem desmentir desmente.

No entanto, no que ao que é fundamental diz respeito, a conclusão é simples: A JUSTIÇA PRIVADA NÃO EXISTE.

Joel Neto

sábado, 19 de janeiro de 2019

MÃE SOLTEIRA




 Tive um filho que era teu
mas quando me abandonaste
o filho ficou só meu
fruto apenas de uma haste.
Por ele passei as passas
Que ninguém há de passar
andei ruas corri praças
e o meu filho e o meu filho
e o meu filho e o meu filho
por criar.



Lá porque sou mãe solteira
não me atirem o desdém
amei de muita maneira
com amor de pai também
fui operária do meu corpo
mulher homem a lutar
eu não quis um filho morto
e o meu filho e o meu filho
sabe andar.



Sabe andar de pés no chão
com o olhar de quem perdoa
a um pai que disse não
porque um não já não magoa
à mulher que eu soube ser
foi pelo filho que tive
e agora o que acontecer
é porque o meu filho vive.



Se tu hoje queres voltar
sou eu que digo não
eu também lhe soube dar
a força que os homens dão
mãe solteira mas inteira
mulher que soube parir
tu não estás à minha beira
e o meu filho e o meu filho
e o meu filho e o meu filho
sabe rir.



 * Poema/letra de canção que José Carlos Ary dos Santos escreveu em 1981, para ser interpretado musicalmente por Maria Armanda.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

COMER COM OS OLHOS


Recorrentemente usamos certas expressões, cujo significado não conhecemos bem ou desconhecemos por completo. São expressões populares ou ditados que, através dos anos, permaneceram sempre iguais, significando exemplos filosóficos, morais e religiosos. 

Tanto os ditados como os provérbios constituem uma parte importante de cada cultura. Vários escritores e historiadores tentaram descobrir a origem desta riqueza cultural, mas nunca foi nada fácil esta tarefa.

Hoje debruço-me sobre a expressão COMER COM OS OLHOS.

De uma forma genérica, "comer com os olhos" significa apreciar de longe, sem tocar.

O investigador Câmara Cascudo diz que "certos olhares absorvem a substância vital dos alimentos".

Mas qual será a origem de tal expressão?

A explicação encontra-se na parte ocidental de África, onde os soberanos não consentiam testemunhas às suas refeições. Comiam sozinhos. 
Também na a Roma Antiga, uma cerimónia religiosa fúnebre consistia num banquete oferecido aos deuses em que ninguém tocava na comida. Apenas olhavam, “comendo com os olhos”.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

MOMENTOS ENGRAÇADOS DE ÁRBITROS DE FUTEBOL

O futebol, como qualquer desporto, está cheio de momentos hilariantes e caricatos que nos fazem soltar umas boas gargalhadas. 
Normalmente, esses «azares» circunstanciais acontecem aos jogadores, aos adeptos, aos treinadores... e também aos árbitros. 
O que este vídeo nos mostram é uma coleção muito interessante de momentos bastante engraçados, que têm os árbitros como protagonistas. 
Desfrutem, riam-se e escolham o vosso preferido. 


O PODER DA UNIÃO


Olá, vou pedir-vos que se sentem em círculo… E vamos dar as mãos.

Vou falar-vos da palavra UNIÃO.

Segundo as minhas pesquisas a união significa a associação ou a combinação de vários elementos, iguais ou diferentes, com o intuito de formar um CONJUNTO. É também considerado um ato ou efeito de UNIR duas ou mais forças e pensamentos.

Mas para mim a união é uma palavra curta, composta apenas por 5 letras, mas que nestas 5 letras está uma força enorme, uma força que não a vemos mas que a podemos SENTIR, e esta força pode MUDAR muita coisa embora seja somente uma PALAVRA.

Muitos de vós, dizem que o nosso grupo é desunido, então vamos ser unidos! Mas vamos ser unidos de livre vontade, unidos com o CORAÇÃO e não unidos por raiva, por medos, por inveja, simplesmente unidos pelo que somos e não pelo que o nosso amigo ou colega nos influencia a ser, simplesmente unidos pelo MESMO OBJETIVO, porque, aliás, somos uma turma, não somos desconhecidos, somos colegas já há alguns anos e acho que não é caso para andarmos a gozar ou a julgar alguém pelo que é ou pelo que tem. Acho que já temos maturidade suficiente para sabermos o nosso lugar, o nosso dever, e para sabermos ser boas pessoas tal como gostávamos que fossem connosco.

E não, não somos obrigados a gostar uns dos outros! Óbvio que não, mas o não gostar de uma pessoa, não implica faltar-lhe ao RESPEITO e a todos os DIREITOS HUMANOS a que ela tem DIREITO. Nunca devemos esquecer que se queremos RECEBER o bem temos que FAZER o bem também.

Não esquecer também que a união faz a FORÇA e nós precisamos desta força e desta união, para ALCANÇARMOS os nossos objetivos como grupo, para sermos a MELHOR turma em  termos de notas e comportamento, para sermos aquela turma que todos os professores esperam ter e com que gostam de trabalhar, para sermos  aquela turma perfeita que neste momento parece estar impossível de alcançar, mas que pode vir a existir. Só depende de NÓS, mas não depende só de mim e de mais 3 pessoas, depende de cada elemento da TURMA .

Vamos acreditar nas nossas capacidades e vamos ser uma turma, uma TURMA UNIDA, relembrando sempre o que a M. diz, que JUNTOS somos MAIS FORTES, e relembrando também o que vou dizer, que JUNTOS conseguimos TUDO, basta ter presente duas palavras
  
ACREDITAR 

 PERSISTIR. 

Mafalda Silva, 14 anos, E.B. Amarante

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

TAJ MAHAL CORRE PERIGO



O brilho já foi mais refulgente. As fundações estão menos sólidas e as rachadelas na cúpula de mármore do monumento são cada vez maiores e mais profundas. Os próprios topos dos minaretes estão débeis e ameaçam a tragédia.
O panorama do Taj Mahal é negro e, no ano passado, os ventos fortes pioraram a situação famoso monumento indiano, ao provocar a queda de dois pilares no exterior.
O Taj Mahal, o maior ponto turístico da Índia e um dos mais conhecidos monumentos mundiais, está em risco.  As causas são mais ou menos previsíveis e prendem-se com este forma fast food de fazer turismo, que de tão avassaladora que é, não deixa sequer tempo e espaço para a necessária manutenção. Além da fraca manutenção do complexo arquitetónico e do evidente excesso de turista, há também a considerar a poluição (área e fluvial) que tanto caracteriza a Índia.

Segundo o Ministério do Turismo da Índia, o monumento considerado uma das Sete Maravilhas do planeta recebeu entre quatro a seis milhões de visitantes, entre 2011 e 2015. Agora, as autoridades vão finalmente agir. Em primeiro lugar, decidiram aumentar o preço de bilhetes e paralelamente vão colocar um limite diário de entradas no edifício.
O Taj Mahal foi construído na cidade de Agra, no século XVII, pelo imperador Shah Jahan, em homenagem à sua rainha favorita, Mumtaz Mahal, que morreu a dar à luz 0 14º filho do casal. Para construir o mausoléu, o imperador encomendou mármore do Rajastão, que tem como característica particular parecer cor-de-rosa pela manhã, branco à tarde, e cor de leite à noite.

domingo, 13 de janeiro de 2019

LIVRARIA LELLO FAZ ANOS E QUER PRENDA ESPECIAL


A livraria mais bonita e conhecida de Portugal, a Lello, faz 113 anos de vida e por entre várias iniciativas, homenagens e atividades especiais anuncia o presente especial que quer: a primeira edição de "Os Lusíadas". De acordo com as informações da centenária livraria portuense não existirão mais de uma dúzia de exemplares da 1.ª edição da obra-prima da literatura portuguesa, datada de 1572, e a Lello quer ser uma das proprietárias desse tesouro literário português e mundial. Para tal lançou uma OPA (oferta pública de aquisição) de 250.000 euros, que está em vigor até ao próximo dia 10 de junho, aniversário da morte do maior escritor da língua portuguesa, Luís de Camões. 

Mas não se ficam por aqui as ambições da Lello. Também hoje anunciou que pretende adquirir, pelo mesmo valor, um exemplar da 1.ª edição de "Henry Potter e A Pedra Filosofal" da famosa escritora britânica J. K. Rowling. Dos 500 exemplares da 1.ª edição, apenas restam 200 em mãos privadas. A oferta é Lello é válida até 31 de Julho (data do nascimento de Henry Potter).

Com estas ofertas, os donos da Lello querem demonstrar que um livro pode ser um bem tão valioso com um quadro. Um objeto artístico com valor comercial, que as pessoas têm curiosidade em conhecer ao vivo. E a melhor prova de que tal é possível é a história da própria Lello que se tornou num ícone turístico da cidade do Porto, onde os turistas não se importam de esperar e pagar bilhete de ingresso para poder admirar a fabulosa arquitetura de uma livraria que dentro de poucos meses se pode tornar Património da Humanidade da UNESCO. A candidatura será formalizada nos próximos meses.
Na altura de cantar os parabéns, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve presente para assinalar a efeméride e participar na homenagem que a Lello fez ao ensaísta e filósofo Eduardo Lourenço.


Por hoje, ficam os parabéns a esta centenária instituição que muito tem feito pela valorização do livro, da literatura e arquitetura portuguesas, ao mesmo tempo que se constitui como um dos mais bonitos postais da cidade do Porto e de Portugal.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

EXPOSIÇÃO DE BANKSY NO PORTO E EM LISBOA



A exposição “Banksy’s, Dismaland and Others” vai chegar a Portugal dentro de pouco dias. A abertura está marcada para o dia 19 de janeiro, na Alfândega do Porto, e irá seguir viagem para Lisboa, em local ainda a designar. 

A exposição não tem carácter oficial (ou não estivéssemos a falar do misterioso Banksy) e é organizada por Barry Cawston, que muitos julgam ser o fotógrafo de Banksy, mas que apenas se assume como divulgador as suas obras através das fotografias. 

'Banksy, Dismaland and Others' by Barry Cawston é uma exposição poderosa e que atrairá, por certo, muitos curiosos. Através dela será possível viajar através do polémico e misterioso trabalho de um artista, que, há mais de 25 anos, usa a sua arte para questionar os valores da sociedade e que chega, agora, e pela primeira vez, a Portugal. 

Para além das fotografias de Barry Cawston, a exposição vai ainda integrar uma série de trabalhos de jovens artistas portugueses, servindo também como rampa de lançamento de novos nomes do universo da arte urbana.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

UM EPISÓDIO DA GUERRA COLONIAL NARRADO POR SALGUEIRO MAIA


A acção decorre na Guiné no ano da graça de 1973, num Maio em fim de época de chuvas. A subunidade a que pertenço tem oficialmente a sua comissão terminada, está no que se chama “mata-bicho”. 
O dia 5 de Maio nasceu calmo; no entanto, cedo se notou uma azáfama anormal de meios aéreos. Pelas 07.00 ouviu-se forte tiroteio, pelo que, tendo-me dirigido ao rádio, ouvi grossa confusão de pedidos, de apoio aéreo, de apoio de artilharia, de evacuação, etc. Para cúmulo, tudo aquilo partia de um destacamento a cargo de um pelotão da minha companhia e sem eu ter conhecimento de qualquer acção das NT1 nessa zona. Face à confusão no rádio e ao desconhecimento do que se passava na zona, segui para o meu destacamento com o efectivo disponível, que era de cerca de 10 homens. No destacamento de C..., transformado em PC 2 avançado, amontoavam-se, sentados no chão, cerca de 150 homens que se encontravam de reserva; o ambiente era de nervosismo. Pouco depois de ter chegado, novo contacto do PAIGC com outro bigrupo das NT. Dos primeiros contactos resultaram 6 mortos para as NT, incluindo 3 milícias, vários feridos graves e o destroçar do bigrupo, que deixou no terreno os mortos com o respectivo material e equipamento, de que se salienta: 3 equipamentos completos, 1 metralhadora HK21 completa, 2 espingardas G 3, 1 emissor-receptor e outro material diverso. Os sobreviventes foram aparecendo no destacamento de C... cobertos pelos helicópteros e aviões que os foram sobrevoando até chegarem à estrada. 

Do segundo contacto, resultaram 1 morto e 3 feridos graves e a captura pelo PAIGC de um equipamento completo, 1 espingarda G 3 e um morteiro de 60. Ao contrário do primeiro contacto, os homens permaneceram no terreno, pois não sabiam como sair de lá, nem tão-pouco sabiam como garantir as evacuações dos mortos e feridos; pediam pela rádio para lhes acudirem. Face à situação, o comandante do batalhão manda avançar a companhia em reserva para acudir aos camaradas, mas, pura e simplesmente, a companhia recusa-se a avançar. Fico tão enojado com esta cena que, tendo como único pessoal sob o meu comando os 10 homens que tinham vindo comigo mais outra secção do destacamento de C..., disse-lhes que eu ia buscar os homens que estavam na mata, se houvesse mais alguém que não fosse cobarde podia ir comigo. 


As 2 secções minhas e mais 5 homens subiram comigo para 3 Unimogs 404 e, de imediato, fomos acompanhados por 2 autometralhadoras Panhard do esquadrão que actuava na zona e que, também voluntariamente, foram recuperar o pessoal que se encontrava perdido na mata. 

Para quem não conheceu a mata da Guiné, é difícil explicar como se consegue ir a corta-mato com viaturas tendo de encontrar passagem por entre as árvores, os arbustos, o capim alto, as ramagens com picos e, ao mesmo tempo, seguir uma direcção certa, rumo a cerca de 60 homens deitados no chão. Para fazer 7 km demorámos cerca de hora e meia, apesar de tentarmos ir o mais depressa possível. 
Depois de rotos pela vegetação e cansados de correr ao lado das viaturas, chegámos ao local de combate; ainda pairava no ar o cheiro adocicado das explosões; os homens tinham um ar alucinado, de náufrago que vê chegar a salvação, mas, em lugar de mostrarem a sua alegria, estão ainda na fase de não saber se é verdade ou não. 
1 Abreviatura de «Nossas Tropas». 
2 Abreviatura de «Posto de Comando». 
 Mando montar segurança à volta da zona; pergunto pelos feridos ao primeiro homem que encontro – tem um ar de miúdo grande a quem enfiaram uma farda muito maior que ele, parece de cera – olha-me como sem me ver e aponta-me com o braço. 
Sigo na direcção apontada, depressa vejo um bando de mosquitos e moscas, já sei que à minha frente tenho sangue fresco. Debaixo de uma árvore estão estendidos 5 homens; o capim está todo pisado; alguns dos homens estão em cima de panos de tenda; no chão estão várias compressas brancas empastadas de vermelho; o chão parece o de um matadouro, há sangue coalhado por todo o lado, a maioria do sangue vem de um dos homens que já está cheio de moscas. 

Dirijo-me para ele, está com cor de cera, está praticamente nu, olha-me como que em prece, ninguém geme, o silêncio é total. Trago comigo o furriel enfermeiro e um cabo maqueiro. Mando-os avançar assim como as macas. Dirijo-me ao ferido mais grave, o ferimento provém-lhe da perna, tem em cima dela várias compressas empastadas de sangue; tiro as compressas e vejo que o homem não tem garrote. Pergunto estupefacto porque é que lhe não fizeram um garrote. Alguém me respondeu que o enfermeiro está ferido. 

Começo a sentir raiva. Continuo a tirar as compressas, que foram postas a monte, sem sequer terem sido apertadas. O homem tem um estilhaço na zona da articulação do joelho. Vê-se a tíbia; toda a carne se encontra como que seca, envolvendo um buraco do tamanho duma laranja. Enquanto o enfermeiro lhe presta os primeiros socorros, quase 2 horas depois do ferimento, dou-lhe uma palmada no ombro e digo-lhe: «Já estás safo. Vamos evacuar-te», mas acreditando pouco no que estou a dizer. Os restantes feridos não são muito graves, para além de um que tem um buraco no peito e deve ter hemorragias internas. O dia começa a cair. Na zona não é possível fazer descer helicópteros. Resta a solução de, na caixa dos Unimogs, levar os feridos a saltarem, como fardos, em cada salto da viatura. Quando estamos para arrancar, ouvem-se várias explosões. Todo o mundo vai para o chão. 

Fico sem perceber, não ouço tiros de armas ligeiras. Na fracção de segundo em que, deitado no chão, tento perceber o que está a acontecer, começamos a ouvir como que o barulho de aviões a jacto. São os “jactos do povo”, foguetões de 122 mm que o PAIGC atira para a povoação, sede do batalhão. Como a guerra não é connosco, mando retirar. O ferido da perna é acondicionado com as roupas do morto e todos os panos disponíveis na caixa do Unimog. 

O cabo enfermeiro segue sentado a seu lado com um frasco de soro nas mãos. O morto é colocado ao lado, embrulhado num pano de tenda; tem o peito aberto, parece um porco no talho. Pouco depois de iniciar o regresso, o ferido na perna morre. Nunca falou ou gritou. Guardo dele uns olhos assustados a brilhar, numa pele branca e seca, a ficar vazia de vida porque, em 60 homens, ninguém sabia o mais elementar em primeiros socorros – fazer um garrote. 
Chego ao destacamento de C... Estão à minha espera uma coluna com ambulância para evacuar os feridos por terra, o médico do batalhão receita injecções e dá conselhos aos enfermeiros. 
Sigo no Unimog, que agora só tem cadáveres. 
Agradeço ao pessoal que saiu comigo a sua dedicação e digo-lhes que, mais que os agradecimentos, a nossa consciência nos recompensará. 

Mando preparar a minha secção para regressar ao meu destacamento. Enquanto se forma a coluna para Bissau e o meu pessoal se prepara, dou comigo a contemplar os mortos de olhos e boca aberta com aspecto de quem não compreende nada do que aconteceu. Mecanicamente, tiro os atacadores das 3 botas dos mortos, ato-lhes os queixos, as mãos em cruz, os pés juntos, com a água do cantil molho-lhes os olhos e fecho-lhos. 
Olho para a minha obra e também não entendo. Entretanto, os seus camaradas contemplam de longe mas não se acercam. Ainda agora, sempre que um Senhor General da Brigada do Reumático diz que «a guerra estava ganha», me vem à memória a morte estúpida daqueles homens e a vitória que eles ajudaram a reparar.
Fernando Salgueiro Maia

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

REDUZIR APENAS AS PROPINAS É POUCO E É POBRE

A grande ideia do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, para a próxima década parece ser o fim gradual das propinas. O ministro fala numa eliminação gradual, a dez anos, quando lhe restam apenas dez meses de governação. Pura propaganda eleitoral e de baixa qualidade.

Cobrar propinas ou deixar de cobrar parece mais uma preocupação de adjunto de ministro das finanças do que de um ministro do ensino superior. Não que o financiamento das universidades não mereça debate ou suscite polémica, mas esse é um problema de opção política do primeiro-ministro face às contingências financeiras e económicas do país e não uma questão onde o ministro tenha real poder de decisão.  Em matéria de dinheiro (investimento), o poder dos ministros, em Portugal, é residual.

O que Manuel Heitor não disse, e fazia sentido que tivesse opinado, foi o que pensa sobre o modelo de acesso ao ensino superior. As universidades querem escolher quem acolhem, impondo os seus critérios e fazendo tábua rasa dos resultados do secundário. O ministério da educação, pela voz de Alexandra Leitão (verdadeira ministra da educação), pensa que o atual modelo de acesso ao ensino superior está bem como está, porque garante "universalidade e transparência". É capaz de ter razão. No entanto, também é verdade que este modelo garante muita mediocridade nas universidades e é isso que os reitores querem erradicar. Não conseguirão tão cedo os seus intentos, sobretudo enquanto continuarem , ano após ano, a ter de mendigar dinheiro para pagar salários aos professores e outras despesas de financiamento. 

A ideia dos reitores merece debate, mas é pouco viável nos próximos tempos. Faria do ensino secundário uma inutilidade, onde todos passariam e os melhores deixariam de investir. Ora isso retiraria poder ao ministério da educação (que faz os exames nacionais de acesso ao ensino superior) e colocaria muito poder nos reitores. Nem pensem nisso!

P. S. ainda a propósito das propinas, o governo quer descê-las 10% ao ano, apresentando isso como uma medida social para ajudar as famílias, mas é pouco provável que as famílias paguem realmente menos para ter os filhos nas universidades, porque essa diminuição terá como contrapeso o aumento do preço dos mestrados e doutoramentos. E hoje, sem mestrados, os jovens ficam com uma formação superior coxa.

Gabriel Vilas Boas 

domingo, 6 de janeiro de 2019

O VOLUNTARIADO DEVIA SER UMA DISCIPLINA NAS NOSSAS ESCOLAS

    
A falta de uma cultura de voluntariado é uma lacuna evidente na sociedade portuguesa. É certo que, nos últimos anos, os portugueses têm despertado para a importância do voluntariado, procurando inseri-lo no sentido que procuram para as suas vidas e por isso procuram organizações que baseiam a sua atividade cívica e social no voluntariado. No entanto, estamos longe de ter criado uma cultura de voluntariado, porque muitos dos voluntários acabam por desistir ao fim de algum tempo, normalmente quando o motivo específico que os levou ao voluntariado se extingue.  

           Para criar uma verdadeira cultura de voluntariado, na sociedade portuguesa, é essencial que ela nasça e crie raízes na Escola. Já existe o contexto teórico (a disciplina de Formação Cívica), agora há que torná-lo real, consistente e duradoiro.
         
Na minha opinião, todos as crianças/adolescentes abrangidas pela escolaridade obrigatória deviam ter o mínimo de duas horas de voluntariado por mês. E não obrigatoriamente cumprido em horário escolar, pois as instituições locais capazes de acolher estes pequenos exércitos de novos voluntários têm necessidades que vão além do horário escolar. 
Por outro lado, existem largas semanas de férias escolares espalhadas pelo ano civil, que podiam ser aproveitadas para duplicar ou triplicar as horas que os alunos das escolas portuguesas dedicariam ao voluntariado.
      Os locais são vários e existem em todos os concelhos portugueses: misericórdias, centros de acolhimento, lares da terceira idade, hospitais, apoio aos sem-abrigo, vigilância das matas em épocas de grande risco de incêndio, creches, distribuição de comida e medicamentos a idosos acamados em suas casas... As hipóteses são muitas e perfeitamente exequíveis.

        Numa altura em que a escola se transforma, sendo desafiada a uma maioria autonomia e flexibilização de conteúdos e práticas educativas, o voluntariado pode e deve constituir-se como uma proposta charneira dessa mudança.

GAVB



sábado, 5 de janeiro de 2019

A OCDE ACHA QUE PORTUGAL TEM UM PROBLEMA CHAMADO CORRUPÇÃO E O GOVERNO ESTÁ PREOCUPADO COM... A IMAGEM


Quando ex-ministros, altos cargos da administração pública e até um ex-primeiro-ministro são envolvidos em casos de corrupção como não achar que Portugal tem um problema reputacional grave? Claro que tem e o governo devia assumi-lo, pois ele é mais do que evidente. No entanto, preocupa-se com a imagem internacional, com o acessório, em vez do essencial, que seria contribuir para eliminar o cancro social, político, social e económico que é a corrupção.


Importa pouco que seja um ex-ministro de Passos Coelho a querer incluir este tópico na análise à economia portuguesa, o que é relevante é que ele tem razão de ser. É nisso que o governo português tem de se concentrar.

Pressionar a OCDE, através da comunicação social, para retirar essa referência (verdadeira) ao clima corrupto em que vive parte da nossa economia é uma patetice, mas revela bem, infelizmente, o estilo de um governação que definha a cada dia que passa.

António Costa, Mário Centeno e Santos Silva devem refletir sobre este relatório da OCDE e garantir que a economia portuguesa fica imune a gente como Pinho, Sócrates, Salgado, Zeinal Bava, Armando Vara e outros artistas, que quase faliram o país. 

GAVB

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

QUERO O MEU CHAPÉU DE VOLTA


Há livros infantis que são divertidos, outros vão um passo além: são sublimes e os seus ensinamentos abrangem até os adultos. São livros que valem a pena ler, como as histórias de Jon Klassen, escritor e ilustrador canadiano. 


Quero o meu chapéu de volta” foi escolhido pelo New York Times Book Review como um dos dez melhores livros ilustrados do ano em que foi publicado, sendo um sucesso imediato. É um livro encantador e ao mesmo tempo sombrio, com uma narrativa subtil, cujos protagonistas, a princípio inexpressivos, de repente, revelam tudo o que está dentro deles, para que nos possamos identificar completamente com a suas vivências. 

A história começa com um urso que perde o chapéu. 

Como é lógico, o urso quer encontrar seu chapéu. Sem o chapéu, ele sente-se perdido e desesperado, por isso ele começa a procurá-lo. 

Ele pergunta a cada um dos animais que encontra na floresta se eles o viram. 

A raposa e o sapo não viram. A tartaruga não viu o chapéu, mas aceita a ajuda do urso para escalar uma rocha. A cobra refere que, uma vez, viu um chapéu azul e redondo, mas esse não era o chapéu que nosso amigo está à procura, pois ele é vermelho e pontudo. O tatu nem sabe o que é um chapéu. 

Ninguém parece ter visto o seu chapéu. 

Até a lebre, que a usa, diz a ele que não a viu. Ela nega categoricamente: “Não, por que é que me pergunta isso? Eu não vi chapéu nenhum por aí. Eu nunca ousaria roubar um chapéu. Para de me fazer perguntas!” 


É então que Klassen nos dá o primeiro ensinamento do livro: quando estamos demasiado imbuídos no nosso mundo emocional, é como se tivéssemos vendas que nos impedissem de ver claramente à nossa volta. Deixando as emoções assumirem o comando, deixamos de pensar claramente e de aproveitar as oportunidades / soluções que estão bem à frente dos nossos olhos. É uma autêntica cegueira emocional. 

A história continua. 

A certa altura, já deprimido, o urso cai no chão e olha para o céu. 



É então que ele dá rédea solta ao seu diálogo interior. 

“Pobre chapéu, sinto tanto a sua falta”. 

Nesse momento, ele começa a imaginar o quanto se sentirá mal se não encontrar o chapéu, se se deixar vencer pelo desespero e por pensamentos catastróficos, que o atiram cada vez mais para um poço de negatividade, situação que todos os adultos e até algumas mesmo crianças mais velhas irão identificar. 


Passado algum tempo, aparece o cervo e pergunta-lhe como é o seu chapéu. Quando o urso começar a descrever o chapéu, o cervo recorda-se onde o viu, ou melhor, com quem o viu. É aí que o urso se levanta de um salto e volta a correr pelo bosque, até chegar à lebre. 


Então, finalmente, ele recupera o chapéu. 

Através desta história simples, Klassen encoraja-nos a refletir sobre as armadilhas emocionais e mentais que muitas vezes criamos a nós mesmos e que nos impedem de encontrar rapidamente a melhor solução.



in, Rincón de la Psicologia