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sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

QUERO O MEU CHAPÉU DE VOLTA


Há livros infantis que são divertidos, outros vão um passo além: são sublimes e os seus ensinamentos abrangem até os adultos. São livros que valem a pena ler, como as histórias de Jon Klassen, escritor e ilustrador canadiano. 


Quero o meu chapéu de volta” foi escolhido pelo New York Times Book Review como um dos dez melhores livros ilustrados do ano em que foi publicado, sendo um sucesso imediato. É um livro encantador e ao mesmo tempo sombrio, com uma narrativa subtil, cujos protagonistas, a princípio inexpressivos, de repente, revelam tudo o que está dentro deles, para que nos possamos identificar completamente com a suas vivências. 

A história começa com um urso que perde o chapéu. 

Como é lógico, o urso quer encontrar seu chapéu. Sem o chapéu, ele sente-se perdido e desesperado, por isso ele começa a procurá-lo. 

Ele pergunta a cada um dos animais que encontra na floresta se eles o viram. 

A raposa e o sapo não viram. A tartaruga não viu o chapéu, mas aceita a ajuda do urso para escalar uma rocha. A cobra refere que, uma vez, viu um chapéu azul e redondo, mas esse não era o chapéu que nosso amigo está à procura, pois ele é vermelho e pontudo. O tatu nem sabe o que é um chapéu. 

Ninguém parece ter visto o seu chapéu. 

Até a lebre, que a usa, diz a ele que não a viu. Ela nega categoricamente: “Não, por que é que me pergunta isso? Eu não vi chapéu nenhum por aí. Eu nunca ousaria roubar um chapéu. Para de me fazer perguntas!” 


É então que Klassen nos dá o primeiro ensinamento do livro: quando estamos demasiado imbuídos no nosso mundo emocional, é como se tivéssemos vendas que nos impedissem de ver claramente à nossa volta. Deixando as emoções assumirem o comando, deixamos de pensar claramente e de aproveitar as oportunidades / soluções que estão bem à frente dos nossos olhos. É uma autêntica cegueira emocional. 

A história continua. 

A certa altura, já deprimido, o urso cai no chão e olha para o céu. 



É então que ele dá rédea solta ao seu diálogo interior. 

“Pobre chapéu, sinto tanto a sua falta”. 

Nesse momento, ele começa a imaginar o quanto se sentirá mal se não encontrar o chapéu, se se deixar vencer pelo desespero e por pensamentos catastróficos, que o atiram cada vez mais para um poço de negatividade, situação que todos os adultos e até algumas mesmo crianças mais velhas irão identificar. 


Passado algum tempo, aparece o cervo e pergunta-lhe como é o seu chapéu. Quando o urso começar a descrever o chapéu, o cervo recorda-se onde o viu, ou melhor, com quem o viu. É aí que o urso se levanta de um salto e volta a correr pelo bosque, até chegar à lebre. 


Então, finalmente, ele recupera o chapéu. 

Através desta história simples, Klassen encoraja-nos a refletir sobre as armadilhas emocionais e mentais que muitas vezes criamos a nós mesmos e que nos impedem de encontrar rapidamente a melhor solução.



in, Rincón de la Psicologia

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