Formalmente ainda o é, mas a sua prática e a sua alma estão cada vez mais longe dos princípios cristãos.
Desde 2013, altura do afastamento da direção do colégio do senhor padre Clemente, alma mater do Colégio de São Gonçalo, as várias soluções governativas encontradas pela diocese para gerir o colégio têm falhado, especialmente na questão económica, onde o prejuízo nos últimos quatro/cinco anos ascende a 3,5 milhões de euros.
Impotente para solucionar o problema com os seus, a dioceses do Porto contratou a polémica gestora Ana Venâncio, ex-dirigente da Segurança Social, que em 2016 foi condenada pelo tribunal de Cascais a três anos de prisão com pena suspensa, depois do tribunal ter dado como provado que esta retirou indevidamente 65 mil euros da conta de uma idosa. Só não está a cumprir pena de prisão, porque entretanto devolveu o dinheiro retirado à idosa.
Ora, foi esta figura que a diocese escolheu para endireitar as contas do colégio de São Gonçalo, em Amarante; no entanto, a única coisa que ela conseguiu até ao momento foi achincalhar a pessoa do senhor padre Clemente, retirando-lhe o seu gabinete e atirando-o para uma arrecadação, e proibindo-o de qualquer contacto com alunos, ex. alunos e encarregados de educação, que o procuram com frequência, dada a forte relação de amizade criada ao longo de vários anos. Entretanto prossegue o clima de ameaça de não aceitação da inscrição aos alunos, caso se verifique qualquer pagamento em atraso.
O buraco financeiro do Colégio de são Gonçalo explica-se pela conjugação de dois fatores, mas nenhum deles põe em causa a honorabilidade dos seus ex. diretores: a extrema bondade (nalguns casos excessiva, diga-se...) do senhor padre Clemente, que reduzia, e muito, a mensalidade dos alunos mais necessitados e a brutal redução do financiamento estatal aos colégios privados, de há dois anos para cá.
Durante décadas, provavelmente, monsenhor Clemente «usou» o dinheiro proveniente das turmas financiadas pelo Estado e por Programas de Educação e Formação co-financiados pela União Europeia para aliviar os encargos globais dos restantes alunos do colégio. Fez bem? Fez mal? Fez aquilo que a sua consciência de cristão lhe ditou! O certo é que a sua atitude permitiu a milhares de alunos carenciados concluírem os seus estudos, o que de outro modo seria muito mais difícil. Além disso, a sua gestão deu lucro à diocese, que assim pode fazer investimentos.
A isto acresce o incomensurável contributo que o Colégio de São Gonçalo deu para a formação e educação de dezenas de milhar de amarantinos de todos os estratos sociais. Sem a sua ajuda e compreensão, jamais alguns teriam seguido estudos e os completado com êxito e proveito.
O trabalho do padre Clemente pode não ter sido um exemplar sob a perspectiva de qualquer conselho de administração de uma empresa, mas nunca deu prejuízo ou foi fraudulento.
Durante décadas, o Colégio de São Gonçalo cumpriu com distinção aquele que deve ser o papel da Igreja Católica na Educação. Alguns encarregados de educação podem ter abusado da bondade do ex. diretor do CSG, mas este jamais abusou dos recursos que lhe foram confiados e soube pô-los a render da maneira mais nobre e cristã.
Hoje, tudo isso parece esquecido e a diocese prefere uma técnica sem alma e de duvidosa reputação para fazer de cobrador de fraque. É um erro crasso e um insulto a quem durante mais de cinquenta anos fez tanto pela missão social da Igreja e pela educação de milhares de jovens.
GAVB