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domingo, 30 de setembro de 2018

COMO É QUE O BRASIL PODE PENSAR EM BOLSONARO PARA PRESIDENTE?





"Seria incapaz de amar um filho homossexual. Prefiro que um filho meu morra num acidente que apareça com um bigududo por aí"
                                                                               Bolsonaro sobre a homossexualidade



“Pinochet devia ter matado mais gente” 

“O erro da ditadura foi ter torturado e não matar” 


“Não te estupro, porque você não merece” 
                                                                                   Bolsonaro para a deputada Federal Maria Rosário 



“Eu não corro esse risco, meus filhos foram muito bem educados.”
  
Bolsonaro sobre o que faria se os seus filhos se casassem com uma negra ou um homossexual


“Mulher deve ganhar salário menor porque engravida.”

“Você é uma idiota. Você é uma analfabeta. Você está censurada.”
Declaração irritada de Bolsonaro, ao ser entrevistada pela jornalista Manuela Borges, que decidiu processar Bolsonaro.

A Polícia Militar devia ter matado 1000 e não 111.”
    Bolsonaro sobre o massacre de Carandiru

“Não vou combater nem discriminar, mas se eu vir dois homens se beijando na rua, eu vou bater.”

“Parlamentar não deve andar de ônibus” [autocarro]

Se o Brasil eleger Jair Bolsonaro, culpa não é de Bolsonaro, que só vale um voto, mas dos milhões que desprezam a democracia, a dignidade do ser humano, a liberdade e a igualdade de género e raça. Eleger Bolsonaro não é uma questão política, mas de falta de respeito pela história do Brasil e pelos direitos humanos.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

TARIFA SOCIAL DA ÁGUA: 99 CÂMARAS AINDA NÃO APLICAM


Quando o governo criou, com pompa e circunstância, a tarifa social para o consumo de água, saneamento e resíduo, os portugueses ficaram com a ideia que todas as pessoas que cumprissem os critérios estabelecidos teriam acesso a ela. Era suposto que quem auferisse baixos rendimentos anuais ou dependesse do subsídio de desemprego, do rendimento de inserção, da pensão de invalidez e de velhice beneficiaria de desconto automático no valor a pagar na conta da água.

Supostamente a tarifa social aplicar-e-ia a quem tivesse um rendimento anual igual ou inferior a 5.808 euros, acrescido de 2.904 euros por cada elemento do agregado familiar sem rendimento. Por exemplo, um agregado com mais de uma pessoa sem rendimento partia de um rendimento elegível de 8.712 euros.


No entanto, o governo «esqueceu-se» de dizer algo muito importante: as autarquias não eram nem são obrigadas a aplicar a tarifa social nos seus municípios

E aproveitando essa possibilidade de adesão facultativa ( e não anunciada ao público em geral), um quarto das autarquias portuguesas continua a cobrar de igual modo gente carenciada e gente endinheirada, quer o preço da água quer o do saneamento quer o dos resíduos sólidos.

E de todas as autarquias que têm tarifa social, muito poucas são aquelas que as aplicam a todos os serviços (água, resíduos, saneamento). Num universo de 383 autarquias o cenário é o seguinte:
166 têm tarifa social  na água;
99 aplicam a tarifa social no saneamento
27 escolheram os resíduos para fazerem a sua obra a caridade com os pobrezinhos
99 autarquias não aplicam tarifa social, porque nada as obriga a isso.
É residual o número de autarquias que têm tarifa social em todos os serviços.


Outro dado relevante é o número de metros cúbicos de água que são considerados para o cálculo da tarifa social: 10 metros cúbicos. Manifestamente pouco, pois uma família de três ou quatro pessoas pessoas consome em média 15 metros cúbicos. 
Mesmo assim ainda há câmaras, como a de Felgueiras, que têm a lata de fixar uns míseros 5 metros cúbicos de água, como limite máximo a quem usufrui de tarifa social. Se a família exceder esse limite, paga tudo como se não tivesse tarifa social. Na prática, a tarifa social raramente é aplicada a quem consome realmente água.


Em conclusão, já não bastava as câmaras terem preços muito diferentes no que diz respeito ao preço da água, saneamento ou resíduos, para agora verificarmos que uma lei que devia proteger os mais necessitados é de aplicação facultativa e sem critérios uniformes ao longo do país. 
A grande conclusão que retiro é que a tarifa social ajuda muito mais a propaganda política do governo do que as famílias mais carenciadas. E por outro lado, fazer uma lei de cumprimento facultativo e parcial é aprofundar ainda as desigualdades entre cidadãos no acesso a um bem essencial como é a água.

Gabriel Araújo

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

TER UM FILHO NA UNIVERSIDADE CUSTA UM SALÁRIO MÍNIMO POR MÊS

Sete mil euros por ano, quase seiscentos euros por mês, é quanto uma família portuguesa tem de desembolsar para colocar um filho a estudar numa instituição pública de ensino superior. 
A maior fatia deste bolo cabe ao alojamento, seguido da alimentação, transportes, livros escolares, despesas pessoais e de saúde. Alguns alunos ultrapassam largamente este valor, aproximando-se dos mil euros mensais. Obviamente há muitas famílias portuguesas que não podem suportar tais encargos e o sonho dos filhos fica irremediavelmente perdido. 

Esta barreira económica impossibilita muitos jovens de alcançar uma situação profissional de acordo com as suas potencialidades, tornando a mobilidade social mais difícil.
Se tivermos em conta que o salário médio, em Portugal, ronda os 750/800 euros líquidos mensais, facilmente se depreende que só uma família com dois salários médios consegue suportar um filho(a) a estudar na Universidade. A situação fica muito difícil, senão impossível, para os agregados familiares onde existe desemprego ou onde ninguém ganha acima do ordenado mínimo, ou ainda quando há mais de um irmão em simultâneo na Universidade e o rendimento do agregado não ultrapassa dois salários médios.



Sinto que há muito a fazer nesta área e com urgência. As famílias não podem viver em constante sacrifício, cobrindo elas totalmente o investimento na formação dos filhos, quando toda a sociedade irá usufruir dele. Infelizmente, o Estado português não possui um recenseamento fidedigno sobre o número de estudantes que não prosseguiram estudos universitários por questões económicas ou que abandonaram a sua formação superior por falta de financiamento familiar. Seria mais produtivo este tipo de inquérito que procurar saber quantos ciganos, brasileiros ou asiáticos existem nas nossas escolas públicas.


Com recenseamento ou sem ele, é consensual que a ação social  escolar dos alunos universitários deixa muito a desejar. Uma medida estruturante que o governo devia implementar, para atalhar de forma convincente este problema, era a construção, em larga escala, de residências universitárias modernas, condignas e amplas, dotando-as das necessidades mais prementes dos estudantes: cantinas, bibliotecas, rede de internet. 

Este investimento torna-se tanto mais necessário, quano é sabido a subida em flecha do arrendamento urbano, em Lisboa e Porto. 
Como o alojamento consome cerca de 50% dos gastos de um estudante universitário deslocado, este tipo de medida seria uma ajuda enorme às famílias portuguesas e um investimento sério e certeiro no futuro do país.

GAVB  

sábado, 22 de setembro de 2018

PINTO MONTEIRO - FINALMENTE AMARANTE HOMENAGEIA O «SEU» PORTUGUÊS EXTRAORDINÁRIO

Foi preciso o Parlamento Europeu ter eleito António Pinto Monteiro "Cidadão Europeu 2018", para a Câmara Municipal de Amarante promover uma justíssima homenagem a um dos mais extraordinários cidadãos de Amarante.

Pinto Monteiro, 74 anos, tem um curriculum invejável: fundou a Cercimarante, em 1980, ajudou a criar a associação Terra dos Homens (centro de acolhimento para crianças vítimas de negligência, abandono ou abuso, dos zero aos doze anos), o infantário-creche O Miúdo e um centro de dia para idosos. 

Quarenta anos de vida pública exemplar, excecional, totalmente dedicada aos outros, aos seus conterrâneos.

Quando alguns eurodeputados portugueses (Francisco Assis, Manuel dos Santos, Carlos Zorrinho, Liliana Rodrigues) propuseram António Pinto Monteiro para "Cidadão Europeu 2018", sabiam que estavam perante um português extraordinário, um ser humano de eleição, como já havia notado a RTP, em 2011, quando selecionou e mostrou aqueles portugueses do século XX que "por obras valerosas se vão da lei da morte libertando".   

Causa impressão que só hoje, depois de conhecidas as distinções nacionais e internacionais, a autarquia amarantina lhe tenha dedicado as palmas, os discursos, as flores, a medalha ou a salva de prata com que simbolicamente homenageia os seus. 
A gratidão e o reconhecimento do valor do nosso semelhantes são valores difíceis de apreender...
Não por todos! Em Amarante, há uma imensa maioria de gente anónima que sabe quem é António Pinto Monteiro, que o abraça com os olhos cheios de lágrimas e lhe sorri com os lábios, os olhos e alma, num profundo obrigado, que durará toda a vida.

Há quinze anos, pouco meses depois de chegar a Amarante para trabalhar na E.B. 2/3 de Amarante, entrevistei António Pinto Monteiro para o jornal escolar O Abelhudo. Foi uma conversa longa, apaixonante e que me ensinou muitíssimo. Das várias recordações dessa entrevista, guardo a comoção com que respondeu à pergunta "Como lidou a sua família com a sua dedicação à causa da Cercimarante?"
Nem sempre tinha lidado bem com as viagens, reuniões, fins-de-semana perdidos em múltiplas atividades da Cercis. E António Pinto Monteiro sofria imenso com essas ausências e com essa tristeza. 

Apesar de tudo, nunca abandonou aqueles a quem tinha acendido uma luz ao fundo do túnel. Por isso, hoje, há milhares de amarantinos que escaparam a um destino infeliz porque António Pinto Monteiro fez questão de cruzar o seu caminho. 
Gabriel Araújo

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

A ORIGEM DE ALGUNS HOMENS NOTÁVEIS


Muitos homens notáveis, pelo seu saber e pelos grandes serviços prestados à humanidade, tiveram uma origem humilde. 

VASCO DA GAMA desempenhava o humilde  cargo de moleiro enquanto CRISTÓVÃO COLOMBO era tecelão, tal como o seu pai. 
Já o grande escritor espanhol CERVANTES era soldado raso e depois cobrador de impostos, mas nenhum destes postos menores diminuíram a imortalidade da obra "Dom Quixote de La Mancha". 

Por falar em escritores, HOMERO era filho de lavrador, MOLIÈRE tinha como pai um tapeceiro, VIRGÍLIO um porteiro e HORÁCIO um vendedor, SHAKESPEARE descendia de um madeireiro, MILTON era filho de um corretor da Bolsa e TERÊNCIO era escravo.



Também entre estadistas e políticos famosos encontramos raízes humildes. NAPOLEÃO pertencia a uma família "obscura" da Córsega, ROOSEVELT era tipógrafo e filho de um fabricante de sabão, BOLÍVAR era farmacêutico e LINCOLN foi lenhador antes de se tornar num dos mais importantes presidentes norte-americanos ao emancipar quatro milhões de escravos nos Estados Unidos.

Entre os inventores e cientistas, convém lembrar que o celebérrimo astrónomo GALILEU era pobre tal como os pais. EDISON vendeu jornais em criança, MORSE (o inventor do telégrafo) teve de lutar contra a pobreza que já vinha de família e GEORGE STEPHENSON ( o criador do caminho de ferro) também nasceu em berço pobre.

Em conclusão, temos inúmeros exemplos em que a notabilidade de um ser humano depende muito mais do seu talento, força de vontade e persistência de que qualquer condição excecional à nascença. 



segunda-feira, 17 de setembro de 2018

ANGOLA PROMETE PAGAR AS DÍVIDA A PORTUGAL DO MESMO MODO QUE COSTA DESCONGELA OS PROFESSORES


Quando a Primavera ia a meio e um dos grandes amigos de Joana Marques Vidal era entalado em Tribunal por ter decidido deixar de ser juiz para aceitar um cargo bem remunerado num empresa pública angolana, a Justiça portuguesa (a tal que está mais forte com os poderosos do que nunca) resolveu enviar o processo do ex. vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, para Angola, de modo a que sejam os rigorosos e impolutos tribunais angolanos a decidir se ele é ou não culpado de corrupção ativa. 
Angola tinha obrigado a Justiça portuguesa a ajoelhar e com certeza que não houve nenhuma influência ou pressão política para que o Tribunal da Relação tivesse ido contra tudo aquilo que o Ministério Público de Joana Marques Vidal defendia. E como em equipa que ganha não se mexe, a Procuradora-Geral da República via continuar a somar acusações. Falta é ver se depois a Relação ou o Supremo não decidem acabar com o «irritante», lá para 2030…

Terminado o «irritante» da maneira mais humilhante para Portugal, António Costa lá foi até Angola falar de negócios, até porque o governo de João Lourenço não sabe como continuar em Portugal sem ter que abordar Isabel dos Santos.
Costa chegou a Angola e em estilo desportivo falou de mansinho sobre os 500 milhões de euros em dívida a empresas públicas e privadas portuguesas e ouviu de João Lourenço a promessa de que «ia começar a pagar». Só não disse quando e muito menos quanto. Usando uma linguagem tão querida ao nosso primeiro-ministro, João Lourenço prometeu a regularização «de» dívida. António Costa logo corrigiu:
         - «Da» dívida, sr. Presidente!
         João Lourenço sorriu e prometeu ao primeiro-ministro português que descongelaria os milhões em falta usando o mesmo critério que António Costa tinha usado com os professores portugueses. Vendo o ar abatido do primeiro-ministro português, João Lourenço confortou-o.
- Não te aborreças, ó Costa. Os portugueses vão entender. Até porque agora que a gente tem a SIC Internacional, podemos ver como os portugueses aprovam pagamentos de dívidas segundo o modelo paga dois, perdoa sete.


GAVB

domingo, 16 de setembro de 2018

OS ALUNOS APRENDEM FAZENDO

Sofia Garcia da Silva, técnica de educação especial, aconselha os pais, que querem ajudar na educação dos seus filhos, a investir nas funções executivas. Segunda esta técnica, as funções executivas comportam três eixos fundamentais: memória do trabalho (manipular mentalmente informações necessárias à resolução de uma tarefa complexa), controlo inibitório (ser capaz de resistir a distrações, tentações e hábitos, controlando emoções) e flexibilidade cognitiva (ser capaz de alterar estratégias, pensamentos e prioridades em função das necessidades).

O artigo de Sofia Silva no jornal Público é importante, confirmando que o pensamento dominante em Educação aponta para o saber fazer. Talvez seja este o maior desafio de pais e professores: deixar crianças/jovens aprender experimentando. Ensinar através da tarefa e não do discurso. 

Em casa, na escola, na rua, no contacto social, é fundamental que a criança possa fazer e sentir o produto do seu trabalho.

Fazer o jantar, ir às comprar, gerir a economia doméstica durante uma semana, resumir um noticiário, fazer oralmente, para a família a apreciação crítica de uma série ou filme é tão relevante como muitas das tarefas que os professores pedem aos seus alunos nas aulas. 
A melhor aprendizagem é aquela que se traduz num ganho efetivo para cada aluno. No entanto, o circuito não pode ser interrompido - da escola para casa ou de casa para a escola. 
Se a mãe continuar a tratar o seu filhinho como um bebé que nada pode fazer com responsabilidade ou as aulas de Francês, Português ou Ciências permanecerem em modo palestra, obviamente as funções executivas de cada aluno continuarão offline.
                                                                                                  GAVB

sábado, 15 de setembro de 2018

A MULHER MAIS


A  mulher mais mais abençoada é Benta
A  mulher mais mais perfumada é a Rosa
A  mulher mais madrugadora é a Aurora

A  mulher mais feliz é a Felicidade
A  mulher mais triunfante é a Vitória
A  mulher mais duradoira é a Perpétua

A  mulher mais devota e a Piedade
A  mulher mais bonita e a Graciosa
A  mulher mais limpa é a Branca



A  mulher mais recatada é a Modesta
A  mulher mais espiritual é a Gracinda
A  mulher mais sofredora é a Dores

A  mulher mais cruel é a Bárbara 
A  mulher mais transparente é a Clara

A  mulher mais valiosa é a Esmeralda
A  mulher mais limpa é a Branca
A mulher que melhor cura é a Sara


sexta-feira, 14 de setembro de 2018

OS ESTRANGEIROS ANDAM A SALVAR A ECONOMIA PORTUGUESA


Leio na imprensa que as "Universidades Privadas crescem com a inscrição dos estrangeiros". Eu diria antes que  as "salvaram" e não só as privadas. A Universidade de Coimbra, por exemplo, já tem 20% de alunos estrangeiros, com especial destaque para o exército de brasileiros que procuram Coimbra pela tradição e pelo estatuto proporcionado pela mais antiga universidade portuguesa. A universidade conimbricense foi também pioneira no aproveitamento turístico da Instituição e hoje cerca de 3% das suas receitas provêm do turismo.

As universidades portuguesas não fizeram mais que a restante população: aproveitaram o novo elixir da felicidade - pessoas em permanente trânsito pela Europa - para ultrapassar a grave depressão económica em que políticas ultrapassadas e corruptas nos deixaram.

Foram os estrangeiros e o turismo que estancaram a hemorragia de jovens a sair do país, permitindo a mais baixa taxa de desemprego dos últimos dezasseis anos.

A busca do nosso país pelos estrangeiros permitiu a reabilitação urbana do Porto, Lisboa, Aveiro ou Braga. Também são os estrangeiros que continuam a executar os trabalhos deselegantes que os europeus não querem fazer. No entanto, na Europa cresce o apoio a partidos xenófobos e fecha-se a porta a quem é pobre e é islâmico, com a desculpa de que são potenciais terroristas.
Para sermos acolhedores não temos de ser permissivos, mas é indigno e estúpido ser preconceituoso.
O que acontece na Hungria, em algumas regiões da Itália e da Alemanha é a vitória do preconceito e da incompetência, além da falta de visão de futuro.
Gente incompetente prefere recusar o desconhecido antes de trabalhar uma ordenada incorporação de quem procura um recomeço de vida com urgência. 
É muito fácil dizer "Portugal para os portugueses" ou "A Hungria para os húngaros", mas depois queremos Lisboa cheia de turistas chineses, japoneses, árabes ou americanos e contratamos brasileiros e cabo-verdianos para servirem às mesas dos restaurantes, dezasseis horas por dia, pagando-lhes pouco mais que o ordenado mínimo.
Temos a mania da "xico-espertice" no sangue e também é por isso que crescemos de maneira disforme.
GAVB

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

JOVEM QUE PROCURAS EMPREGO, QUE PATRÃO SERÁS?


A televisão pública portuguesa exibe uma interessante reportagem sobre o emprego em Portugal nos dias que correm e as repercussões que a sua baixa retribuição tem na vida dos jovens adultos.

Volta a haver emprego, mas a política dos baixos salários não nos sai da pele. É certo que a primeira resposta que se dá a uma crise económica profunda é a recuperação de emprego a todo o custo e sobretudo a baixos custos.
No entanto, é preciso sair desse estado de emergência social e pôr de lado um modelo económico que tanto criticámos aos nossos pais.

Os analistas sociais dizem que o emprego para a vida acabou e isso é verdade, mas tal deve-se ao facto do Estado ter deixado de empregar, aumentando a idade da reforma e reduzindo lentamente efetivos, além da privatização de certas áreas da economia que o Estado detinha em regime de monopólio.

O problema está naquilo que os jovens patrões fazem quando chegam os primeiros lucros. Que modelo salarial adotam os jovens empreendedores portugueses, quando, enfim, alcançam os lucros? Será que repercutem esses ganhos no salário dos colaboradores, como agora gostam de dizer? Ou fazem o mesmo que a velha guarda, aforrando em carros, casas de férias e viagens de lazer, até à próxima crise?

A economia portuguesa está em mutação, quer ao nível dos modelos de negócios quer ao nível da disponibilidade e qualificação dos trabalhadores. Será que a mentalidade de quem manda mudou na mesma proporção e direção?
Olhemos para as economias que tanto admiramos e logo notamos um mandamento sagrado: confiança entre patrões e trabalhadores.  Existe confiança quando a palavra dada é cumprida todos partilham derrotas e vitórias. 

A culpa não pode ser sempre da velha guarda, que mal sabia falar língua, desprezava a tecnologia e eram avessos à inovação. Hoje temos uma geração de jovens empreendedores que são os detentores de centenas de pequenas empresas e empregadores de milhares de pessoas. Como tratam eles a geração que lhes sucedeu e faz a primeira incursão no mercado de trabalho?

GAVB

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

DESCOBRINDO O PORTO OITOCENTISTA EM TEMPO DE GUERRA


Com o objetivo de assinalar o 220 anos do nascimento de Dom Pedro IV (o lisboeta que os portuenses mais amaram), a Irmandade da Lapa, em parceria com a autarquia portuense, a Misericórdia da invicta, o exército português, a Santa Casa da Misericórdia do Porto e a Direção Regional da Cultura do Norte promove a Rota do Porto Liberal. 

São dezasseis sítios históricos da cidade, onde se escreveram alguns dos momentos mais determinantes da História de Portugal, por via da Revolução Liberal de 1820, que haveria de se desenvolver em guerra civil entre absolutistas e liberais e na qual a cidade do Porto assumiu um papel preponderante, contribuindo de forma decisiva para a vitória dos liberais na guerra fratricida de 1932-34.

Rota Porto Liberal percorre esses lugares históricos, fazendo-nos deambular entre espaços e edifícios icónicos da cidade como A igreja de Nossa Senhora da Lapa, a Cadeia do Tribunal da Relação do Porto, o Museu Nacional Soares dos Reis, o Museu da igreja da Misericórdia, o Quartel General de Dom Pedro IV e o Quartel de Santo Ovídio, a rua dos Mártires da Liberdade, onde em 1929, os absolutistas de Dom Miguel mandaram enforcar e decepar os homens que passaram para a História como os Mártires
da Liberdade.


A Rota deve ser percorrida com tempo, energia e a companhia de um bom professor da História da Cidade do Porto, até para percebermos melhor toponímias como "Rua do Heroísmo", "Praça da Liberdade", "Rua General Sousa Dias" ou a importância que tiveram na História do Porto Oitocentista em tempos de guerra locais como "O Mosteiro da Serra do Pilar", "A Casa dos Guedes da Silva" ou "A Igreja dos Congregados". 

O projeto da Irmandade (que obteve o prémio de informação Turística) propõe ainda concertos e colóquios. A próxima atividade acontece já daqui a duas semanas, no dia 24 de Setembro - As Exéquias Em Memória De Dom Pedro IV", assinalando o dia da morte do rei soldado.

Percorrer a Rota Liberal do Porto ajuda imenso a descobrir a essência liberal, insubmissa e leal de uma cidade de alma única.

GAVB

terça-feira, 11 de setembro de 2018

ANTES DE SEREM COMPARADOS, OS SALÁRIOS DOS PROFESSORES DEVEM SER EXPLICADOS


Sempre que os professores reclamam aumento de salário, por via direta ou indireta, há sempre um relatório de Bruxelas, da OCDE ou do FMI a dizer que os professores até ganham de mais. Os jornalistas divulgam a notícia como a enviaram, os sindicatos de professores não sabe reagir, explicando e desmontado uma verdade muito relativa, e os docentes ficam mais uma vez mal perante a opinião pública. Por isso, defendo que sempre que os sindicatos deviam publicitar quantos professores estão em cada escalão e qual o salário líquido em cada escalão remuneratório. Assim, qualquer pessoa intelectualmente honesta podia comparar e tirar as suas conclusões. Os sindicatos de professores também se deviam preocupar em anunciar anualmente o número de docentes contratados, o seu salário e os custos médios anuais que a maioria deles tem porque está deslocado.
É verdade que há professores que ganham dois mil euros e trabalham menos que um professor que ganha cerca de mil euros e está deslocado. É certo que  há muitos professores com salários a auferir os salários mais altos que a profissão paga, mas isso advém do facto de estarem na profissão há mais de trinta anos e estarem no topo da carreira, tendo-o alcançado quando esta ainda existia e havia governantes que cumpriam leis e sobretudo a palavra dada. No entanto também é verdade que há milhares de professores que ganham mil euros há mais de vinte anos e deixam cerca de metade desse valor na casa que têm de arrendar, dos transportes que têm de pagar, como não acontece com mais nenhuma outra profissão do Estado.


Quando se escreve sobre o salário dos professores normalmente invoca-se aquilo que os mais velhos ganham, mas o mesmo não acontece com os médicos, os juízes ou os trabalhadores das finanças. A média remuneratória dos juízes do Supremo Tribunal de Justiça é superior a cinco mil euros líquidos, por mês. Será essa a média dos salários dos juízes? Quanto ganha um médico-cirurgião com trinta anos de serviço público? Será essa a média salarial dos clínicos portugueses? E algum jornalista compara esses valores com aquilo que ganham os restantes trabalhadores qualificados, o que na maioria dos casos significam “detentores de uma licenciatura”?
Infelizmente, o mercado de trabalho paga muito mal há maioria dos licenciados com menos de quarenta anos, fruto de várias circunstâncias, entre as quais destaco a grave crise financeira que os políticos portugueses fizeram passar o país nos últimos vinte anos e o facto da maioria trabalhar no setor privado, onde não há uma cultura de carreira dentro das empresas, pois a maioria destas não se aguenta muito tempo no ativo. 

Por conseguinte, parece-me intelectualmente desonesto comparar o ordenado dos professores com o dos licenciados que estão a exercer profissões que nada têm a ver com a sua formação académica e cujo ordenado não faz jus à sua competência e valor.
A questão dos ordenados dos professores é recorrente e por isso seria de esperar que aqueles que têm a responsabilidade de defender os professores na praça pública soubessem explicar de um modo simples e eficaz o que ganham os professores portugueses, fazendo as comparações razoáveis e justas com aquelas profissões em que estas comparações são legítimas.
GAVB

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

PCP E BLOCO DE ESQUERDA TAMBÉM ABANDONAM OS PROFESSORES

O PCP e o Bloco de Esquerda aceitaram a exigência do governo e não incluíram a questão do tempo de serviço dos professores na negociação do Orçamento de Estado. 
Catarina Martins afirma mesmo: «Pela nossa parte é matéria que não voltaremos no próximo Orçamento» enquanto Jerónimo tem a lata de dizer que "no Orçamento de Estado não se discutem aumentos salariais. O PCP não é uma organização sindical, não assume um papel sindical, isso compete aos sindicatos".

Que desilusão e que traição! Desistiram de lutar pelos direitos de milhares de trabalhadores. Afinal não é o PS que cede ao capital e aos interesses da Direita, mas o próprio PCP e Bloco que tanto se vangloriam em ser guardiões das lutas dos trabalhadores. 
Que Jerónimo não venha mais reivindicar os louros do aumento do salário mínimo, porque afinal o PCP não anda a discutir aumento de ordenados no OE. 
A esquerda portuguesa capitulou. Não adianta pedir votos, se não estão no Parlamento para lutar por quem apenas quer ver reconhecido o seu tempo de serviço. Incapazes de vergar o PS quando este mais frágil estava, o PCP e o Bloco mostram fraqueza e cobardia.

Fica claro para os professores que apenas devem contar com a força das suas razões e das suas ideias. A Fenprof seguirá as ordens da Intersindical e esta depende do PCP. Nada podemos esperar de quem mostra não ter força nem vontade para abraçar a causa dos professores. 

O último Orçamento de Estado do governo minoritário do PS faz a prova que faltava: a falsidade e a hipocrisia política não é um exclusivo da Direita.

A luta dos professores é mais do que a luta de uma classe profissional ou dos funcionários públicos. Os professores não procuram privilégios, mas apenas que a palavra dada pelos dirigentes seja cumprida, que aquilo que se aprovou na Assembleia da República seja respeitado. Como se verá com a aprovação deste OE, a reposição nos professores no escalão remuneratório adequado não é uma questão de dinheiro. Em ano de eleições, mais dinheiro vai ser gasto com a descida do IVA, com o aumento dos médicos, da polícia, dos enfermeiros, dos juízes e Magistrados. Todos terão o seu rebuçado, exceto os professores, pois tiveram a ousadia de enfrentar o governo.  

O PCP e o Bloco, afinal, são como os outros? Deixá-los. Não adiante contar  com ajuda de cobardes nem negociar com gente cínica, hipócrita e mentirosa. 
A hora dos professores há de chegar e isso talvez acontece mais depressa que a geringonça pensa. 
Algumas das mais belas flores nasceram no meio do entulho.
GAVB

domingo, 9 de setembro de 2018

NUMA DEMOCRACIA ADULTA O MEU VOTO NÃO PODE VALER MAIS DO QUE O TEU

O Sporting elegeu o seu novo presidente, o médico Francisco Varandas. Foi o candidato que obteve mais votos, mas não aquele em quem os sportinguistas mais votaram, já que o candidato João Benedito (ex. futsalista) conseguiu o apoio de mais mil sportinguistas do que o novo presidente sportinguista.

Esta "incoerência" legal explica-se com o facto de haver sócios com direito a mais votos que outros, tendo em conta a antiguidade. Na prática, uma minoria de sócios seniores pode eleger um presidente contra a maioria, apenas porque são associados mais antigos. 
O que acontece no Sporting Clube de Portugal é o mesmo que se passa noutros clubes desportivos e noutras associações. 
Apesar de ser legítimo um clube/associação definir as suas regras, isso não quer dizer que elas sejam totalmente democráticas e não devam ser discutidas.
Quando meu voto vale o dobro ou o triplo ou o quíntuplo de outro sócio, apenas porque tenho mais anos de filiação ou pago uma quota superior, não se pode falar de democracia. 
Uma pessoa - um voto! Independentemente do sexo, da idade (desde que maior de idade), do número de anos de associado.

Para eliminar o oportunismo eleitoral, podemos admitir que um sócio apenas só comece a eleger após um ano de filiação, mas não devemos hierarquizar a sua importância. 
Acho que a legislação eleitoral geral, aplicada a associações desportivas ou de outro âmbito, devia impedir estes regulamentos pouco democráticos, dado que um dos deveres da Democracia é defender o seu espírito e os seus princípios. 
Obviamente que há a tradição, o direito das diversas associações privadas definirem as suas regras, todavia há bens e princípios que estão claramente acima das vontade subjetivas de alguns. Uma sociedade democrática não deve permitir que os seus princípios sejam deturpados ou manipulados, que alguns usem o estatuto da Democracia mas não a apliquem, que um qualquer candidato minoritário assuma o poder porque a eleição tinha um asterisco. 
Uma democracia saudável não tem asteriscos.
GAVB  

sábado, 8 de setembro de 2018

NÃO TE RENDAS


Não te rendas, ainda estás a tempo
de alcançar e começar de novo,
aceitar as tuas sombras
enterrar os teus medos,
largar o lastro,
retomar o voo.


Não te rendas que a vida é isso,
continuar a viagem,
perseguir os teus sonhos,
destravar os tempos,
arrumar os escombros,
e destapar o céu. 

Não te rendas, por favor, não cedas,
ainda que o frio queime,
ainda que o medo morda,
ainda que o sol se esconda,
e se cale o vento:
ainda há fogo na tua alma
ainda existe vida nos teus sonhos.

Porque a vida é tua, e teu é também o desejo,
porque o quiseste e eu te amo,
porque existe o vinho e o amor,
porque não existem feridas que o tempo não cure.

Abrir as portas,
tirar os ferrolhos,
abandonar as muralhas que te protegeram,
viver a vida e aceitar o desafio,
recuperar o riso,
ensaiar um canto,
baixar a guarda e estender as mãos,
abrir as asas
e tentar de novo
celebrar a vida e relançar-se no infinito. 



Não te rendas, por favor, não cedas:

mesmo que o frio queime,
mesmo que o medo morda,
mesmo que o sol se ponha e se cale o vento,
ainda há fogo na tua alma,
ainda existe vida nos teus sonhos.
Porque cada dia é um novo início,
porque esta é a hora e o melhor momento.
Porque não estás só, porque eu te amo. 

Mario Benedetti

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

SERÁ O COLÉGIO DE SÃO GONÇALO AINDA UM COLÉGIO CATÓLICO?

Formalmente ainda o é, mas a sua prática e a sua alma estão cada vez mais longe dos princípios cristãos.
Desde 2013, altura do afastamento da direção do colégio do senhor padre Clemente, alma mater do Colégio de São Gonçalo, as várias soluções governativas encontradas pela diocese para gerir o colégio têm falhado, especialmente na questão económica, onde o prejuízo nos últimos quatro/cinco anos ascende a 3,5 milhões de euros. 

Impotente para solucionar o problema com os seus, a dioceses do Porto contratou a polémica gestora Ana Venâncio, ex-dirigente da Segurança Social, que em 2016 foi condenada pelo tribunal de Cascais a três anos de prisão com pena suspensa, depois do tribunal ter dado como provado que esta retirou indevidamente 65 mil euros da conta de uma idosa. Só não está a cumprir pena de prisão, porque entretanto devolveu o dinheiro retirado à idosa. 

Ora, foi esta figura que a diocese escolheu para endireitar as contas do colégio de São Gonçalo, em Amarante; no entanto, a única coisa que ela conseguiu até ao momento foi achincalhar a pessoa do senhor padre Clemente, retirando-lhe o seu gabinete e atirando-o para uma arrecadação, e proibindo-o de qualquer contacto com alunos, ex. alunos e encarregados de educação, que o procuram com frequência, dada a forte relação de amizade criada ao longo de vários anos. Entretanto prossegue o clima de ameaça de não aceitação da inscrição aos alunos, caso se verifique qualquer pagamento em atraso.

O buraco financeiro do Colégio de são Gonçalo explica-se pela conjugação de dois fatores, mas nenhum deles põe em causa a honorabilidade dos seus ex. diretores: a extrema bondade (nalguns casos excessiva, diga-se...) do senhor padre Clemente, que reduzia, e muito, a mensalidade dos alunos mais necessitados e a brutal redução do financiamento estatal aos colégios privados, de há dois anos para cá. 

Durante décadas, provavelmente, monsenhor Clemente «usou» o dinheiro proveniente das turmas financiadas pelo Estado e por Programas de Educação e Formação co-financiados pela União Europeia para aliviar os encargos globais dos restantes alunos do colégio. Fez bem? Fez mal? Fez aquilo que a sua consciência de cristão lhe ditou! O certo é que a sua atitude permitiu a milhares de alunos carenciados concluírem os seus estudos, o que de outro modo seria muito mais difícil. Além disso, a sua gestão deu lucro à diocese, que assim pode fazer investimentos. 
A isto acresce o incomensurável contributo que o Colégio de São Gonçalo deu para a formação e educação de dezenas de milhar de amarantinos de todos os estratos sociais. Sem a sua ajuda e compreensão, jamais alguns teriam seguido estudos e os completado com êxito e proveito.
O trabalho do padre Clemente pode não ter sido um exemplar sob a perspectiva de qualquer conselho de administração de uma empresa, mas nunca deu prejuízo ou foi fraudulento. 

Durante décadas, o Colégio de São Gonçalo cumpriu com distinção aquele que deve ser o papel da Igreja Católica na Educação. Alguns encarregados de educação podem ter abusado da bondade do ex. diretor do CSG, mas este jamais abusou dos recursos que lhe foram confiados e soube pô-los a render da maneira mais nobre e cristã. 
Hoje, tudo isso parece esquecido e a diocese prefere uma técnica sem alma e de duvidosa reputação para fazer de cobrador de fraque. É um erro crasso e um insulto a quem durante mais de cinquenta anos fez tanto pela missão social da Igreja e pela educação de milhares de jovens.

GAVB