Quem o diz não é nenhum professor, mas a ministra da
Educação finlandesa, Sanni Grahn-Laasonen.
É reconfortante ouvir isto de um
político, onde a Educação nacional é um motivo de orgulho e um exemplo a
seguir.
Sim, lá os professores são respeitados pela sociedade e pela
classe política, que lhes reconhecem competência técnica, humana e cultural
para construir o futuro das novas gerações. No entanto, é bom realçar que este
respeito foi tão merecido como conquistado. O governo não atrapalha com teorias
e mais teorias sobre educação e os professores colaboraram não emperrando o
sistema, com mais um «mas», um «no meu tempo é que era» ou o inevitável «não há
condições», para não referir «a culpa é dos alunos que não estudam» ou dos
«pais que não lhe dão educação».
A ministra finlandesa deixa claro que o governo não controla
a Escola com testes padronizados, porque sabe perfeitamente que os seus
professores estão motivados e atualizados. Confia neles, porque sabem que escolhem
os melhores métodos e estão habituados a trabalhar em equipa.
Na Finlândia os professores têm consciência que o mundo muda
rapidamente e que têm de ser eles os primeiros a adaptar-se a essa mudança, trazendo
para a escola e para o seu método essas mudanças, em vez de as combater. Talvez
por isso os professores finlandeses tenham enraizados a cultura da cooperação
entre professores das diferentes disciplinas.
«Colocamos um acontecimento no centro e depois analisamo-lo
através de diferentes perspectivas e disciplinas.»
Ora isto obriga a fazer e refazer aulas constantemente e, sobretudo, torna imperativo que os professores trabalhem em conjunto, expondo
virtudes e defeitos da sua forma de ensinar e atuar.
Há um trabalho a fazer entre os professores em Portugal. Formação
e adequação às transformações tecnológicas, sociais e comportamentais. A
autonomia é muito interessante quando sabemos o que queremos fazer com ela e há
consenso sobre o modo de atuar. Este é um trabalho que os professores portugueses
têm de fazer e concluir.
Outro fator importante é retirar a educação da discussão
política. Perdemos imenso tempo a discutir o diploma X, a lei Y, o pormenor K;
continuamos a olhar para a Escola com olhos de censor. Gostamos de falar de
respeito e valorização do papel do professor e não nos respeitamos uns aos
outros, considerando umas disciplinas mais importantes do que outras, como se tem
provado no caso da nota de Educação Física ou das disciplinas não obrigatórias.
Se uma disciplina tem importância para figurar no curriculum, então não pode
ser uma disciplina de segunda; se um aluno acha importante determinada
disciplina e nela se inscreve é porque a acha relevante na sua formação. Por
que razão o contrariamos e a retiramos da contagem para a média do aluno?
Respeitar o papel do professor é respeitar o direito do
aluno e das suas famílias a uma educação que saiba acompanhar a evolução dos
tempos ao mesmo tempo que honra a história e os valores fundamentais em que nos
revemos.
GAVB
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