Portugal tem quarto aeroportos ao serviço da aviação civil (Lisboa, Porto, Faro e… Beja), mas apenas se serve de três, porque o de Beja
está às moscas, já que não consegue atrair nem as companhias aéreas nem os empresários
locais a fazerem o necessário investimento para o tornar rentável.
Para um país como Portugal, aquilo que pode tornar rentável
e justificável um aeroporto é o turismo, vindo além península. Ora, é
necessário uma oferta contínua e concertada entre regiões, para sustentar um
aeroporto ao longo de doze meses, se este não estiver em Lisboa ou Porto.
O aeroporto de Faro conseguiu sobreviver
devido à oferta turística algarvia, durante quatro meses, e à significativa comunidade
inglesa que procurava o Algarve durante grande parte do ano. Por outro
lado, os quase trezentos quilómetros se distam entre Lisboa e várias cidades
algarvias tornam pouco prática a utilização do aeroporto Humberto Delgado.
Um aeroporto em Beja tinha tudo para correr mal, pois o
Alentejo não tem capacidade suficiente para proporcionar uma oferta turística
permanente que justifique vários voos diários de e para o coração do Alentejo. Há
Évora, Beja, o Alqueva, mas não foi suficiente.
Entretanto a norte, a explosão turística do Porto, aguçou o
apetite de outras cidades e regiões. E na minha opinião, a região centro começa
a criar condições de atratividade/oferta turística que justificam um aeroporto
como o que foi construído em… Beja. Um aeroporto pequeno situado na periferia de
Coimbra, que possibilitasse o acesso imediato ou em menos de meia hora a Aveiro,
Coimbra, Leiria, Viseu. Estas são cidades de gente jovem, onde o turismo nacional se
tem desenvolvido muito e que estão prontas para dar o exigente salto para a internacionalização.
Há praia, campo, montanha, cidades históricas, cidades modernas, monumentos nacionais
de referência e universidade emblemática, reconhecida internacionalmente.
Não seria difícil multiplicar por cinco, em dez anos, o
número de turistas que escolheriam o centro de Portugal para um curto período
de férias. A questão fundamental é que o turista moderno é um turista que viaja
muito, mas não tem muito tempo para perder em transbordos. O turismo da região centro
não pode gastar um dia em viagens de e para os aeroporto.
No aeroporto de Beja enterraram-se 34 milhões de euros que
muito dificilmente serão rentabilizados. O centro do país gastou quase cinco
vezes esse valor em estádios de futebol. Noventa mil lugares sentados,
distribuídos por três estádios, que continuam às mosas, há mais de uma década.
O problema não foi a falta de dinheiro, mas a péssima
maneira de o aplicar. Não houve falta de dinheiro, entre 1990 e 2010, em
Portugal; o que houve foi opções erradas. Agora, a nossa margem de manobra é
muito menor, até porque ninguém nos empresta dinheiro com facilidade. No
entanto, voltar a discutir o TGV só porque Espanha vai alargar a rede é um
absurdo.
As nossas receitas vêm do turismo, mas os turistas que
chegam a Portugal não vêm de Espanha nem chegam de carro ou comboio. Vêm, na
maioria pelo ar, em voos de baixo custo.
Quarenta milhões de euros é capaz de chegar para construir
um aeroporto que o centro precisa.
GAVB
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