Aconteceu em Portugal há quase cem anos. O mais breve
governo da História da República portuguesa foi tão curto que tecnicamente nem
o chegou a ser.
Vivia-se os tumultuosos tempos da 1.ª República (1910-1926),
onde os governos se esfumavam a um velocidade inusitada, fruto da instabilidade
política que o país vivia. Quer na Direita quer na Esquerda política havia
agitadores profissionais que se vangloriavam de derrubar governos com enorme
facilidade.
Quando a 15 de Agosto de 1920, Fernandes Costa se preparava
para tomar posse, a «Formiga Branca» (uma espécie de braço armado do Partido
Democrático) decidiu que também este governo era para derrubar. Dois agitadores
profissionais, o «Ó Ai Ó Linda» e o «Pintor» atiçaram uma multidão presente no
Terreiro do Paço, para ameaçar e enxovalhar o Fernandes Costa e os ministros
indigitados.
Chamada a intervir, a GNR pouco ou nada fez para proteger o
executivo que ia entrar em funções, expondo-o a uma humilhação sem precedentes.
Os manifestantes chegaram mesmo a invadir o edifício onde os ministros de
Fernando Costa esperavam o momento indicado para seguirem para o
Palácio de Belém, onde o Presidente António José de Almeida daria posse ao
executivo.
Indignado com a situação, Fernandes Costa apresentou-se em
Belém não já para tomar posse mas para apresentar ao Presidente a sua demissão.
Francisco José Fernandes Costa era um político experiente,
amigo do Presidente, e até já tinha desempenhado funções governativas, mas a
verdade é que o clima político naqueles loucos anos da 1.ª República era amalucado
e qualquer tentativa racional de forma um governo credível sucumbia. Só entre o
início de 1920 e o princípio de 1922 tomaram posse quinze governos. Nos
dezasseis anos que durou a 1.ª República, Portugal conheceu quarenta e dois
governos!
Talvez por isso não admire que tenhamos conseguido este
recorde de um governo de cinco minutos e, pior que isso, que a população tenha
ficado contente com a ditadura militar que tomado o poder e trouxe “aquele homem
providencial” que marcaria, sobretudo para o mal, o século XX em Portugal. Quando
a rebaldaria é tão grande, surgem quase sempre os ditadores.
GAVB
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