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segunda-feira, 5 de março de 2018

UM GOVERNO QUE DUROU CINCO MINUTOS



Aconteceu em Portugal há quase cem anos. O mais breve governo da História da República portuguesa foi tão curto que tecnicamente nem o chegou a ser.
Vivia-se os tumultuosos tempos da 1.ª República (1910-1926), onde os governos se esfumavam a um velocidade inusitada, fruto da instabilidade política que o país vivia. Quer na Direita quer na Esquerda política havia agitadores profissionais que se vangloriavam de derrubar governos com enorme facilidade.
Quando a 15 de Agosto de 1920, Fernandes Costa se preparava para tomar posse, a «Formiga Branca» (uma espécie de braço armado do Partido Democrático) decidiu que também este governo era para derrubar. Dois agitadores profissionais, o «Ó Ai Ó Linda» e o «Pintor» atiçaram uma multidão presente no Terreiro do Paço, para ameaçar e enxovalhar o Fernandes Costa e os ministros indigitados.
Chamada a intervir, a GNR pouco ou nada fez para proteger o executivo que ia entrar em funções, expondo-o a uma humilhação sem precedentes. Os manifestantes chegaram mesmo a invadir o edifício onde os ministros de Fernando Costa esperavam o momento indicado para seguirem para o Palácio de Belém, onde o Presidente António José de Almeida daria posse ao executivo.

Indignado com a situação, Fernandes Costa apresentou-se em Belém não já para tomar posse mas para apresentar ao Presidente a sua demissão.
Francisco José Fernandes Costa era um político experiente, amigo do Presidente, e até já tinha desempenhado funções governativas, mas a verdade é que o clima político naqueles loucos anos da 1.ª República era amalucado e qualquer tentativa racional de forma um governo credível sucumbia. Só entre o início de 1920 e o princípio de 1922 tomaram posse quinze governos. Nos dezasseis anos que durou a 1.ª República, Portugal conheceu quarenta e dois governos! 
Talvez por isso não admire que tenhamos conseguido este recorde de um governo de cinco minutos e, pior que isso, que a população tenha ficado contente com a ditadura militar que tomado o poder e trouxe “aquele homem providencial” que marcaria, sobretudo para o mal, o século XX em Portugal. Quando a rebaldaria é tão grande, surgem quase sempre os ditadores.
GAVB

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