Assunção Cristas pode gostar de touradas, defendê-las até, mas
compará-las a um bailado é de um extremo mau gosto. Provavelmente quando vai a
uma praça de touros concentra-se na coreografia que cavalo e cavaleiro desenham
na arena, esquecendo-se que o grande objetivo do cavaleiro é espetar a bandarilha
no dorso do touro, fazê-lo sangrar, agoniar até à morte, ainda que esta fique
para os bastidores.
A presidente do CDS não foi apenas inábil ou insensível, mas
mostrou quanto o gratuito sofrimento do animal, numa praça de touros, lhe é
indiferente.
A tourada encontra alguns aficionados em Portugal, mas eles
são uma minoria insignificantes, embora tenham beneficiado de uma grande dose
de tolerância da restante população. Confundir essa tolerância com assentimento
ou “manifestação cultural” é um grande equívoco.
A tourada não representa a cultura portuguesa pelo simples
facto da esmagadora maioria dos portugueses não se rever neste espetáculo
primário e deprimente. A extemporânea comparação que a líder centrista fez com
a dança é um insulto para essa delicada forma de expressão artística, sobretudo
se pensarmos que a tourada é um exemplo clássico da brutalidade humana sobre o
animal.
Assunção Cristas não tem que pedir desculpa pelos seus
gostos nem sequer tem de os ocultar, mas tem a obrigação de não fazer
comparações absurdas, chocantes e descabidas.
Claro que objetivo da arte é provocar, chocar, desafiar, mas isso não
quer dizer que ela se confunda com a boçalidade, o prazer de infligir dor, a
defesa da animalidade do ser humano.
Qualquer objeto artístico que se preze eleva o ser humano
que lhe dá vida. Ora a tourada produz exatamente o efeito contrário.
GAVB
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