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segunda-feira, 12 de março de 2018

A TOURADA É COMO UM BAILADO? SÓ SE FOR UM BAILADO MACABRO




Assunção Cristas pode gostar de touradas, defendê-las até, mas compará-las a um bailado é de um extremo mau gosto. Provavelmente quando vai a uma praça de touros concentra-se na coreografia que cavalo e cavaleiro desenham na arena, esquecendo-se que o grande objetivo do cavaleiro é espetar a bandarilha no dorso do touro, fazê-lo sangrar, agoniar até à morte, ainda que esta fique para os bastidores.

A presidente do CDS não foi apenas inábil ou insensível, mas mostrou quanto o gratuito sofrimento do animal, numa praça de touros, lhe é indiferente.

A tourada encontra alguns aficionados em Portugal, mas eles são uma minoria insignificantes, embora tenham beneficiado de uma grande dose de tolerância da restante população. Confundir essa tolerância com assentimento ou “manifestação cultural” é um grande equívoco.
A tourada não representa a cultura portuguesa pelo simples facto da esmagadora maioria dos portugueses não se rever neste espetáculo primário e deprimente. A extemporânea comparação que a líder centrista fez com a dança é um insulto para essa delicada forma de expressão artística, sobretudo se pensarmos que a tourada é um exemplo clássico da brutalidade humana sobre o animal.


Assunção Cristas não tem que pedir desculpa pelos seus gostos nem sequer tem de os ocultar, mas tem a obrigação de não fazer comparações absurdas, chocantes e descabidas.
Claro que objetivo da arte é provocar, chocar, desafiar, mas isso não quer dizer que ela se confunda com a boçalidade, o prazer de infligir dor, a defesa da animalidade do ser humano.
Qualquer objeto artístico que se preze eleva o ser humano que lhe dá vida. Ora a tourada produz exatamente o efeito contrário.
GAVB

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