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sábado, 3 de março de 2018

TEMPLÁRIOS – TÃO RICOS E TÃO PODEROSOS QUE TIVERAM DE SER EXTINTOS


  
As Cruzadas foram o grande negócio da Ordem dos Templários, durante a Idade Média. Durante esse período, o enorme esforço da Reconquista cristã na Europa ocidental fez-se à custa dos Cavaleiros da Ordem do Templo. Só que estes não combatiam apenas por amor à causa e faziam-se pagar muito bem, junto dos diversos reis católicos para quem, ocasionalmente, combatiam.

Grande parte dos despojos de guerra ficavam na sua posse, além de grandes somas em dinheiro, ouro, terrenos, paços medievais.
A presença em todos os territórios cristãos da Europa permitiu-lhes estar na génese da atividade bancária. Um mercador que tivesse negócios em Paris, por exemplo, podia entregar uma certa quantia em dinheiro, numa casa templária, que tinha a certeza que ela seria entregue ao seu destinatário em Tomar, Londres ou Jerusalém.

Devido à sua extraordinária riqueza e poder, os Templários começaram a ser requisitados pelos vários nobres e reis, que lhes pediam avultados empréstimos. O valor em dívida atingiu tais proporções que um dos devedores insolventes – o rei francês, Filipe, O Belo, -  percebeu que não lhes conseguiria pagar. Por isso, decidiu extingui-los. Não apenas ilegalizar a Ordem ou ficar-lhes com os bens, mas matá-los.
Para tornar legal a sua ação, Filipe mandou prender os Templários em França, numa sexta-feira 13, em Outubro de 1307,acusando-os de heresia, sacrilégio, blasfémia, adoração do sol, negação de Cristo.
O Papa Clemente V, contemporâneo de rei Filipe, ainda tentou alterar o curso da História, mas como estava muito dependente do monarca francês, acabou por ser ele a conduzir o processo de extinção da mais poderosa Ordem Religiosa do Mundo. Ele e o compatriota Filipe solicitaram aos restantes monarcas cristãos do velho continente que prendessem os templários que viviam nos seus países e lhes tomassem os bens.

No Concílio de Vienne (1312) o Papa decretou a abolição dos Templários e recambiou os seus bens para a Ordem dos Cavaleiros do Hospital. Em Portugal, D. Dinis fez reverter para a coroa os extensos bens dos Templários, mas o papa que sucedeu a Clemente V, João XXII, não aceitou tal decisão e, aproveitando o duplo falecimento de Filipe e Clemente V, em 1314, restabeleceu algum do poder material e político da Igreja, obrigando o rei português a entregar à então recém-criada Ordem de Cristo aquilo que pertencera aos Templários.
        
A ascensão e queda dos Templários revela bem como o dinheiro, a riqueza e o poder sempre foram elementos fundamentais na Igreja Católica. Sustentaram a sua posição nas diversas sociedades em que se inseriu ao longo dos séculos e construíram sobre o seu edifício moral os telhados de vidro, para onde, ainda hoje, os seus críticos atiram pedras que ferem.
Gabriel Vilas Boas

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