A maior parte de nós apenas percebe o efeito devastador de
um preconceito, quando é alvo dele. É um péssimo momento para reagir ou tomar
uma posição de princípio sobre o tema, porque todos perceberão que o fazemos
somente porque dele somos vítima.
Se é um mau momento para reagir, é uma ótima altura para
entender a matéria de que é feito um preconceito: ignorância, arrogância,
considerações altamente subjetivas sobre a realidade e os outros e medo.
Na verdade, o preconceito prolifera quando encontra pasto
nas nossas fragilidades pessoais, culturais e afetivas. Desgraçadamente cuidamos
mal dos nossos pontos fracos.
O que fazer quando somos alvo de
um preconceito?
Recorrer aos factos, à História.
O problema é que nos viciámos no veneno da pós
verdade, que é como quem diz “a verdade feita à medida dos desejos de cada
um”, ou seja, a mentira.
Se os factos são poderosos e nós
persistentes, lentamente causarão erosão no preconceito, mas é tudo sempre tão
lento e nada parece apagar os efeitos psicológicos de um preconceito mal-intencionado.
Apesar de tudo, acho que vale a
pena apostar nos factos, na nossa história, na coerência de uma vida.
Não
desistir de impor a força dos factos é uma atitude que aprecio nas pessoas. Há
nela uma deliciosa lição de cidadania e afeto, porque mais do que contribuir
para a limpeza da nossa imagem social, estamos a formar consciências e a evitar
muitos sofrimentos futuros a outras pessoas.
Quando destruímos um preconceito
somos mais livres, emocionalmente mais fortes e culturalmente mais
equilibrados.
Esperar que a realidade se
imponha por si é mais cómodo e por vezes isso acontece, mas os factos precisam
de gente corajosa. Os factos precisam de arautos e defensores atuantes. A
quantidade de vezes que os factos se impõem aos preconceitos depende mais da
nossa coragem do que imaginamos.
GAVB
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