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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

UMA IDEIA LUMINOSA

Quando tinha doze anos, um professor escolheu a seguinte pergunta para fazer a primeira abordagem ao grupo de adolescentes que tinha à sua frente: “como seria a vossa casa de sonho?”. Uns sonhavam com casas enormes, com vários pisos e um número considerável de quatros, outros centravam os seus desejos numa piscina exterior ou num campo de ténis, havia aqueles que particularizavam e desejavam que tivesse uma biblioteca…. Depois de ouvir todos aqueles jovens ambições, o professor disse apenas que gostava que a sua casa tivesse muita luz.
                A ideia, o desejo ficou tal modo imerso na minha memória que rapidamente a adotei como minha. Passaram anos, e a casa com luz (natural) ainda é a ideia mais sedutora quando penso na minha casa de sonho.
             É certo que uma casa de sonho depende de muitas condicionantes, algumas impossíveis de contornar. O espaço, o meio envolvente, o dinheiro disponível, as regras arquitetónicas a cumprir. Todavia, sempre achei que a concretização do meio sonho (muito pouco original, diga-se) dependia do génio do arquiteto.
               

Felizmente a arquitetura dos últimos vinte/trinta anos vai ao encontro dos meus anseios. A arquitetura moderna apresenta propostas que privilegiam a luminosidade natural das casas.  Foi preciso vencer barreiras complicadas. Talvez a mais difícil fosse a da mentalidade. As pessoas achavam (algumas ainda acham) que as grandes são um atentado à privacidade. Ainda que se perca alguma privacidade, essa perda pode ser bastante mitigada pela maneira hábil como o arquiteto pode projetar, dirigindo os espaços mais expostos aos olhares indiscretos para sítios pouco frequentados por pessoas estranhas à habitação. Sobreveio ainda o medo da insegurança que o vidro oferecia quando comparado com as grossas paredes de tijolo. Felizmente os dados estatísticos mitificaram esses receios.
                Sobravam então as vantagens. A primeira de todas, um ganho estético enorme. As casas onde a luz natural penetra, de maneira decidida mas controlada, são casas mais bonitas, mais harmoniosas, onde os espaços, os objetos e o mobiliário brilham de um modo mais intenso.  Claro que é preciso regular essa entrada de luz. Deve entrar claridade mas não o sol. Para que a casa possa parecer uma estufa natural de inverno e um local aprazível, onde se contempla a natureza, no verão.
             
   As paredes em vidro permitem o diálogo entre espaço interior e exterior de maneira a que se complementem e enriqueçam. Quando o arquiteto tem ao seu dispor a natureza, pode jogar com ela e dentro da casa podemos assistir à mudança dos quadros da sala à medida que as estações da natureza rodopiam. É uma sensação única de fruição da sensação visual. A comunhão com a natureza e com a arte faz-se em simultâneo.
Há numerosos exemplos disso, mas destacaria dois: a igreja de Santa Maria em Marco de Canaveses e o Museu da Fundação de Serralves, no Porto.
                Convém não negligenciar os enormes ganhos económicos que uma casa deste tipo traz, como o aquecimento e a iluminação.
                Uma casa com iluminação natural traz economia, sofisticação, alegria, prazer de viver. Ela é o espelho de uma alma em paz e feliz.
                A casa também te constrói.

Gabriel Vilas Boas

10 comentários:

  1. Como eu te compreendo Gabriel, o meu sonho é ter uma casa como se fosse um aquário, toda em vidro de alto a baixo!
    Adoro luz, luminosidade e sol!
    :-)

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    1. Eu sei que sim, Sofia Saraiva. Uma casa com luz é uma casa com vida e alegria.

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  2. Sim, a Luz ilumina a mente e a alma...

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  3. Gosto de casas de paredes claras, com muitas luz. Para serem acolhedoras, têm de ter madeiras claras, estantes com livros em vários compartimentos, janelas grande por onde entre a luz, pelo menos uma varanda com plantas e onde se possa pendurar uma rede, e candeeiros que tornem o ambiente "morno". Além de tudo isso, numa casa aprecio a presença de móveis ou de objectos que espelhem a personalidade de quem as habita. Não gosto de casa em que tudo parece ter sido comprado por medida e que pareçam museus.
    (Parece que me alonguei!)
    Bom fim de semana. :)

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    1. Claro que não te alongaste, deeep. É um prazer ler os teu comentários e também responder-lhes. Uma casa é tua quando espelha a tua personalidade. Concordo contigo.

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  4. Só posso concordar contigo muito embora tenha de fazer uma pequena correcção - este tipo de arquitectura que aqui referes, modernista, tem basicamente um século de existência e foi possibilitada por uma combinação maravilhosa de materiais: aço, betão e vidro. Sabes que eu sou adepta da luz e da transparência. Em nós e nas nossas casas. E pratico. Deixo-te aqui um post antigo que foca este assunto para mim tão importante. http://anabelapmatias.blogspot.pt/2009/09/transparencia.html
    Beijocas

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  5. Obrigado pela correção Anabela. E pelo comentário também.

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  6. A casa dos meus Sonhos... com janelas enormes e varandas... para permitir o diálogo entre o espaço interior e exterior. Assim: será o espelho de uma alma em Paz e Feliz!!!

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