Quando tinha
doze anos, um professor escolheu a seguinte pergunta para fazer a primeira
abordagem ao grupo de adolescentes que tinha à sua frente: “como seria a vossa
casa de sonho?”. Uns sonhavam com casas enormes, com vários pisos e um número
considerável de quatros, outros centravam os seus desejos numa piscina exterior
ou num campo de ténis, havia aqueles que particularizavam e desejavam que
tivesse uma biblioteca…. Depois de ouvir todos aqueles jovens ambições, o
professor disse apenas que gostava que a sua casa tivesse muita luz.
A ideia, o desejo ficou tal
modo imerso na minha memória que rapidamente a adotei como minha. Passaram
anos, e a casa com luz (natural) ainda é a ideia mais sedutora quando penso na
minha casa de sonho.
É certo que uma casa de sonho
depende de muitas condicionantes, algumas impossíveis de contornar. O espaço, o
meio envolvente, o dinheiro disponível, as regras arquitetónicas a cumprir.
Todavia, sempre achei que a concretização do meio sonho (muito pouco original,
diga-se) dependia do génio do arquiteto.
Felizmente a arquitetura dos
últimos vinte/trinta anos vai ao encontro dos meus anseios. A arquitetura
moderna apresenta propostas que privilegiam a luminosidade natural das
casas. Foi preciso vencer barreiras
complicadas. Talvez a mais difícil fosse a da mentalidade. As pessoas achavam
(algumas ainda acham) que as grandes são um atentado à privacidade. Ainda que
se perca alguma privacidade, essa perda pode ser bastante mitigada pela maneira
hábil como o arquiteto pode projetar, dirigindo os espaços mais expostos aos
olhares indiscretos para sítios pouco frequentados por pessoas estranhas à
habitação. Sobreveio ainda o medo da insegurança que o vidro oferecia quando
comparado com as grossas paredes de tijolo. Felizmente os dados estatísticos
mitificaram esses receios.
Sobravam então as vantagens. A
primeira de todas, um ganho estético enorme. As casas onde a luz natural
penetra, de maneira decidida mas controlada, são casas mais bonitas, mais
harmoniosas, onde os espaços, os objetos e o mobiliário brilham de um modo mais
intenso. Claro que é preciso regular
essa entrada de luz. Deve entrar claridade mas não o sol. Para que a casa possa
parecer uma estufa natural de inverno e um local aprazível, onde se contempla a
natureza, no verão.
As paredes em vidro permitem o
diálogo entre espaço interior e exterior de maneira a que se complementem e
enriqueçam. Quando o arquiteto tem ao seu dispor a natureza, pode jogar com ela
e dentro da casa podemos assistir à mudança dos quadros da sala à medida que as
estações da natureza rodopiam. É uma sensação única de fruição da sensação
visual. A comunhão com a natureza e com a arte faz-se em simultâneo.
Há
numerosos exemplos disso, mas destacaria dois: a igreja de Santa Maria em Marco
de Canaveses e o Museu da Fundação de Serralves, no Porto.
Convém não negligenciar os
enormes ganhos económicos que uma casa deste tipo traz, como o aquecimento e a iluminação.
Uma casa com iluminação natural
traz economia, sofisticação, alegria, prazer de viver. Ela é o espelho de uma
alma em paz e feliz.
A casa também te
constrói.
Gabriel Vilas
Boas
Como eu te compreendo Gabriel, o meu sonho é ter uma casa como se fosse um aquário, toda em vidro de alto a baixo!
ResponderEliminarAdoro luz, luminosidade e sol!
:-)
Eu sei que sim, Sofia Saraiva. Uma casa com luz é uma casa com vida e alegria.
EliminarSim, a Luz ilumina a mente e a alma...
ResponderEliminarE há momentos em que a alma precisa mesmo de luz...
EliminarGosto de casas de paredes claras, com muitas luz. Para serem acolhedoras, têm de ter madeiras claras, estantes com livros em vários compartimentos, janelas grande por onde entre a luz, pelo menos uma varanda com plantas e onde se possa pendurar uma rede, e candeeiros que tornem o ambiente "morno". Além de tudo isso, numa casa aprecio a presença de móveis ou de objectos que espelhem a personalidade de quem as habita. Não gosto de casa em que tudo parece ter sido comprado por medida e que pareçam museus.
ResponderEliminar(Parece que me alonguei!)
Bom fim de semana. :)
Claro que não te alongaste, deeep. É um prazer ler os teu comentários e também responder-lhes. Uma casa é tua quando espelha a tua personalidade. Concordo contigo.
EliminarSó posso concordar contigo muito embora tenha de fazer uma pequena correcção - este tipo de arquitectura que aqui referes, modernista, tem basicamente um século de existência e foi possibilitada por uma combinação maravilhosa de materiais: aço, betão e vidro. Sabes que eu sou adepta da luz e da transparência. Em nós e nas nossas casas. E pratico. Deixo-te aqui um post antigo que foca este assunto para mim tão importante. http://anabelapmatias.blogspot.pt/2009/09/transparencia.html
ResponderEliminarBeijocas
Obrigado pela correção Anabela. E pelo comentário também.
ResponderEliminarA casa dos meus Sonhos... com janelas enormes e varandas... para permitir o diálogo entre o espaço interior e exterior. Assim: será o espelho de uma alma em Paz e Feliz!!!
ResponderEliminarAna, estás inspirada!
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