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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

AO SOM DE NELSON FREIRE

De entre todos os pianistas da atualidade, Nelson Freire é sem dúvida um dos melhores, fazendo com que o piano cante e nos transmita emoções que só alguns conseguem. Tem técnica, tem musicalidade, uma entrega total à essência da obra e uma intimidade com o piano que até as peças com grande grau de dificuldade parecem fáceis quando saem das suas mãos. Nelson Freire tem as mãos perfeitas para tocar tudo que quiser, mas para além disso toca também com o coração e com a cabeça, o que nem sempre é fácil e a maioria dos pianistas esquece com a preocupação de tocar tecnicamente bem. É preciso haver este equilíbrio entre domínio técnico e mental da obra. Dinâmica correta, fraseado, articulação e qualidade do som são fundamentais para uma boa execução.



Nélson Freire nasceu no interior de Minas Gerais em 1944, sendo o filho mais novo e fazendo uma grande diferença de idade em relação às irmãs. Em casa havia um piano e a mãe e uma das irmãs tocava, tendo Nelson Freire começado a estudar piano aos 3 anos. Aos cinco, já se apresentava em público na sua cidade natal e aos doze a família decidiu mudar-se para o Rio de Janeiro com o propósito de proporcionarem ao filho a continuação dos seus estudos musicais. Aos quinze anos já estava em Viena a estudar e aos vinte foi o vencedor do Concurso Internacional de Piano Vianna da Motta, em Lisboa. Seguiram-se outros prémios, muitos concertos e algumas gravações, mas para o ouvinte, o melhor prémio é assistir a um dos seus recitais.

Nelson Freire é um grande intérprete de Chopin, Liszt, Brahms, Rachmaninoff e Villa-Lobos, ou seja compositores do período romântico, mas a proposta de audição para esta semana é o arranjo de Sgambati para piano, da Melodia da ópera “Orfeu e Eurídice”, de Gluck (1714 -1787), que o pianista tem tocado como encore em vários concertos. 

Margarida Assis


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