Avenida
Alexandre Herculano
Há uns anos atrás reli, no extinto Jornal Riba Tâmega do
dia 20 de Janeiro de 1983, um trabalho que sob o título genérico de “Etnografia
do Aro Amarantino” da autoria do Senhor Engenheiro Augusto de Pinho, abordava o
tema da “…Toponímia da Urbe Amarantina”
Na sequência desta leitura e o facto de eu integrar,
nessa altura, a Comissão Municipal de Toponímia, levou-me a iniciar uma recolha
de informação e a registar uma série de elementos, que tenho vindo a “colecionar”
desde então.
Como não existe nenhum roteiro toponímico da nossa
cidade, pensei que, talvez estas anotações possam valer alguma coisa para o
efeito!
Mas, da valia destas anotações, que não têm pretensões de
investigação científica, nem de trabalho acabado sobre o assunto, poderão os
leitores pronunciar-se a partir de hoje neste blogue, sendo que para mim são tão
só o meu humilde contributo!
Comecemos pelo
GRANDE Alexandre Herculano
“Alexandre Herculano de
Carvalho e Araújo é um dos vultos mais notáveis da literatura portuguesa”
Nasceu em Lisboa, a 28 de Março de 1810, fez os primeiros
estudos nas Necessidades, sob a direcção dos Oratorianos de S. Filipe Néri.
Prestes a entrar na Universidade, teve de interromper os estudos, pois a
desgraça bateu à porta do seu pai que cegou e ficou em más condições
financeiras. Não desistiu face à contrariedade e matriculou-se na Aula do
Comércio, onde aprendeu línguas, falando correctamente francês, inglês, alemão,
italiano e espanhol! Com 20 anos frequentava, na Torre do Tombo, a aula de
diplomática ou paleografia!
Em 1831, comprometido na Revolta de Infantaria 4, contra
D. Miguel, que fracassou, acabou por fugir para o estrangeiro (Inglaterra e
depois França) e em 1832 na companhia de Almeida Garrett segue para os Açores
onde se alista no Regimento dos Voluntários da Rainha (liberais). Em Julho de
1832, é um dos bravos que desembarcam no Mindelo e vai portar-se com a maior
valentia durante o cerco do Porto.
Foi ajudante de bibliotecário do Paço Episcopal do Porto,
foi director da Biblioteca da Ajuda e ingressa depois na Academia Real das
Ciências onde inicia a publicação da Portugaliae
Monumenta Historica, que dá pela primeira vez à estampa, os mais valiosos
manuscritos e velhas crónicas da nossa história.
Na ânsia de reunir, estudar e até salvar muitos
documentos que corriam o risco de se perder, percorreu o país para visitar os
seus arquivos e bibliotecas. Nesta tarefa titânica enfrentou as incómodas
viagens pelas estradas que eram poucas e más e até a incompreensão e
hostilidade dos homens e corporações que se opunham àquilo que consideravam a
devassa dos seus arquivos! Nessas andanças recolheu 120.000 documentos que
deram entrada na Torre do Tombo!
Nestas andanças também passou por Amarante, numa saída
iniciada em Lisboa a 21 de Junho de 1854.
Cansado das incompreensões e mesquinhez do Portugal
pequenino, fugiu como bem disse Oliveira Martins “corrido de vergonha e de
tédio” perante a corrupção geral e foi “exilar-se” na sua propriedade de
Vale-de-lobos!
Morreu a 13 de Setembro de 1877 e foi sepultado no
cemitério de Azóia sendo trasladado para o Panteão Nacional (Mosteiro dos
Jerónimos) a 28 de Junho de 1888!
Dele disse Eduardo Noronha: “a morte restitui as
proporções aos colossos, que a vida, ensombrada pelos medíocres, se esforça por
amesquinhar”
Em 1910 celebrou-se em todo o país, o centenário do
nascimento de Alexandre Herculano.
A nossa Avenida
Alexandre Herculano nasce nesta época de homenagem!
Em sessão da Comissão Administrativa Municipal
Republicana de Amarante,realizada a 30 de Abril de 1910 “prestando assim o
devido preito e homenagem ao grande historiador que acaba de ter uma merecida
apoteose em todo o país”
Tal decisão derivou do solicitado pela Comissão
Organizadora do Centenário de Alexandre Herculano, de Coimbra que pediu à
Câmara de Amarante “…que dê a uma das
ruas o nome do glorioso historiador…”, pedido este recebido a 21 de Março
de 1910.
Mas já anteriormente, um ilustre tribuno amarantino
(conselheiro António Cândido) apresentara, em 1881, na Câmara dos Senhores
Deputados um pedido de autorização para o governo gastar até à quantia de 10
contos de Reis com o monumento a Alexandre Herculano! E fê-lo no seu mais
elegante e convincente estilo:
«-O glorioso historiador,
o primoroso literato, o trabalhador infatigável, que consumiu na meditação e no
estudo – no mais útil estudo e na mais fecunda meditação - os melhores anos da
sua vida; o heróico batalhador, que levou de vencida os erros e preconceitos do
seu tempo, e só se sentiu desalentado, e sucumbiu, quando viu diante de si, não
grandes e fortes convicções a combater, mas pequeninas intrigas, injúrias,
calúnias, umas cousas miseráveis que ele devia ter esmagado com o seu desprezo,
e nunca distinguido com a sua atenção, Alexandre Herculano tem pleníssimo
direito ao culto em que se transforma sempre o reconhecimento dos povos pelos
grandes homens que os servem com o seu talento e com o seu trabalho…»
A nossa Avenida Alexandre Herculano é a parte da Estrada
da Feitoria compreendida dentro dos limites da cidade, que se inicia no Largo
do Arquinho e se estende até ao cruzamento da Costa Grande (Madalena) e que se
enquadrava na desclassificada Estrada Nacional 312 (Livração-Ribeira de Pena,
passando por Fridão).
Podes continuar! Ainda bem que o Gabriel te convenceu a escrever aqui!
ResponderEliminarBjs
Muito bem! Só falta: <3
ResponderEliminarO Aires é uma voz autorizada no domínio da História local e nacional, Anabela Magalhães.
ResponderEliminar...e não só!... Internacional, também!...
ResponderEliminarO TEXTO SOBRE TOPONÍMIA AMARANTINA ESTÁ EXCELENTE!!! GOSTEI... PARABENS AO AUTOR. OBRIGADA GABRIEL!!!
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