É a
rua que do lado nascente da Ponte de S. Gonçalo (margem esquerda) conduz ao
Largo Conselheiro António Cândido (vulgo Largo do Arquinho).
Primitivamente
foi conhecida e tratada por Rua de
Gouveia, por ser a mais importante artéria do extinto concelho medieval com
o mesmo nome e que teve foral outorgado pelo rei D. Manuel I a 22 de Novembro
de 1513, e cuja casa da Câmara se situava ao fundo da mesma rua, em local ainda
hoje assinalado por uma placa granítica, integrada na fachada do edifício e a
encimar a porta do Café Morgado!
E
“reza” assim:
Documentos
antigos atribuem àquela zona a denominação de “ Povoação de Cubello do Tâmega”, de onde virá àquela rua a
designação que melhor a identifica, Rua
do Covelo!
Contudo
as vicissitudes da história do país tiveram sempre repercussões significativas
na nossa terra e a mesma rua é “baptizada” durante a Monarquia Constitucional
com o nome de Rua D Luis I em
homenagem ao monarca que herdou a coroa de D. Pedro V, seu irmão, que faleceu sem
descendência em Novembro de 1861.
Mas
a República implantada a 5 de Outubro de 1910 depressa lhe trocou o nome, e
ainda não acabado o mês de Outubro, a 29 de Outubro de 1910, já a mesma artéria
se chamava Rua Machado dos Santos em
homenagem ao ilustre republicano que após a morte inesperada do Dr. Miguel
Bombarda a 3 de Outubro de 1910, deu início ao movimento revolucionário que
iria implantar a República em Portugal, e no qual se distinguiu como verdadeiro
herói na Rotunda da Avenida da Liberdade.
Mas
foi sol de pouca dura!
A 4
de Março de 1911, a mesma Comissão Administrativa Republicana de Amarante,
atribui à rua o nome de Rua 31 de
Janeiro, para homenagear os que participaram no movimento revolucionário de
31 de Janeiro de 1891,a primeira grande tentativa republicana de derrube da
monarquia e que nas palavras de João Chagas (n. Rio de Janeiro, 1 de Setembro
de 1863- m. Cascais, Estoril, 28 de Maio de 1925) foi “ o mais luminoso e viril movimento de emancipação que ainda sacudiu
Portugal no último século”, ignorando mesmo o nome de Machado dos Santos
recentemente atribuído, a crer no texto justificativo da atribuição do novo
nome:
“…tomando por base norma seguida pela Câmara do Porto e outras do
país, resolveu esta Câmara, que não se dê às ruas da vila o nome de vivos e em
harmonia com esta resolução resolveu que à Rua D. Luiz I, se dê o nome da Rua
31 de Janeiro.” ( Livro de
Actas- 4, pag 9 de 4 de Março de 1911)
De
todos estes nomes, aquele que reuniu o consenso popular, foi e continua a ser a
designação de Rua do Covelo!
Esta
rua é por demais conhecida de amarantinos e forasteiros, pelos inúmeros
estabelecimentos comerciais, nomeadamente os de restauração (restaurantes e
tasquinhas) que se orgulham de bem servir a excelente gastronomia local e das
confeitarias, exímias na produção da tradicional doçaria conventual!
É
uma das ruas que em tempos de cheias o Tâmega inunda, transfigurando-a em canal
de uma qualquer Veneza do Douro Litoral!
Rua do Covelo - Cheias de 1962 |
A
Rua ostenta orgulhosamente nas suas paredes os níveis das incursões do Tâmega,
como se de feridas de guerra que a dignificam se tratasse, para espanto dos
forasteiros que nos visitam!
Nesta
rua nasceram dois prestigiados jornais locais, a Flôr do Tâmega e o Tribuna de
Amarante, da iniciativa da família Carneiro!
Ali
terá existido o hospital e albergaria medieval do Covelo, e um interessante
fontanário, chamado de “fonte da Albergaria” que ainda conheci, mas que a
voracidade do tempo e dos homens “extinguiu”. Neste hospital e albergaria se
dava acolhimento a peregrinos doentes que a Amarante se deslocavam em romagem
ao túmulo de S. Gonçalo.
A este hospital e albergaria se refere a Drª
Maria José Queirós Lopes no seu trabalho de Mestrado em História Moderna,
intitulado “ Misericórdia de Amarante: Contribuição para o seu estudo”, nos
seguintes termos:
- “O
hospital da albergaria tinha uma localização privilegiada junto da casa do
foral do concelho de Gouveia. Dispunha de comunicação directa por escada com a
rua do Covelo, a principal artéria da época. O edifício implantava-se num
espaço murado que em volta dele enformava o pátio com escadas que desciam para
um terreiro espaçoso (328m2), em proporção à dimensão do edifício cuja
área seria na ordem de 13lm2. Era no terreiro que se situava a fonte da
albergaria, da qual ainda há memória.
António
Aires
Gostei deste artigo tão informativo sobre a nossa... pois, Rua do Covelo!
ResponderEliminarCresci aqui. Aqui morava a minha avó. Fiquei a conhecer mais pedaços da história da Rua do Covelo. Parabéns, Aires
ResponderEliminarÉ maravilhoso quando verificamos que a Rua onde crescemos tem tanto História e tantas histórias para contar.
EliminarHá muito para descobrir sobre Amarante. Cada rua, cada recanto, alguns edifícios escondem histórias que vale a pena contar.
EliminarGOSTEI... MAS NÃO CONHEÇO A RUA 31 DE JANEIRO OU RUA DO COVELO!!! PARABENS.
ResponderEliminarNão conheces, mas podes e deves conhecer, Ana. Vais gostar.
Eliminar´´Otima resposta!...
EliminarPenso ser lapso do autor, D. Luís recebe a coroa de seu irmão D. Pedro V e não Carlos V.
ResponderEliminarParabéns ao autor pelos temas de história que leio com especial prazer. Pov.
Claro que foi lapso. Obrigado pela atenção. Também seria uma atenção connosco que o comentário tivesse autor. O texto tem, o blogue tem, os comentadores também têm.
EliminarO anónimo existe, para alguma coisa, não?!... Se não tirem-no...
ResponderEliminarSe o anónimo existe, ninguém tem que se queixar|...
ResponderEliminarTirem o anónimo, se incomoda tanto!....
ResponderEliminarQuero agradecer ao Anónimo a pertinência da correcção! Aliás só tivemos um rei D.Carlos e era precisamente filho de D.Luis I.
ResponderEliminarAntónio Aires
Que aflição vos faz o anonimato!....
ResponderEliminarPelo visto o anónimo é que está aflito. Nó publicamos o que os anónimos dizem, sempre que isso é pertinente em relação ao texto publicado. Claro que não vamos tirar o anónimo, ele serve para as pessoas ainda pouco habituados com os comentários em blogue expressarem a sua opinião. E claro que também serve para os corajosos deixarem a sua douta opinião sobre a pessoa que escreve. A mim, os anónimos não me incomodam, eles é que deviam incomodar-se...
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