Há gente de todo o mundo, da Índia à Alemanha, do Brasil a Itália, da Rússia a Marrocos – a Tomatina de Bunol, em Valência (Espanha) já faz parte do mapa turístico espanhol e tem direito a figurar nas notícias de férias de verão como uma atração turística prazerosa.
Vinte mil pessoas, cento e sessenta toneladas de tomates e adultos com uma enorme vontade de brincar na lama do tomate.
Há certamente gente de todas as idades nesta icónica festa espanhola, mas as imagens trazem-nos sobretudo jovens adultos, o que deixa a entender quão presente ainda está, num homem ou mulher de trinta anos, a vontade de brincar. Libertar o instinto, deixar correr a alegria, descobrir o prazer de pregar partidas e ser alvo delas.
Acho que a Tomatina é mais que uma festa de cor, de belas fotos, de happening social, pois penso que ela revela também a criança que permanece em cada adulto. Ora, se achamos aceitável, saudável até, participar nestas brincadeiras quando somos adultos, também devemos valorizá-las nos mais pequenos.
Quantos de nós estariam disponíveis para uma Tomatina familiar ou entre amigos? Muitas vezes, penso que formatamos demasiadamente cedo os nossos filhos para as exigências do mundo adulto e torcemos o nariz quando eles querem apenas brincar. Acusamo-los de se fecharem no smartphone, mas fazemos o mesmo e sobretudo não brincamos com eles. Um adulto sanciona uma brincadeira quando participa nela. Dá-lhe estatuto e importância.
Com fotos ou sem elas, as memórias felizes de infância também se constroem com brincadeiras onde se suja muita roupa e ninguém tem medo do ridículo, nem de perder, porque nelas todos ganham aquela alegria de que são feitas as pessoas felizes.
gavb