A grande ambição de um trabalhador é a estabilidade profissional,
que é como quem diz um emprego a perder de vista, bem remunerado, com bons
colegas e boas condições de trabalho. Obviamente que há muitas pessoas que
conseguem alcançar este elixir laboral, como há pessoas que gozam férias várias
vezes durante ano, mas não são a maioria.
Por outro lado, a estabilidade laboral é um pouco como o
dinheiro que pensamos ter depositado no banco – não existe, mas nós acreditamos
que sim e isso nos basta para vivermos descansados.
Grande parte dos funcionários públicos são-no porque
acreditam que o seu emprego é para a vida. Esta é a grande vantagem do emprego
público (pelo menos em teoria), mas, na realidade aplica-se só aos mais velhos
e há gente que passou já metade da sua carreira como contratado do Estado.
No entanto, a questão sobre a qual quero refletir é outra:
esta gente do emprego para a vida é feliz? Pensem nos professores, nos
funcionários das finanças, nos juízes,
ouçam-nos a falar dos seus empregos… vão concluir que há ali muita frustração
acumulada. A realização profissional não passa por ter um emprego para a vida,
mas nós passamos grande parte da vida no emprego, logo é pouco provável
sentirmo-nos realizado no meio de tanta frustração profissional.
Cada vez mais tenho a convicção que o emprego para a vida
nos “amolece”, fazendo-nos esquecer que o trabalho também nos deve desafiar. Além disso,
aceitamos de cabeça baixa que nos imponham regras absurdas, que a qualidade das
relações laborais se degrade, que o salário só sofra a atualização da
inflação, apenas para defender esse bem maior afinal é muitas vezes
virtual) que é a estabilidade. Entretanto, a vida perde sabor e começamos a
dizer mal de tudo e de todos.
Mudar de trabalho, uma ou duas vezes na vida, só nos faria
bem. Seria muito importante sentirmo-nos novamente desafiados, postos à prova.
Ganharíamos novos conhecimentos e forçosamente o nosso quadro social mudaria.
Com ele uma nova panóplia de oportunidades e outra vida surgiria.
Hoje cada vez mais gente é obrigada a mudar. A mudança
acontece mas são os outros a escolher por nós. Quando se trata da nossa vida, do
nosso futuro profissional, o melhor é não deixar isso nas mãos dos outros ou do
caso. Planear uma mudança profissional pode ser o melhor upgrade que fazemos à
nossa vida.
GAVB
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