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segunda-feira, 7 de agosto de 2017

SUPREMA CANALHICE


Nas últimas horas, o Supremo Tribunal Grego tomou uma das suas piores decisões ao descriminalizar o não pagamento de salário.
A partir de agora, deixa de ser crime uma empresa atrasar-se no pagamento do salário ao trabalhador, a não ser que esse atraso esteja ligado a uma intenção deliberada da empresa despedir o trabalhador. Mas quem quer despedir um trabalhador que trabalhe de borla e a lei não o protege?

Um tribunal não paga salários, mas todos esperam que garanta a justiça, que é como quem diz a lei. A decisão do Supremo Tribunal Grego é uma péssima notícia, mas apenas vem legalizar aquilo que tem sido uma prática grega nas últimas décadas: não pagar. A diferença é que até aqui quem ficava sem o dinheiro eram os povos estrangeiros que emprestavam aos gregos, agora o conceito alastrou à própria sociedade grega.
Aquilo que o Supremo Tribunal helénico fez foi tornar virtual a dívida das empresas aos trabalhadores e legalizar o incumprimento. Não demorará muito tempo até que ninguém pague o que deve, tenha ou não tenha recursos para o fazer.

É verdade que as empresas gregas passam por muitas dificuldades e é-lhes difícil solver os seus compromissos, mas também é verdade que esta inexplicável descriminalização do Supremo Grego fará com que muitas empresas adiem pagamentos ou só paguem parte do que devem. Os trabalhadores terão de trabalhar como escravos, recebendo um salário em cinco ou seis que lhes são devidos, para manter a expectativa de receber aquilo que é seu por direito.
Não deixa de ser irónico que seja durante a vigência de um governo do Syriza que uma medida tão próxima do capitalismo selvático consegue penetrar no Olimpo da democracia.
Quando, hoje, olho para aquilo em que a Grécia se tornou, tenho de reconhecer que aquilo mais parece o berço da Demagogia do que a mãe da Democracia. 
O maior património que um devedor deve defender é a sua credibilidade de bom pagador. Esta decisão do Supremo Grego pareceu apenas uma suprema canalhice.

GAVB

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