O termo nasceu após Lynn
Aronberg (devota defensora de Trump) e o seu marido, Dave Aronberg (democrata convicto)
se terem separado e assumido que a rutura se deveu a divergências ideológicas e
políticas, que as decisões do presidente dos EUA tornaram mais evidentes.
O caso não é circunstancial
mas emblemático, porque desde que o presidente dos EUA assumiu o poder tem
crescido a onda de divórcios entre os americanos e tudo leva a crer que o
estilo de governação de Donald Trump ajudou a muitos deles.
Um estudo recente, denominado “O
Efeito Trump nas relações dos americanos”, concluiu que 29% dos inquiridos
casados admite que o seu casamento tem sofrido fortes perturbações por causa
das medidas defendidas e implementadas por Trump, nomeadamente no que diz
respeito ao tema da imigração.
Acho que
devemos olhar para a questão americana além da figura de Donald Trump. O seu
radicalismo e xenofobia pode ser-nos muito útil, para perceber até que ponto
negligenciamos as diferenças ideológicas nos relacionamentos.
Dado o cinismo
político em que a Europa vive, foi fácil fazer triunfar a lei do Amor sobre as
diferenças políticas e ideológicas, por mais irreconciliáveis que elas sejam,
mas quando aparece um sujeito como Donald Trump é óbvio que um casal não pode fugir
a questões tão fraturantes como o que fazer com os emigrantes (especialmente
qual eles são árabes, hispânicos ou negros) ou que sistemas de saúde devemos ou
não proporcionar aos mais desprotegidos. É que defender as ideias de Donald
Trump é vestir-lhe a pele, ser um pouco como ele, no que isso tem de asqueroso
e ignóbil também.
Nas relações pessoais e afetivas, como noutros aspetos da
vida, sempre gostei da diferença e ela sempre me atraiu mais que a convergência
de pontos de vista. No entanto, esse prazer de desfrutar da diferença do outro
foi entristecendo quando percebia que não havia reciprocidade. Adoro a
diferença, mas ela só possível quando há respeito por ela.
Quando alguém se diz defensor da pluralidade de opiniões e
convicções, mas não a pratica, ora querendo impor a sua ora ridicularizando a
do outro, Respeito e Diferença deixaram de ser parceiros.
Talvez por isso perceba perfeitamente que não há amor ou
paixão que resista a divergência ideológicas tão profundas como aquelas que
Donald Trump trouxe para a discussão.
Por incrível que pareça, por vezes, é a política que nos mostra
que o relacionamento amoroso bem-sucedido exige muito mais do que amor e uma
cabana.
GAVB
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