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domingo, 6 de agosto de 2017

DIVÓRCIO TRUMP


O termo nasceu após Lynn Aronberg (devota defensora de Trump) e o seu marido, Dave Aronberg (democrata convicto) se terem separado e assumido que a rutura se deveu a divergências ideológicas e políticas, que as decisões do presidente dos EUA tornaram mais evidentes.

O caso não é circunstancial mas emblemático, porque desde que o presidente dos EUA assumiu o poder tem crescido a onda de divórcios entre os americanos e tudo leva a crer que o estilo de governação de Donald Trump ajudou a muitos deles.

Um estudo recente, denominado “O Efeito Trump nas relações dos americanos”, concluiu que 29% dos inquiridos casados admite que o seu casamento tem sofrido fortes perturbações por causa das medidas defendidas e implementadas por Trump, nomeadamente no que diz respeito ao tema da imigração.
        

Acho que devemos olhar para a questão americana além da figura de Donald Trump. O seu radicalismo e xenofobia pode ser-nos muito útil, para perceber até que ponto negligenciamos as diferenças ideológicas nos relacionamentos.
         Dado o cinismo político em que a Europa vive, foi fácil fazer triunfar a lei do Amor sobre as diferenças políticas e ideológicas, por mais irreconciliáveis que elas sejam, mas quando aparece um sujeito como Donald Trump é óbvio que um casal não pode fugir a questões tão fraturantes como o que fazer com os emigrantes (especialmente qual eles são árabes, hispânicos ou negros) ou que sistemas de saúde devemos ou não proporcionar aos mais desprotegidos. É que defender as ideias de Donald Trump é vestir-lhe a pele, ser um pouco como ele, no que isso tem de asqueroso e ignóbil também.

Nas relações pessoais e afetivas, como noutros aspetos da vida, sempre gostei da diferença e ela sempre me atraiu mais que a convergência de pontos de vista. No entanto, esse prazer de desfrutar da diferença do outro foi entristecendo quando percebia que não havia reciprocidade. Adoro a diferença, mas ela só possível quando há respeito por ela.
Quando alguém se diz defensor da pluralidade de opiniões e convicções, mas não a pratica, ora querendo impor a sua ora ridicularizando a do outro, Respeito e Diferença deixaram de ser parceiros.
Talvez por isso perceba perfeitamente que não há amor ou paixão que resista a divergência ideológicas tão profundas como aquelas que Donald Trump trouxe para a discussão.
Por incrível que pareça, por vezes, é a política que nos mostra que o relacionamento amoroso bem-sucedido exige muito mais do que amor e uma cabana.

GAVB

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