Desde que a Troika saiu do país, Portugal lá tem feito a
sua recuperação económica e social, à custa de muito bom senso, alguma coragem
política, aproveitamento da conjuntura internacional e unidade nacional,
proporcionada pelo Presidente da República mais popular e carismático da nossa
história democrática. No entanto, os fundos problemas estruturais,
organizacionais e mentais permanecem e basta algum «azar» para se notarem, ou
pelo menos nota-se que não há capacidade de resposta para eles.
Em duas/três semanas tivemos um fogo que matou mais de
sessenta pessoas, porque os meios de proteção estavam off-line; detetou-se
fortes suspeitas de fraude em exames nacionais de acesso ao ensino superior, com os prevaricadores a saírem ilesos e, em Tancos, foram roubados explosivos, granadas foguete anticarro, granadas de
gás lacrimogénio, com mais facilidade que se tira um gelado a uma criança.
Envergonhados, os militares lá tiveram de admitir que o
sistema de videovigilância está avariado há dois anos, que a rede e proteção tinha um buraco e quanto aos guardas é possível que tenham sido adormecidos por uma qualquer
oferta como aconteceu no caso do foragido de Caxias.
É provável que o próximo ataque terrorista na Europa tem
marca portuguesa, mas desta vez a nossa imprensa não vai procurar saber se as
granadas usadas pelos terroristas em Londres, Berlim ou Paris são ou não são
«made in Portugal».
Mais do que preocupados com a segurança do país, os
governantes estão embaraçados perante os seus congéneres europeus e americanos.
Eles devem pensar (e com razão) que nem para tomar conta de umas granadas
servimos.
Portugal é um país muito fácil para assaltantes,
traficantes e redes terroristas. Tão fácil que eles nem usam muitas vezes para
não estragar; tão fácil que não seria um grande cometimento fazer aqui um
atentado.
A nossa segurança não se vai tornar um portento em pouco
tempo, até porque temos outras prioridades além da segurança dos paióis,
mas convinha que não sermos assim tão fáceis e tão risíveis. E nem é preciso
gastar assim tanto dinheiro, é preciso ser apenas mais profissional e fazer o
óbvio.
GAVB
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