Como aceitar que algo que queremos absoluto, imutável,
eterno seja resiliente? Admitir que também o Amor tem de se adaptar às
circunstâncias pode ser um processo doloroso e inaceitável para uma imensa minoria, mas
a verdade é que uma das leis do Amor é a resiliência.
E tal não significa menor sentimento, menos comprometimento
ou uma cedência triste às circunstâncias, mas apenas a constatação que tal como
nós mudamos os outros também, tal como os nossos sentimentos se alteram o mesmo
acontece com os dos outros.
Creio que mais do que tentar impedir a mudança que ocorre
nas pessoas que amamos, criticando-a de forma velada ou aberta, o importante é termos o espírito aberto para captar o que de positivo há nessa
mudança e correspondermos ao desafio que nos é lançado.
Quando alguém tímido se torna mais social, quando a pessoa
que amamos começa a gostar mais de viajar ou se torna empreendedora, resta-nos
estar à altura do desafio que nos lança.
O amor não é nenhuma obra de arte rara que adquirimos num
leilão, que penduramos na parede e nos comprazemos a olhar. Gosto de pensar
nele como uma obra de arte em constante aperfeiçoamento.
Obviamente que a resiliência é um ato de amor e de
inteligência e não uma imposição silenciosa sob ameaça de separação. Adaptarmo-nos
para evoluir, para fazer crescer um sentimento forte e não apenas para resistir ao
fim de uma relação.
A resiliência não salva nada, especialmente aquilo que já
está morto, ainda que sem certidão de óbito.
A resiliência é uma espécie de GPS
emocional, capaz de nos guiar pelas estradas mais convenientes às nossas necessidades.
Novas estradas podem trazer imprevistos, alguma insegurança até, mas, se
estamos certos do destino, qualquer trajeto desconhecido se pode tornar numa
maravilhosa aventura.
GAVB
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