Parece que a Inspeção-Geral da
Educação e Ciência (IGAE) abriu um processo de inquérito para apurar se houve
ou não irregularidades no processo de matrículas, numa Escola de Lisboa,
por sinal ou talvez não, daquelas onde quase todos gostam de ter os filhos.
Pais que dão moradas falsas
nas secretarias das escolas para assim conseguirem inscrever os filhos na
escola que mais lhes convém é um expediente tão velho, tão usado, tão consentido,
que a novidade é o ME mandar a IGAE abrir um processo de inquérito.
Prestar falsas declarações
quando se matricula um filho é proibido. Mas pode-se fazer, porque nunca
aconteceu nada! E desta vez também não vai acontecer. Nas Escolas como em
muitos outros serviços públicos instalou-se uma cultura de mentira, do faz de
conta que eu acredito na patranha que me estás a contar. As falsas moradas nas
escolas públicas e privadas, assim como os falsos encarregados de educação nos
colégios serviram quase sempre para contornar a lei e lesar o Estado.
Os pais deviam poder escolher
a escola dos filhos, independentemente da morada? Num sistema ideal, sim; mas
não havendo vaga para todos nas escolas mais requisitadas, parece-me justo que
sejam critérios de mérito ou de morada real das famílias a ditar a seriação. E, em tese, até me inclino mais para o critério do mérito do aluno. Uma escola tem
bons professores, um bom projeto educativo e muitos pais querem lá os seus
filhos? Ótimo, mas convém que sejam os alunos a merecer lá entrar e não o
estatuto social dos paizinhos, o seu poder de influência ou o seu poderio
económico a ditar as regras. Pior ainda se os alunos acedem a uma escola tendo
por base falsas declarações deliberadas.
A Escola portuguesa deve ser
intransigente com a mentira. Rejeitá-la em absoluto e essa deve ser um dos
primeiros valores que um aluno aprende. Pode começar logo no ato da matrícula.
P.S. Como é que anda aquele
inquérito acerca da alegada mais do que certa fuga de informação sobre o conteúdo
da prova de português de 12.º ano? Daqui por dois meses ainda vai aparecer
alguém a gabar-se, no Whatsapp, que entrou na Universidade graças ao acesso a
informação privilegiada. E pode não ser mentira.
GAVB
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