Etiquetas

sábado, 13 de agosto de 2016

NO INVERNO É PORQUE CHOVE, NO VERÃO É PORQUE FAZ SOL


Portugal não é um país de catástrofes naturais. Terramotos, tsunamis, tornados, meses a fio sem chover, inundações frequentes são fenómenos que não acontecem em Portugal. Apesar disso, não há um ano em os jornais e as televisões não noticiem uma qualquer catástrofe, que deu cabo de não sei quantos hectares de floresta ou desalojou centenas de pessoas. No inverno é porque chove, no verão é porque faz calor.
Não chove intensamente durante muito tempo, nem dura uma semana o calor africano, mesmo assim o país não resiste a uma calamidade sazonal.

É verdade que as calamidades acontecem, mas em Portugal surgem com muita facilidade.
A capacidade de resposta da protecção civil, dos bombeiros, das autoridades policiais é muitas vezes insuficiente. Deve soar muito mal ás centenas de famílias desalojadas ou aos agricultores que perderam campos e animais ouvir dizer que todos foram excepcionais no combate ao fogo ou às inundações mas não se conseguiu evitar a calamidade.
Das duas três: ou não são assim tão bons ou qualquer tempestade de água ou fogo nos derrota ou as circunstâncias que construímos nos deixam irremediavelmente nas mãos da sorte.

Há uns anos havia umas almas inocentes que tinham dúvidas sobre a origem criminosa dos fogos até que um fogo acendeu e reacendeu às quatro da madrugada ao pé da porta.
Há ainda muita gente que acha que na Madeira, o incêndio chegou ao centro do Funchal só por causa do vento como achou que há alguns anos houve inundações na baixa funchalense por causa de três horas de chuva furiosa. Não foi.
O ordenamento do território é tão mau que garante, à partida, 30% de taxa de sucesso, a qualquer incêndio. Depois os meios são escassos. Faça sol ou faça chuva, faltam bombeiros, autotanques, apoio de retaguarda. Adianta pouco que os bombeiros trabalhem até à exaustão se não têm quem os renda. O fogo nem precisa de ser intenso para os vencer, precisa é de quem o ateie consecutivamente em vários sítios mais ou menos distantes entre si.

Agora muitos falam de prevenção! É bonito e cai bem, mas sabem quanto custa e como se faz? Não é pasar umas multas, estilo ASAE, a quem não limpa as matas que a prevenção se faz. Custa dinheiro, muito dinheiro; exige tempo, algum tempo; e paciência para aceitar algumas derrotas durante alguns anos.
Nós próximos anos podemos almejar "perder melhor" e isso já será uma vitória.
Gabriel Vilas Boas 

Sem comentários:

Enviar um comentário