No domingo passado escapei, por pouco, a uma situação
angustiante, potencialmente perigosa, e que me deixou muito revoltado.
Pouco depois do almoço, seguia descontraidamente para
Aveiro, quando uma simples aviso nos painéis de informação da A29 me deixou sobressaltado: devia sair, na última saída antes da A25, pois a autoestrada
estava cortada devido a incêndio.
Quando cheguei à saída indicada, encontrei uns
pinos na autoestrada a indicar o desvio, mas nenhum agente policial a impedir o
meu avanço nem qualquer viatura da concessionária da autoestrada. Estranhei,
mas lá segui pela N109 até Aveiro, onde passei a tarde e à noite estive assistir à Supertaça de Futebol.
Entretanto, através de alguns amigos que chegaram muito
para além do previsto a Aveiro, fui-me apercebendo que centenas de pessoas
ficaram presas na A1 (sobretudo) e na A29 (muito menos), cercadas pelo perigo das chamas,
pelo calor insuportável – mais de 40 graus - sem nenhuma ajuda da Brisa, entre o
pânico e o sufoco.
Em conversa com alguns amigos, vários falaram-me de um
casal que distribuía garrafões e garrafas de água pelos automobilistas e
passageiros à beira do colapso físico na principal autoestrada do país. Todos louvaram e
engrandeceram atitude humanitária daquele casal, mas também comentávamos o
perigo em que aquelas pessoas estiveram durante mais de 300 minutos.
Não apenas
o perigo da desidratação, mas também a exposição à ameaça do incêndio. Como é
que as autoridades policiais não criar uma válvula temporal de segurança de
maneira a tirar aquelas centenas de carros do troço que queriam cortar? Se o
fogo saísse fora de controlo dos bombeiros, como fugiriam aquelas centenas de
pessoas exaustas, sem grandes pontos de fuga e com autênticas bombas relógio
entre mãos?
No meu entender, a Brisa e a Brigada de Trânsito não
falharam apenas na falta de auxílio humanitário às pessoas expostas ao calor
infernal, mas também em terem exposto toda aquela gente ao perigo, porque do
pânico não se livraram elas.
Sobre o casal que passou a toda a tarde de domingo a levar
água, calma e esperança àquele inferno que se instalou na A1, há muita gente
que jamais esquecerá o gesto tão tocante e sublime ele foi.
Gabriel Vilas Boas
É verdade! Foi, para além de uma enorme falta de respeito, um colocar centenas de pessoas em risco potencial.
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