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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

IM(P)UNIDADE DIPLOMÁTICA


Só ao final de cinco dias o governo iraquiano decidiu reagir aos bárbaros acontecimentos da passada semana em Ponte de Sôr, onde um jovem português, de quinze anos, foi agredido e atropelado pelos dois filhos gémeos do embaixador iraquiano em Lisboa.
Segundo a imprensa portuguesa (porque das autoridades policiais, judiciais e governamentais só tivemos umas míseras palavras de quem tem mais medo diplomático que coragem para defender a honra dos seus compatriotas), os dois iraquianos envolveram-se numa discussão com jovens portugueses, seguindo-se o espancamento e atropelamento do jovem Rúben, que desde há cinco dias luta pela vida, num hospital português, resultado das múltiplas fraturas causadas pela dupla iraquiana, que, confrontada pela polícia, usou a imunidade diplomática para “se pôr ao fresco”, já que por esta altura não se sabe do seu paradeiro.

Até hoje o governo diz que está “acompanhar” o caso, as autoridades judiciais abriram um inquérito para averiguar o sucedido (Não lhes bastava o auto policial e o rapaz no hospital com múltiplas fraturas, a lutar pela vida?!), enquanto da embaixada iraquiana não houve nem uma nota de lamento pelo sucedido ao jovem português, apesar da envolvência dos filhos do embaixador.
Não admira que com tantos paninhos quentes, tanta cobardia, tanta falta de coragem e carácter por parte das autoridades portuguesas, o governo iraquiano tenha acabado de emitir uma nota que é uma vergonha. 
Segundo o governo iraquiano, os filhos do seu embaixador em Lisboa foram “severamente espancados” por um gangue de seis pessoas em Ponte de Sôr, sendo que um delas partiu a cana do nariz a um dos filhos do embaixador.

O mais hilariante na nota governamental iraquiana é que os filhos do embaixador foram severamente espancados, mas ainda tiveram forças para voltar ao restaurante onde o incidente se deu e reatar a discussão com o “chefe do gangue”. Apesar de violentamente espancados, nenhum dos jovens iraquianos precisou de ir ao hospital, mas teve forças suficientes para espancar um rapaz de quinze anos e atropelá-lo, numa clara tentativa de homicídio.
Diz o governo iraquiano que os filhos do embaixador tinham carta e não usaram o seu carro privado como carro diplomático. Está visto que os iraquianos não sabem que em Portugal só uma pessoa com 18 anos pode ter carta de condução (os filhos do embaixador têm dezassete) e provavelmente desconhecem que se um normal cidadão português atropelasse outro e o deixasse entre a vida e a morte como o Rúben foi abandonado no meio da estrada, não tinham ido para casa invocando a imunidade diplomática.

Está à vista de todos que estes iraquianos não vão assumir culpa nenhuma nem vão levantar a imunidade aos filhos do embaixador, que provavelmente a esta hora já estarão fora de Portugal. 
Na nota à imprensa acabada de publicar, o governo iraquiano nem tem uma palavra para com o jovem alentejano que tenta sobreviver a todo o custo.
A esta altura o governo português reza a todos os santinhos para que o Rúben se salve, porque se tal não acontecer as repercussões na opinião pública serão fortíssimas. De contrário,  não estou a ver coragem aos nossos governantes para tomarem a única atitude possível: ou os rapazes se apresentam às autoridades portuguesas para responder pelo crime cometido ou os pais acompanham os filhos e todo o corpo diplomático até Bagdad definitivamente.

Gabriel Vilas Boas

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