Só ao final de cinco dias o governo iraquiano decidiu
reagir aos bárbaros acontecimentos da passada semana em Ponte de Sôr, onde um
jovem português, de quinze anos, foi agredido e atropelado pelos
dois filhos gémeos do embaixador iraquiano em Lisboa.
Segundo a imprensa portuguesa (porque das autoridades
policiais, judiciais e governamentais só tivemos umas míseras palavras de quem
tem mais medo diplomático que coragem para defender a honra dos seus
compatriotas), os dois iraquianos envolveram-se numa discussão com jovens portugueses, seguindo-se o espancamento e atropelamento do jovem Rúben, que desde há cinco dias luta pela
vida, num hospital português, resultado das múltiplas fraturas causadas pela
dupla iraquiana, que, confrontada pela polícia, usou a imunidade diplomática para
“se pôr ao fresco”, já que por esta altura não se sabe do seu paradeiro.
Até hoje o governo diz que está “acompanhar” o caso, as
autoridades judiciais abriram um inquérito para averiguar o sucedido (Não lhes bastava o auto policial e o rapaz no hospital com múltiplas fraturas, a lutar
pela vida?!), enquanto da embaixada iraquiana não houve nem uma nota de lamento
pelo sucedido ao jovem português, apesar da envolvência dos filhos do embaixador.
Não admira que com tantos paninhos quentes, tanta cobardia,
tanta falta de coragem e carácter por parte das autoridades portuguesas, o
governo iraquiano tenha acabado de emitir uma nota que é uma vergonha.
Segundo
o governo iraquiano, os filhos do seu embaixador em Lisboa foram “severamente
espancados” por um gangue de seis pessoas em Ponte de Sôr, sendo que um delas partiu
a cana do nariz a um dos filhos do embaixador.
O mais hilariante na nota governamental iraquiana é que os
filhos do embaixador foram severamente espancados, mas ainda tiveram forças
para voltar ao restaurante onde o incidente se deu e reatar a discussão com o “chefe
do gangue”. Apesar de violentamente espancados, nenhum dos jovens iraquianos
precisou de ir ao hospital, mas teve forças suficientes para espancar um rapaz
de quinze anos e atropelá-lo, numa clara tentativa de homicídio.
Diz o governo iraquiano que os filhos do embaixador tinham
carta e não usaram o seu carro privado como carro diplomático. Está visto que
os iraquianos não sabem que em Portugal só uma pessoa com 18 anos pode ter carta
de condução (os filhos do embaixador têm dezassete) e provavelmente desconhecem que se um normal cidadão português
atropelasse outro e o deixasse entre a vida e a morte como o Rúben foi
abandonado no meio da estrada, não tinham ido para casa invocando a imunidade
diplomática.
Está à vista de todos que estes iraquianos não vão assumir culpa
nenhuma nem vão levantar a imunidade aos filhos do embaixador, que
provavelmente a esta hora já estarão fora de Portugal.
Na nota à imprensa acabada de publicar, o governo iraquiano nem tem uma palavra para com o jovem
alentejano que tenta sobreviver a todo o custo.
A esta altura o governo português reza a todos os santinhos para que o Rúben se salve, porque se tal não acontecer as repercussões na opinião
pública serão fortíssimas. De contrário, não estou a ver coragem aos nossos governantes para tomarem a única
atitude possível: ou os rapazes se apresentam às autoridades portuguesas para responder
pelo crime cometido ou os pais acompanham os filhos e todo o corpo diplomático até Bagdad definitivamente.
Gabriel Vilas Boas
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