«EU VIM PARA FICAR»
Há muito tempo que Tema Monteiro está no coração e no
orgulho dos portugueses. Tem uma carreira linda, recheada de medalhas de ouro,
prata e bronze, obtidas em Campeonatos da Europa e do Mundo, e uma força de
viver que transparece em cada combate.
Tal como Ronaldo, Telma não é um epifenómeno. Mais de uma
década ao mais alto nível: umas vezes vencendo, outras subindo ao pódio, outras
ainda perdendo claramente, mas nunca desistindo dos seus propósitos.
Quem acompanha minimamente a carreira de Telma Monteiro
sabia como a judoca se sentia “incompleta” por não ter alcançado nenhuma
medalha nas três olimpíadas em que participou. Ontem, finalmente, conseguiu pôr
ao peito um bronze olímpico que lhe fica a matar.
Comemorou-o como se tivesse
sido campeã europeia ou mundial, o que revela bem o valor que ela dá aos
Jogos Olímpicos. Para muitos atletas, as Olimpíadas ainda são a competição mais
importante em que podem competir e ainda bem que assim é.
Os Jogos Olímpicos
têm uma dimensão pessoal, social e desportiva que mais nenhuma competição
alcança, por mais mediática ou exigente que seja. Obter um pódio olímpico é
mais que vencer, é triunfar, é obter a glória que aproxima da imortalidade.
Telma é um exemplo de talento, esforço, dedicação,
positivismo. Com as devidas distâncias, que o mediatismo do futebol face ao do
judo impõe, comparo-a muito a Cristiano Ronaldo. Os dois são um belo exemplo
dos desportistas portugueses atuais: talentosos, lutadores, confiantes,
consistentes, ambiciosos. Não descansam sobre os louros nem se deixam abater no
inêxito.
O desporto de alta competição é feito de vitórias e de
derrotas, não de triunfalismos bacocos nem de fatalismos irracionais. Com Telma
e Ronaldo deixámos de ganhar “quando o rei faz anos” e começamos a vencer como
os campeões: frequentemente.
Gabriel Vilas Boas
Sem comentários:
Enviar um comentário