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quarta-feira, 17 de agosto de 2016

O PRECONCEITO QUE HÁ EM NÓS

Einstein dizia que era mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito. E quem é vítima de um qualquer preconceito entende perfeitamente este lamento do célebre cientista.
O preconceito é uma espécie de vírus cultural que nasce connosco, fruto do caldo civilizacional em que somos gerados. Ou tratamos de o combater com inteligência ou ele consome-nos a alma em lume brando.
Muitos de nós jamais admitirão qualquer atitude preconceituosa. A sua definição de preconceito é, no entanto, muito curta e não vai além da cor de pele. O problema do preconceito é ser uma doença insidiosa que se instala no nosso disco rígido e muda as configurações com que vemos e avaliamos os outros.
Ele revela-se quando falamos do sotaque do aldeão, quando menosprezamos a ideologia política daqueles que defendem outra visão da sociedade, no modo como ridicularizamos a preferência clubísticas daqueles que se desabituaram de ganhar, no desprezo com que nos referimos a alguém menos letrado ou no riso escarninho com que comentamos o modo de vestir da outra… Os exemplos são variados e abundantes.

Por que somos tão preconceituosos? A principal razão é a ignorância. A nossa pretensa superioridade moral, ética ou cultural resulta da soberba falta de conhecimento das razões que levam os outros a ser diferentes. A isto acresce a arrogância de pensar que somos melhores, só porque somos maioritários ou mais endinheirados ou mais cultos. Toda a maioria como toda a riqueza ou sabedoria é relativa. Verificamos isso quando viajamos, quando as circunstâncias nos colocam “do outro lado” ou então nos apaixonamos por alguém que personifica tudo aquilo criticámos ou ridicularizámos.
O preconceito é um modo cruel de magoarmos o outro. Quando o fazemos reiterada e conscientemente transforma-se em maldade.
Nunca é tarde para abrimos mão dos nossos preconceitos. Observar aquele que é diferente apenas como alguém que é diferente e deixá-lo Ser, à sua maneira, sem o constranger, sem o humilhar.
Assumir a nossa verdade; agir de acordo com os valores da vida, isto é, respeitando a diferença. Não porque é bonito ou nos traz vantagem moral, mas apenas porque a dignidade dos outros é tão importante como a nossa.

Gabriel Vilas Boas

3 comentários:

  1. Muito bom o texto! Infelizmente há muito preconceito mesmo na era da informação, onde,supostamente, deveríamos ser mais informados!
    Vou espalhar através do blog, tem de chegar ao maior número de pessoas,.nem.que seja para fazer refletir

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  2. Muito bom! Lamentavelmente os professores conseguem fazer isso muito bem. Que péssimo exemplo dão aos seus alunos.Tenho sentido isto na pele. Recorri ao psiquiatra para tentar descobrir os motivos.

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  3. Só corrijo: "preconceito no modo como ridicularizamos uma diferente preferência clubística", se não dá ideia que só está a falar da situação do teu clube... eh eh eh!

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