Quando comecei a deparar-me com esta realidade, a minha
reação inicial foi muito negativa. Com que direito um hotel proíbe o acesso a
crianças? Que fizeram elas de mal? Apesar de achar a medida a todos os títulos
lamentável, discriminatória e atentatória dos mais básicos direitos de qualquer
cidadão, procurei perceber as razões de quem impunha essa medida.
Em primeiro lugar, fiquei a saber que esta interdição a
menores, por parte de determinadas unidades hoteleiras (muitas delas de topo),
era uma “imposição do mercado”, ou seja da clientela, e não uma maldade dos
seus proprietários. Seriam então, esses clientes anti crianças? Por que
manifestavam o seu desagrado com os petizes nos hotéis que frequentavam? A
razão mais invocada é a confusão causada pela pequenada pelos corredores do
hotel, na sala de jantar, na piscina, no bar e outros espaços comuns.
Claro que há crianças e crianças e tendemos a achar que as
nossas são uns amores e as do vizinho da mesa ao lado uns autênticos
terroristas, capazes de brincar ao esconde/esconde debaixo de nossa mesa de
jantar ou de usarem a piscina para um lamentável concurso de quem dá o chapo
mais estridente da tarde. Muitos pais são incapazes de corrigir os seus filhos
ou de os repreender, quando é evidente quanto incomodam os restantes clientes.
Há ainda que ter em conta que a presença de criança inibe
(ou devia inibir) alguns comportamentos sociais por parte de determinados
clientes, que ficam desagradados com a presença pouco discreta da pequenada.
Como referi anteriormente, há crianças e crianças. Muitas delas são de
uma educação e discrição exemplares. Além disso, estão perfeitamente familiarizadas
com as regras de convivência em unidades hoteleiras, de modo que a sua presença
não causa qualquer incómodo ou constrangimento. Proibi-las é uma medida
desnecessária e uma péssima publicidade para o futuro, porque daí a alguns anos
serão elas a escolher o hotel onde ficar e não escolherão, por certo, aquele
que os excluiu.
Embora entenda a política de determinados hotéis, continuo
a achar negativa a política da «proibição». O melhor seria um conceito algo
diferente – Recomendado / Não recomendado. Quando os pais procuram um determinado
hotel para a sua família deviam ser informados antecipadamente que o hotel era “recomendado”
ou “não recomendado” para crianças e tirar daí as respetivas ilações. Não é bom
forçar a estadia num local que supostamente não é recomendado para nós, mas é ainda
muito pior ver-se excluído por ser criança, até porque a função principal de um
hotel ainda é garantir dormida, ou seja, algo que se faz de modo privado.
Gabriel Vilas Boas
Quem tem esta opinião nunca entrou numa escola, quer em sala de aula quer no intervalo... Logo veria o que é "descanso". Também basta ir a uma esplanada, um supermercado... Se eu quero sossego e pago para isso, acho bem que tenha a possibilidade de escolher um lugar que me permita ter esse mesmo sossego. É que, muitas vezes, não estive à beira da piscina o dia todo - fui em trabalho ou participei nos trabalhos de uma conferência. Uma notícia de hoje falava num restaurante na Alemanha que não aceita crianças abaixo dos 14 a partir das cinco da tarde mas aceita a presença de cães. Isto diz bem da qualidade das criancinhas...
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