“-Tiago, subimos na vida. Tu chegaste a ministro e eu
ganhei uma medalha nos Jogos Olímpicos!” – Telma Monteiro
A familiaridade descomplexada com que Telma Monteiro se
dirigiu ao ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, deixa transparecer a cumplicidade
que existe entre estes dois jovens /adultos talentosos, que atingiram patamares
elevados na vida social e profissional, graças ao talento, dedicação e esforço.
Seguiram a via indicada, acreditando nas suas
potencialidades, investindo na sua formação e mostrando talento, atingiram o
topo ainda jovens.
Foi este o percurso e o futuro que a geração que fez o 25
de abril sonhou para os seus filhos. Também por isso o paradigma educacional
mudou nas últimas quatro décadas: um brutal investimento em Educação fez com
que centenas de milhares de portugueses obtivessem licenciaturas, mestrados e
doutoramentos.
Os pais achavam imprescindível que o filho tivesse uma
licenciatura para obter um bom emprego, para “subir na vida”, triunfar.
A partir de certa altura, começaram a perceber que, mesmo
licenciado, o filho não se empregava enquanto o dos vizinhos, que não tinha
estudos, mas foi para eletricista, ficou relativamente bem na vida.
Daqui retiro algumas lições.
“Subir na vida” não é apenas ganhar mais dinheiro e ter uma
excelente conta bancária. Essa é uma visão redutora, minimalista e até algo
tacanha. “Subir na vida” é elevar o nosso nível económico, social, pessoal e
cultural. Provavelmente, Telma Monteiro e Tiago Rodrigues ganham hoje o mesmo
que há um ano, mas sentem que “subiram na vida”, porque as suas vidas
melhoraram noutras dimensões.
Quem investe nas
suas qualificações sobe sempre na vida, ainda que a conta bancária possa
demorar uns anos a engordar. Quem investe corretamente na melhoria das suas
qualidades rapidamente percebe que o dinheiro é apenas mais uma componente da
sua realização e, por vezes, não a mais importante.
Outra lição que retiro é o fraco aproveitamento que fazemos das pessoas que formamos. Alemães, franceses, ingleses vêm cá "roubar" os nossos enfermeiros, informáticos, gestores e médicos, porque a muitos deles não conseguimos sequer propor emprego ou quando o fazemos a nossa proposta não atinge 40% da oferta salarial que recebem do estrangeiro.
Não podemos pagar dois/três mil euros líquidos a um jovem licenciado? Talvez seja verdade, mas podemos certamente empregá-lo e desafiá-lo a fazer crescer a empresa de maneira a que o seu salário possa crescer gradualmente e outros jovens qualificados possam ser contratados.
A terceira lição é sobre a mentalidade. A satisfação
pessoal e profissional não deve estar apenas ligada ao salário. Prazer em
trabalhar junto da família, garantia de progresso e qualidade de vida, perspetivas
de uma melhoria salarial também ajudam a “subir na vida” sem ser preciso entrar
num avião.
Gabriel Vilas Boas
100& de acordo!
ResponderEliminar~CC~