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quinta-feira, 11 de agosto de 2016

SUBIR NA VIDA



















“-Tiago, subimos na vida. Tu chegaste a ministro e eu ganhei uma medalha nos Jogos Olímpicos!”Telma Monteiro

A familiaridade descomplexada com que Telma Monteiro se dirigiu ao ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, deixa transparecer a cumplicidade que existe entre estes dois jovens /adultos talentosos, que atingiram patamares elevados na vida social e profissional, graças ao talento, dedicação e esforço.
Seguiram a via indicada, acreditando nas suas potencialidades, investindo na sua formação e mostrando talento, atingiram o topo ainda jovens.
Foi este o percurso e o futuro que a geração que fez o 25 de abril sonhou para os seus filhos. Também por isso o paradigma educacional mudou nas últimas quatro décadas: um brutal investimento em Educação fez com que centenas de milhares de portugueses obtivessem licenciaturas, mestrados e doutoramentos. 

Os pais achavam imprescindível que o filho tivesse uma licenciatura para obter um bom emprego, para “subir na vida”, triunfar.
A partir de certa altura, começaram a perceber que, mesmo licenciado, o filho não se empregava enquanto o dos vizinhos, que não tinha estudos, mas foi para eletricista, ficou relativamente bem na vida.



Daqui retiro algumas lições.
“Subir na vida” não é apenas ganhar mais dinheiro e ter uma excelente conta bancária. Essa é uma visão redutora, minimalista e até algo tacanha. “Subir na vida” é elevar o nosso nível económico, social, pessoal e cultural. Provavelmente, Telma Monteiro e Tiago Rodrigues ganham hoje o mesmo que há um ano, mas sentem que “subiram na vida”, porque as suas vidas melhoraram noutras dimensões.
 Quem investe nas suas qualificações sobe sempre na vida, ainda que a conta bancária possa demorar uns anos a engordar. Quem investe corretamente na melhoria das suas qualidades rapidamente percebe que o dinheiro é apenas mais uma componente da sua realização e, por vezes, não a mais importante.

Outra lição que retiro é o fraco aproveitamento que fazemos das pessoas que formamos. Alemães, franceses, ingleses vêm cá "roubar" os nossos enfermeiros, informáticos, gestores e médicos, porque a muitos deles não conseguimos sequer propor emprego ou quando o fazemos a nossa proposta não atinge 40% da oferta salarial que recebem do estrangeiro. 
Não podemos pagar dois/três mil euros líquidos a um jovem licenciado? Talvez seja verdade, mas podemos certamente empregá-lo e desafiá-lo a fazer crescer a empresa de maneira a que o seu salário possa crescer gradualmente e outros jovens qualificados possam ser contratados.

A terceira lição é sobre a mentalidade. A satisfação pessoal e profissional não deve estar apenas ligada ao salário. Prazer em trabalhar junto da família, garantia de progresso e qualidade de vida, perspetivas de uma melhoria salarial também ajudam a “subir na vida” sem ser preciso entrar num avião.

Gabriel Vilas Boas

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