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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

RIO 2016 - Citius, Altius, Fortius


Daqui a pouco, ao som da lindíssima «Garota de Ipanema» de Tom Jobim, ficam oficialmente abertos os Jogos Olímpicos do Rio -2016. Pela primeira vez na história do olimpismo, um país de língua portuguesa organiza o maior evento desportivo do planeta. Essa honra cabe ao Brasil.
Apesar do trauma desportivo do Mundial de 2014, da crise económica que o país atravessa, da corrupção politica que derrubou Dima e Lula, hoje, o Brasil tem que maquilhar a tristeza e sorrir para o mundo. “Deixar a tristeza pra lá”, ainda que a vida não vá melhorar, pois há três semanas de festa em que os brasileiros têm de mostrar de que alma são feitos.


Claro que as perspetivas não são as melhores. Em termos organizativos, o caos é enorme e a possibilidade de descalabro está ao virar da esquina. Se pensarmos no impacto económico dos Jogos, os brasileiros apenas esperam que não seja negativo, quando o balanço se fizer.


Nos últimos tempos, tudo parece correr mal ao Rio 2016: a classe política chafurda na espessa lama da corrupção e envergonha o país; o vírus Zika põe a proverbial fogacidade brasileira em sentido; a criminalidade afia os dentes; os atrasos e falhanços organizativos não param de ser notícia; o povo anda triste e deprimido… mas os Jogos são uma oportunidade única e irrepetível. Mais do que as medalhas que o orgulho brasileiro possa conseguir, mais do que uma organização exemplar que os brasileiros nunca conseguiriam, a única maneira de tornar os Jogos do Rio grandes e maravilhosos (como a cidade) é os brasileiros envolverem-se neles. Assistirem às diversas modalidades, lotarem os eventos, prestigiarem o espírito olímpico com o seu entusiasmo e a sua alegria de viver que tanto cativa quem os visita.


Os brasileiros, que nasceram com um sorriso no rosto e alegria na alma, têm uma oportunidade única de se mostrar ao mundo, colorindo as bancadas, fazendo a festa, glorificando os vencedores, honrando os vencidos. Quando os Jogos passam o que fica é atmosfera que se criou durante três semanas. Londres foi uma desilusão pela envolvente comercial; o Rio pode ser um descalabro organizativo ou um carnaval inesquecível. Cabe aos brasileiros escolher.

P.S. Na cerimónia de abertura estará uma comitiva de dez elementos, que participam nestes Jogos debaixo da bandeira Olímpica. São Refugiados. Dois nadadores sírios, dois judocas congoleses, um corredor etíope e cinco sudaneses participam nestes jogos sob a bandeira do COI (Comité Olímpico Internacional). Todos eles tiveram de deixaram os seus países devido a perseguições e à guerra. Além dos portugueses, são aqueles por quem torcerei.

Gabriel Vilas Boas   

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