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sexta-feira, 18 de maio de 2018

FOI CHATO, MAS O CRIME FAZ PARTE DO DIA-A-DIA



A frase é do inenarrável Bruno de Carvalho e só não sofreu a indignação geral, porque do ainda presidente do Sporting toda a indignidade e mediocridade é, infelizmente, expectável. No entanto, aquilo que Bruno de Carvalho teve a coragem de dizer foi aquilo que muitos tiveram a indecência, a canalhice de fazer, durante anos, ao povo português.
Vejamos então…


É «chato», é criminoso que os portugueses em geral, e os funcionários públicos em particular, tivessem de pagar com os seus salários, impostos e empregos a corrupção e os roubos nos BPN, BES, CGD, na EDP, na PT, mas o crime faz parte do dia-a-dia da política portuguesa, desde que vivemos em democracia.

É «chato», criminoso até que o governo tenha congelado as progressões na função pública e além disso se recuse a recolocar os seus trabalhadores no escalão remuneratório devido, invocando a falta de recursos financeiros, quando todas as semanas descobrimos que esta gente nos desfalcou durante os últimos vinte anos em negócios ruinosos, corruptos, criminosos. É chato, mas temos de aceitar que a o crime faz parte do dia-a-dia.

É «chato», criminoso igualmente que tantos hooligans do desporto ou do comentário desportivo, político ou económico se passeiem impunemente pelas televisões, jornais e rádios, insultando a nossa inteligência e dignidade enquanto sociedade, mas temos de aceitar que o crime faz parte do dia-a-dia.

Temos de aceitar a impotência do governo perante os incêndios e os criminosos que os ateiam; temos de aceitar que Salgado continue em casa e um jornalista tenha de lhe fazer todas as vénias entes de lhe fazer uma pergunta pouco incómoda; temos de aceitar a boçalidade de muitos programas de televisão; temos de aceitar uma carga fiscal brutal apesar de já não termos troika nem austeridade; temos de aceitar que… e nós aceitamos.

Na verdade, Bruno de Carvalho é só uma caricatura rasca do que andamos a aceitar há muitos anos. Felizmente para todos os outros, houve um maluco que resolveu vestir a pele de bode expiatório.  Quando daqui a uns dias ele for demitido ou se demitir, haverá um suspiro entre os tontos da nação e um riso pérfido entre os nossos carcereiros. 

Nenhum de nós vai rescindir este contrato de servo de gleba; aliás, renovaremos esta aceitação do crime por mais dez anos, porque, embora, «chato», o crime faz parte do dia-a-dia.
GAVB

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