Aproveitando as comemorações do
Dia do Trabalhador, Rui Rio criticou (e bem) o Governo por se negar a aumentar os
funcionários públicos (segundo as contas de um homem de contas, só serão
precisos 300 milhões de euros), depois de ter sido muito generoso na ajuda aos
bancos privados e públicos.
«[O dinheiro injetado no Novo
Banco] é 25 vezes mais do que aquilo que custaria a reposição do poder de
compra», dixit Rui Rio.
Por momentos, pensei que fosse Jerónimo de Sousa, mas não.
E ainda bem que foi Rui Rio, porque o seu poder político é superior, além de
que os seus votos aliados aos da esquerda também dão maioria. Por isso devemos
contar com aumentos salariais, pela certa. Ou talvez não…
Rio acrescentou ainda: «não quer
dizer que se deve desequilibrar o Orçamento, fazer loucuras, ou eleitoralismo…».
Por outras palavras: um aumento em forma de migalhas, para Rio capitalizar à
direita, com uma bandeira clássica do PCP, colocando areia na engrenagem da
geringonça. Para quem não gosta de jogo político não esta nada mal.
Voltando ao essencial do discurso
de Rui Rio: a favor do aumentozinho para os funcionários públicos e contra a
brutal ajuda que se deu aos bancos. Fica o registo, para memória futura, até
porque, dizem, é um homem de palavra e de contas e por isso não vai falhar
nesses capítulos.
Do que não gostei foi do silêncio
sobre uma questão de fundo: o “roubo” (não há outro termo) do tempo de serviço
aos funcionários públicos, e em particular aos professores, para a progressão nas
respetivas carreiras.
O silêncio cúmplice quanto a esta
matéria mostra um taticismo igual ao de António Costa.
A conta que faltou a Rui
Rio enunciar é simples: quanto custou e custará o Novo Banco, o Banif e o BPN
aos portugueses? E quanto custaria recolocar os funcionários públicos no
escalão remuneratório a que teriam direito?
Os bancos já são dos
estrangeiros, mas os funcionários públicos continuam a servir o país. Deve ser
esse o erro: servimos o país, não nos servimos dele.
GAVB
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