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terça-feira, 1 de maio de 2018

RUI RIO, OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS ANTES DE SABEREM QUEM DEVE, QUEREM AQUILO QUE LHES DEVEM



Aproveitando as comemorações do Dia do Trabalhador, Rui Rio criticou (e bem) o Governo por se negar a aumentar os funcionários públicos (segundo as contas de um homem de contas, só serão precisos 300 milhões de euros), depois de ter sido muito generoso na ajuda aos bancos privados e públicos.

«[O dinheiro injetado no Novo Banco] é 25 vezes mais do que aquilo que custaria a reposição do poder de compra», dixit Rui Rio. 
Por momentos, pensei que fosse Jerónimo de Sousa, mas não. E ainda bem que foi Rui Rio, porque o seu poder político é superior, além de que os seus votos aliados aos da esquerda também dão maioria. Por isso devemos contar com aumentos salariais, pela certa. Ou talvez não…

Rio acrescentou ainda: «não quer dizer que se deve desequilibrar o Orçamento, fazer loucuras, ou eleitoralismo…».
 Por outras palavras: um aumento em forma de migalhas, para Rio capitalizar à direita, com uma bandeira clássica do PCP, colocando areia na engrenagem da geringonça. Para quem não gosta de jogo político não esta nada mal.

Voltando ao essencial do discurso de Rui Rio: a favor do aumentozinho para os funcionários públicos e contra a brutal ajuda que se deu aos bancos. Fica o registo, para memória futura, até porque, dizem, é um homem de palavra e de contas e por isso não vai falhar nesses capítulos.


Do que não gostei foi do silêncio sobre uma questão de fundo: o “roubo” (não há outro termo) do tempo de serviço aos funcionários públicos, e em particular aos professores, para a progressão nas respetivas carreiras.
O silêncio cúmplice quanto a esta matéria mostra um taticismo igual ao de António Costa. 
A conta que faltou a Rui Rio enunciar é simples: quanto custou e custará o Novo Banco, o Banif e o BPN aos portugueses? E quanto custaria recolocar os funcionários públicos no escalão remuneratório a que teriam direito?
Os bancos já são dos estrangeiros, mas os funcionários públicos continuam a servir o país. Deve ser esse o erro: servimos o país, não nos servimos dele.
GAVB

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