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domingo, 20 de maio de 2018

OS PROFESSORES PERDERAM PESO POLÍTICO E IMPORTÂNCIA MEDIÁTICA





Alguns professores ficaram muito admirados pelo facto da comunicação social falada e escrita ter dado pouquíssima relevância à sua manifestação de protesto, de ontem, no centro de Lisboa. Foram cinquenta mil pessoas e ficaram reduzidos a dois minutos, no meio de um qualquer noticiário, como uma notícia banal entre a crise psiquiátrica do Sporting, o casamento de um príncipe inglês ou o rali de Portugal.

Há muitos que os professores tinham deixado de ser respeitados pelo poder político (ontem, só apareceu o comunista Jerónimo de Sousa, o que não deixa de ser elucidativo, e dos restantes partidos nem um referência) e agora são desprezado pelos media.
Percebo perfeitamente o desalento de quem fez uma viagem de 800 quilómetros e teve de gastar oito horas do seu fim-de-semana em viagens, para ouvir o discurso dos líderes sindicais, engrossar as fileiras dos manifestantes e perceber pouco depois o desprezo a que votam a sua luta, os seus direitos, as suas reivindicações.

Há uma clara sensação de impotência na luta dos professores (como de outras classes profissionais), porque as lógicas mediáticas destroem qualquer tentativa de pressão política. A comunicação social gosta de dizer que afronta o poder, que dá voz a quem não a tem, mas a verdade é que a maneira vampírica com que consome acontecimentos, lutas, denúncias acaba por fazer o jogo daqueles que acusa.
O mundo está em mudança. As velhas fórmulas de lutas sindicais, de pressão mediática ou de denúncia de crimes estão ultrapassadas, mas os problemas não.

         Os professores não devem desanimar, mas «apenas» reinventar outra forma de reivindicar, de fazer passar a mensagem, de conseguir os seus objetivos. Nos últimos tempos, vejo com agrado os professores a procurarem outras formas de luta. Foi assim a ILC (Iniciativa Legislativa de Cidadãos), com a luta dos professores contratados, com o concurso extraordinário de professores, já neste ano letivo. Procurando no sistema, maneiras de apanhar o rato na sua própria ratoeira.
       
  Provavelmente não teremos todo o sucesso pretendido, mas alguma coisa havemos de conseguir. O que precisamos é de não perder a coerência, nem a dignidade.
Nota: na manifestação de professores de ontem, vimos muita gente da velha guarda, de fora de Lisboa, a lutar pelos direitos de professores que parecem já ter desistido. É uma lição, mas impõe também uma reflexão. 
Trazer os professores mais novos para a luta não obrigará a uma mudança de modus operandi? Não estará na altura de renovar os quadros dirigentes dos sindicatos de professores, dando lugar aos mais novos? Fica mal acusar os políticos e fazer o mesmo.
GAVB

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