Aproveitando “Dia Europeu da Vida Independente”, os
deficientes motores portugueses manifestaram-se em Lisboa. Reivindicavam o seu
direito a uma vida independente.
Explicavam aos jornalistas, que acompanhavam a marcha de protesto, a sua
tristeza por terem de lutar por direitos (humanos) que para o comum dos
cidadãos sã já adquiridos.
Percebo perfeitamente quais são as suas dificuldades e a
inércia legal e fiscalizadora do Estado, que acaba por os prejudicar imenso,
pois as barreiras arquitetónicas dos edifícios e das ruas ainda são um grande
problema.
Há ainda a questão mental. Se já é difícil encontrar emprego
em Portugal, nos últimos dez anos, para qualquer cidadão sem nenhuma
incapacidade, imagine-se para uma pessoa em cadeiras de rodas.
É possível minimizar muito as barreiras legais,
arquitetónicas e mentais que aprisionam os deficientes motores. Não acho que
seja um problema de dinheiro nem de leis. É mais de cumprimento de lei e de
mentalização social. A mentalidade não se muda por decreto e exige tempo. Esse
tempo deve ser aproveitado para introduzir os deficientes no mercado de
trabalho estatal. Escolas, hospitais, centros de saúde, repartições de
finanças. Em igual de circunstância, os deficientes motores deviam ser uma escolha prioritária.
A
melhor maneira de destruir tabus e preconceitos é vê-los a trabalhar, a fazer
igualmente bem as tarefas que uma pessoa sem deficiência executa. Nessa altura, qualquer cidadão perceberá que não há razão para o excluir da sua empresa,
do seu bar, da sua loja de informática. Será a sociedade a exigir que o governo
seja intransigente com quem não cumpre as regras de acesso a gente que circula
em cadeiras de rodas, porque se habituou a interagir com eles e não os pode
dispensar.
Não é um ideia utópica, mas demora tempo e exige persistência
e determinação. O primeiro passo cabe ao Estado, mas é também ele que tem de
dar o exemplo à sociedade e não o contrário.
GAVB
Sem comentários:
Enviar um comentário