No final do último congresso do
Partido Socialista, o líder do governo português e do PS anunciou que em breve
surgirá um programa com “condições únicas e extraordinárias” para repatriar os
jovens portugueses que há uns anos um primeiro-ministro português aconselhou a
desenrascarem-se lá fora.
Costa devia abster-se de tiradas
deste género, porque corre o risco de esgotar a paciência dos portugueses. Na
verdade, Costa nada tem a oferecer aos jovens portugueses que acabaram por
emigrar e, passado o difícil período de adaptação, começam a ver algum fruto
dos sacrifícios passados.
Que condições únicas e
extraordinárias tem António Costa para propor aos jovens portugueses que
emigraram?
A gasolina ao preço mais alto dos
últimos anos? O preço de um T2, em Lisboa e Porto, a 600 mil euros? As rendas
de casa a um preço nunca visto? A inexistência de aumentos salariais? O IVA a 23% há oito anos, apesar da troika já ter
saído há quatro anos? A ausência de progressão na carreira há uma década? O
aumento de casos de corrupção de altos dirigentes do Estado?
Realmente são condições únicas e
extraordinárias… para evitar o regresso a Portugal, onde um jovem licenciado
tem à sua espera um salário que raramente excede os 40% daquilo que lhe
oferecem em Londres, Paris, Berlim ou Bruxelas.
Na verdade, o que António Costa
devia ter dito é que os jovens emigrantes portugueses têm condições únicas e
extraordinárias que interessam ao governo português: amam o país, têm know how,
ideias inovadoras e até algumas economias para investir. O governo português
quer aproveitar-se da dinâmica do jovem português que emigrou e triunfou para
alavancar alguma da economia portuguesa e não perder de vez uma mão-de-obra tão
qualificada.
Vai tarde e vai às compras com um saco de caramelos. O mais certo
é ficar com eles e talvez lhe dê proveito, daqui a alguns meses, por
altura das eleições. Há sempre gente à espera do rebuçadinho eleitoral e faz
dele um manjar.
GAVB
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