Desde que o governo espanhol decidiu que os restos mortais do ditador Franco seriam transladados do Vale dos Caídos para outro local, à escolha dos seus descendentes não tem parado a luta de argumentos entre os partidários e os opositores do ex. ditador espanhol, acerca do acerto da medida.
A decisão tem causado grande polémica em toda a sociedade espanhola, que desde há muito reclamava sobre o direito do ditador estar sepultado num local onde não devia de estar.
Argumentavam os opositores de Francisco Franco que ele não era vítima da Guerra Civil espanhola, mas o seu principal fautor. A sua presença era, pois, uma afronta para os milhares de espanhóis que tombaram numa guerra fraticida e que deixou marcas ainda visíveis na sociedade espanhola. Contrapunham os defensores de Francisco Franco que o Vale dos Caídos fora mandado erigir por Franco e lá eram recordados todos os nacionalistas que tombaram na guerra civil espanhola, sendo Franco o seu incontestável líder.
Há meses, o governo decidiu tirar o que resta do ex. ditador do Vale dos Caídos, mas não lhe deu destino certo. A família queria-o colocar na catedral de Almudena, bem no coração de Madrid, mas o governo do socialista Pedro Sánchez negou-lhe os intentos argumentando com razões de ordem pública, risco de ameaça terrorista, colapso da zona circundante, limitação da liberdade religiosa. o facto é que o governo espanhol teme confrontos entre os partidários e os opositores de Franco, dentro da própria catedral de Almudena.
Um ditador não se venera, mas também não se atira para uma vala comum, pois ele representou, infelizmente, o poder e a vontade de muitos durante longo tempo.
Quer os espanhóis queiram quer não, ele foi o rosto de Espanha durante quase quarenta anos. Não se suicidou e quis deixar memória de si, do que fez e do seu tempo.
Houve muitos espanhóis que o apoiaram e que comungavam das suas ideias. Hoje são uma minoria, mas já foram (ainda que através de um silêncio cúmplice) maioria.
Na minha opinião, cada país deve saber aceitar a sua história, o seu passado, por muito que isso a embarace. Encontrar um lugar digno para Franco é um dever dos espanhóis que amam a liberdade, a paz e a pluralidade de opiniões. A Espanha precisa de enterrar definitivamente Franco, aceitando que o que ele foi como uma parte da sua História.
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